terça-feira, 17 de maio de 2011

Patrimônio e memória do Parque do Museu Goeldi

Trilha da memória conta a história das edificações e dos monumentos da mais antiga área de lazer da cidade

 Agência Museu Goeldi – Dentro da programação da 9ª Semana Nacional de Museus, o Museu Paraense Emílio Goeldi preparou uma exposição que volta ao passado e conta a história dos monumentos e das edificações encontradas no Parque Zoobotânico. Com 116 anos de existência, esse espaço de lazer e educação, encravado no coração da cidade de Belém, é o mais antigo do país e abriga um importante conjunto paisagístico, com edificações e monumentos dos séculos XIX e XX, e espécies da flora e fauna da região amazônica.
A exposição “Parque Zoobotânico: patrimônio e memória” é composta de painéis instalados junto a prédios e monumentos, onde constam fotografias antigas e textos sobre a história de cada um. O Parque Zoobotânico é tombado como Patrimônio Histórico pelo Iphan (Portaria no. 235, de 14 de julho de 1993) e pela Secretaria de Cultura do Pará.
Nove edificações e monumentos foram selecionados para compor a trilha da memória. A seleção se baseou na importância histórica e artística e também na preferência de que usufruem junto aos visitantes do Parque. Segundo o coordenador de Comunicação e Extensão do Museu Goeldi, Nelson Sanjad, “a mostra tem como finalidade valorizar tanto o patrimônio construído ao longo de cem anos no Parque Zoobotânico, espaço geralmente percebido apenas como zoológico, quanto as lembranças de todos nós, que visitamos esse mesmo espaço desde crianças e brincamos pelos canteiros e prédios como o Castelinho”.
A mostra integra o Programa de Revitalização do Parque Zoobotânico, que está recuperando os prédios históricos e os recintos dos animais com base em um novo Plano Diretor.
A exposição poderá ser vista a partir desta quarta-feira, dia 18, no Parque Zoobotânico, situado à Avenida Magalhães Barata, 376, em Belém.

Patrimônio numa trilha de memória – Confira a seguir os pontos do caminho que conta a história do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.

Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna (Rocinha)
Rocinhas eram vivendas rurais localizadas na cidade. Eram utilizadas como casa para temporadas de descanso. A Rocinha do Museu Goeldi foi construída em 1879, e pertenceu a Bento José da Silva Santos.
Em 1895 foi adquirida pelo Governo do Pará para a instalação do museu, e passou a abrigar uma exposição permanente, gabinetes e a biblioteca.
A preservação da arquitetura foi mantida, e hoje abriga exposições de longa duração.
Sua fachada foi adotada como logomarca da instituição, por ter grande valor arquitetônico, artístico e histórico. 

Castelinho
Inaugurado em 1901 como uma das principais atrações do Parque Zoobotânico, o conhecido ‘Castelinho’ era, na verdade, uma caixa d’água disfarçada. O próprio Emílio Goeldi concebeu a edificação, aproveitando a estrutura elevada para criar um mirante que permitisse a vista do parque e da rua. Sob o mirante e a caixa d’água, foi instalada uma gaiola para a exibição de corujas. A construção simula ruínas de um castelo, com catacumbas de teto abobadado. O conjunto incluía um lago com vitórias-régias, cuja forma imitava o Mar Negro, na Rússia. A visita ao local logo se tornou um hábito para muitos moradores de Belém, que ali permaneciam até a noite para testemunhar a abertura das mágicas flores da planta aquática. O lago desapareceu com o tempo, mas deverá ser reconstruído quando o espaço for restaurado, tal como no projeto original de Goeldi.

Herma de Spix e Martius
‘Hermas’ são esculturas de meio-busto apoiadas sobre colunas, geralmente de caráter comemorativo. As hermas do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi foram doadas pela Academia de Ciências da Baviera, na Alemanha, em memória dos naturalistas Johann Baptist von Spix (1781-1826) e Karl Friedrich von Martius (1794-1868), os quais viajaram pelo Brasil entre 1818 e 1820. O monumento foi criado pelo artista Karl Kiefer e inaugurado em 22 de junho de 1908, juntamente com o busto do fundador do museu, Domingos Soares Ferreira Penna, instalado no lado oposto da Rocinha. A correspondência entre os monumentos demarca, no espaço construído, os elos entre o passado e o presente, entre uma época em que estrangeiros dominavam o cenário científico e outra em que a nação brasileira despertava para a ciência. 

Busto de Domingos Soares Ferreira Penna
Esculpido pelo mexicano Rodolfo Bernardelli, o busto homenageia o fundador do Museu Paraense Emílio Goeldi, o mineiro Domingos Soares Ferreira Penna (1818-1888). Está assentado em um pedestal de granito, onde é possível ler as seguintes inscrições: “D. S. Ferreira Penna, 1818-1888, Iniciador da idéia do Museu Paraense”; “Geógrafo e Etnógrafo”; “Filho da terra mineira, conhecedor profundo da natureza amazônica, onde viveu e morreu”; “Mandado erigir pelo Governador Montenegro”. 
Recinto das onças pintadas
O recinto das onças foi construído em 1897. Sua estrutura original agregava, além das jaulas, duas torres em cada um dos lados, sendo uma para a exibição de macacos e outra para as araras. O recinto foi reformado várias vezes ao longo do tempo, perdendo suas características originais. Atualmente, é composto por três ambientes para onças pintadas e por espaços menores para o manejo dos animais. 
Espaço Ernst Lohse – Livraria
Esta casa foi construída em 1902 para abrigar o Laboratório Fotográfico do Museu Paraense Emílio Goeldi. O nome atual do prédio homenageia o fotógrafo, desenhista e litógrafo alemão Ernst Lohse (1873-1930), que trabalhou na instituição entre 1897 e 1911, e no final da década de 1920. Atualmente o espaço abriga a Livraria do Museu.

Pavilhão Emília Snethlage
O prédio foi construído para abrigar oficinas de marcenaria, litografia, herborização e de preparação de couros e peles para as coleções científicas. Reunia o maquinário e os demais recursos necessários para a fabricação de mobiliário, e para a impressão de estampas que ilustravam as publicações da instituição. Em 1986, o prédio foi restaurado e batizado de Pavilhão Emília Snethlage, em homenagem a uma das mais importantes ornitólogas do Brasil, pesquisadora do museu entre 1905 e 1921, e autora do primeiro grande levantamento de espécies de aves amazônicas. Atualmente, o prédio tem uso administrativo, abrigando a Diretoria do museu.  

Aquário Jacques Huber
É o mais antigo aquário público do Brasil. Inaugurado em 1911, possuía traços art nouveau, e exibia peixes amazônicos, incluindo o pirarucu. Na reforma realizada em 2008-2009, as torres laterais que o caracterizavam foram reconstituídas, em alusão ao antigo projeto arquitetônico. O prédio foi ampliado para a exibição de serpentes e quelônios e para a melhoria na área de manejo dos animais.

Biblioteca de Ciências Clara Maria Galvão
Com características ecléticas, o prédio já foi uma residência no final do século XIX, biblioteca científica, e mais tarde a Biblioteca de Ciências Clara Maria Galvão, dedicada ao atendimento de estudantes e professores do ensino fundamental e médio. Atualmente, o prédio abriga o Serviço de Educação da Coordenação de Museologia, incluindo a Biiblioteca e o Clube do Pesquisador Mirim. O nome do edifício homenageia a bibliotecária Clara Galvão, funcionária do museu e esposa do antropólogo Eduardo Galvão, pesquisador e ex-diretor da instituição.

Texto: Lissa de Alexandria
Edição: Lílian Bayma e Jimena Felipe Beltrão

Fonte: www.museu-goeldi.br 17/05/2011




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