A coleção foi adquirida pela universidade ainda em 1984, e traz documentos datados de 1880 aos dias atuais. “Todo esse material esteve muito bem guardado ao longo dos anos, mas era preciso organizá-lo para conhecê-lo mais profundamente e também para facilitar a consulta a todo esse registro histórico”, explica o maestro Jonas Arraes, coordenador do projeto, desenvolvido de 2007 a 2009, com subsídio do Governo Federal por meio da Petrobras e da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.
Uma equipe composta por mais de 20 profissionais, entre musicólogos, bibliotecários, fotógrafos e técnicos de diferentes áreas atuou nas diversas etapas de preservação e organização do acervo.
Agora disponível para consulta pública, um tesouro ao alcance das mãos: 1.064 partituras manuscritas higienizadas; 2.058 partituras editadas catalogadas; 396 partituras originais digitalizadas e convertidas em arquivos de áudio em formato MP3 e WAV; um levantamento biográfico que identificou 70 paraenses dentre os 562 compositores cujas obras compõem o acervo; e ainda 461 LPs, 117 vinis compactos, 175 vinis de 10 polegadas e 129 fitas de rolo magnético digitalizadas e gravadas em CDs.
“O acervo espelha o estilo de pesquisa do professor Vicente Salles. É um acervo de historiador”, diz Arraes sobre o vasto material inteiramente recolhido por Salles e que, além de registros musicais, traz ainda livros, periódicos, correspondências e vários documentos sociais e culturais.
“Calculamos mais de quatro mil documentos e mais de 70 mil recortes de jornal sobre temas como música, folclore, negro, artes cênicas e literatura, além de uma coleção de cartuns, fotografias de época, cordéis, peças de teatro do repertório nacional, teses, folhetos e cartazes”, diz Carmen Affonso, organizadora do material.
Material guarda registros preciosos
O acervo traz registros dos principais compositores paraenses e residentes na capital paraense durante a época da borracha, como Paulinho Chaves, Eulálio Gurjão e Meneleu Campos. “Os discos revelam muitas obras e interpretações importantes, como a de ‘A Casinha Pequenina’, de Bidu Sayão”. Música que, aliás, é de autoria do paraense Bernardino de Souza, como comprovam os documentos da Biblioteca do Museu. “Temos a primeira edição, ainda da década de 1920. Hoje essa música é de domínio público, mas sempre foi atribuída a um compositor sulista. No entanto, guardamos uma partitura original como prova de que a composição é de um paraense”, conta Carmem.
“Esse acervo traz um registro precioso. Nós temos parte da história da música paraense atualmente renegada ao esquecimento. É um período cultural ímpar e riquíssimo, discutido hoje com muita superficialidade nas escolas”, diz Jonas Arraes, salientando as obras raras da coleção: partituras manuscritas do século XIX, partituras editadas no período da Belle Époque, fitas de rolo e os discos vinis de 78 rpm com gravações de melodias e entrevistas com compositores e músicos. “Esse material, muitas vezes, é singular. Além disso, o ineditismo e a originalidade de várias obras garantem sua raridade”, afirma o coordenador do projeto.
Serviço
A coleção Vicente Salles está disponível para consulta de segunda a sexta, de 9h às 17h, na Biblioteca do Museu da UFPA, localizada na Avenida José Malcher. Informações: 3242-6240 / 3242-6233. (Diário do Pará)
Fonte: www.diarioonline.com.br 17/05/2011
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