sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ruínas do Engenho Murutucu em discussão


De grama aparada, livre da mata espessa que encobria o prédio até semana passada, as ruínas do Engenho Murutucu não pareciam tão mal assim. A construção datada do início do século XVIII recebeu um cuidado especial por parte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Oriental, após as denúncias de negligência repercutidas na imprensa.
“Está havendo um mal entendido. A área está sendo preservada pela Embrapa. Nunca destinamos o terreno para nada. A entrada de carros e maquinário é proibida. A acusação de abandono nos surpreendeu. São ruínas, afinal de contas. Nem as de Pompéia (sítio arqueológico localizado ao sul da Itália, datado do século 79 a.C.) estão em bom estado de conservação”, ironiza Cláudio Carvalho, chefe-geral da Embrapa.
De acordo com nota emitida pela assessoria de comunicação, todos os meses há roçagem manual e mecânica no local. “Por se tratar de um bem público, a visitação não é proibida, desde que solicitada à Embrapa e agendada com antecedência”, assegura empresa pública federal em comunicado. As acusações de abandono partiram do dramaturgo Carlos Correia Santos, após uma visita as ruínas para uma sessão de fotos para a divulgação de seu mais novo projeto, a peça “Batista”. Em reportagem ao VOCÊ, publicada no último dia 17, ele classificou a condição do prédio de “vergonhosa”. Convidada a acompanhar a sessão de fotos, nossa equipe foi impedida de entrar na área pela segurança da Embrapa.
Em e-mail assinado pela superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Pará Iphan/Pará, Maria Dorotéa de Lima, o órgão responsabiliza a Embrapa pelo descaso. O Iphan informa ter acionado a empresa junto ao Ministério Público Federal (MPF) demandando que a mesma assuma a segurança e preservação do sítio. Desde 1981, as ruínas do Engenho Murutucu são tombadas como patrimônio histórico pelo Iphan.
“Nós somos uma empresa de pesquisa em agropecuária, gerenciar um sítio arqueológico foge à nossa missão. Mas não fugimos da nossa responsabilidade de zelar por esse patrimônio. Por diversas vezes, nos reunimos com a Fumbel (Fundação Cultural do Município de Belém), a Secult (Secretaria de Estado de Cultura), a Paratur (Companhia Paraense de Turismo), o Iphan, para trabalharmos conjuntamente, mas as negociações não caminham”, conta José Maria Vieira, advogado da Embrapa. A empresa apresentou documentos que comprovariam um projeto de restauração da casa, elaborado em 2008 por técnicos da Secult, e encaminhado para o Iphan. “Nunca recebemos resposta”, afirma Vieira.

Fonte: Diário do Pará
Foto: Bruno Carachesti

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