terça-feira, 23 de outubro de 2012

Programação preliminar da Semana do Patrimônio 2012



Caros amigos e parceiros,

A Associação dos Agentes de Patrimônio da Amazônia (ASAPAM) convida você para participar da Semana do Patrimônio Paraense 2012, que será realizada entre os dias 5 e 9 de novembro. Com o tema "Sociedade e Patrimônio" o evento pretende fomentar o debate sobre a importância do exercício de nosso papel, enquanto cidadãos, para a preservação, difusão e defesa do patrimônio cultural.
A Semana do Patrimônio Paraense tem o apoio do IPHAN; Unipop; Museu Paraense Emílio Goeldi; CEMED; GGEOTUR; Liceu de Cultura e Arte em Icoaraci e Associação Fotoativa.


Compartilhamos a programação preliminar da Semana do Patrimônio Paraense 2012, que será realizada entre os dias 05 e 09 de novembro.
Avisamos, também, que o prazo para inscrição de apresentação de trabalhos foi prorrogado até o dia 26/10/2012.

Para maiores informações, entrem em contato através do site www.asapam.com ou pelos emails asapam@asapam.com ou patrimoniocomunicacao@gmail.com



Agradecemos pelo apoio e contamos com a presença de todos!

Programação preliminar da Semana do Patrimônio Paraense 2012
SEGUNDA FEIRA – 05/11/2012
HORÁRIO
PROGRAMAÇÃO
14h – 17h.
Credenciamento
Cerimônia de Abertura
16h – 17h.
Jeancarlo Pontes Carvalho – Presidente da ASAPAM
Maria Dorotéia de Lima – Superintendente Estadual do IPHAN / PA
Palestra de Abertura:
17h – 18h.
Alberdan Batista - Representação Regional do Minc na Região Norte.

TERÇA FEIRA – 06/11/2012
HORÁRIO
PROGRAMAÇÃO
Oficina:
9hs – 11hs

"Como fazer a preservação de acervos de suporte em papel sem verbas".
Ministrante: Ethel Valentina – Associação dos Amigos do Arquivo público do Pará.

Local: AUDITÓRIO ANEXO DO IPHAN.
Comunicações
14h – 16h.
Patrícia Carvalho Cavalcante
         Titulo do Trabalho:
Entre Encantados, Mestres E Benzeções: um Estudo da Pajelança Cabocla Marajoara como Patrimônio Cultural Imaterial do Pará.
Antônio Carlos Santos do Nascimento
         Titulo do Trabalho:
Diagnóstico do Patrimônio do Município de Cachoeira do Arari-Pa, Ilha do Marajó.
Francisco José Oliveira da Silva.
         Titulo do Trabalho:
Saberes de Mestres Carpinteiros Navais de Vigia: conhecimentos e técnicas tradicionais ameaçadas.
Palestra 16h – 17h:
 “Ponto de Memória no bairro da Terra-firme”.
Profª Ms. Edivania Santos Alves - Seduc

Mesa Redonda : “Sociedade e Patrimônio”
17h – 19h
CONVIDADOS:
Ethel Valentina Soares – Associação dos Amigos do Arquivo Público do Estado do Pará
Silvio Costa - Fórum Municipal de Cultura. 
Antônio Ferreira - Mestre em Cultura Popular
Lilian Panachuk  - Scientia Consultoria em arqueologia 
 
Mediadora:
Verena Carvalho Merícias  - ASAPAM.
 

QUARTA FEIRA – 07/11/2012
HORÁRIO
PROGRAMAÇÃO
Oficina:
9:00hs às 11:00hs

Oficina de Educação Patrimonial.
Ministrantes: Tânia Botelho e Larissa Cavalcante (Liceu Arte e Cultura de Icoaraci).
Local: Local: AUDITÓRIO ANEXO DO IPHAN

14h – 16h: Comunicações

Leonardo Valente oliveira
         Titulo do Trabalho: BELLE ÉPOQUE: A importância desse período para a educação patrimonial.
Leonardo Sousa dos Santos
         Titulo do Trabalho: Espacialização e Analise dos Incêndios Urbano do Centro Histórico de Belém-PA de 2009 – 2011.
16h – 17h: Palestra

“Patrimônios do poder e do afeto na Amazônia marajoara”.

Prof. Dr. Agenor Sarraf Pacheco – Arquivo Público do Estado do Pará

17h – 19h: Mesa Redonda “Interdisciplinaridade e Patrimônio”


CONVIDADOS:

Prof. Michel Pinho - FOTOATIVA
Prof. Dr. Tony Leão

Mediadora:
Helen Lanhellas - ASAPAM.


Quinta Feira – 08/11/2012
HORÁRIO
PROGRAMAÇÃO
Oficina:
08:30 - 12h.

"Do pensamento ao olhar... do olhar à fala”.

Ministrante: Associação FOTOATIVA

Local: Coreto Central da Praça Batista Campos

OBS.: LEVAR CÂMERA DIGITAL.

14h – 16h: Comunicações
Nome: Mateus dos Santos Galúcio
         Titulo do Trabalho: Projeto Boi-Bumbá: Cantando e Ensinando no Laboratório Multi Disciplinar Brinquedoteca do IFPA
Bruno Silva Costa
         Titulo do Trabalho: Metodologia Científica e Suas Práticas: Conceitos básicos na utilização de mídias digitais nas apresentações em sala de aula.
Nome: Lidiane Baía de Matos e Luiza Nayara Mendes Costa
         Titulo do Trabalho: Vivendo entre mundos.
16h – 17h: Palestra


17h – 19h: Mesa Redonda “Turismo e Patrimônio”

CONVIDADOS:

Profª Neila Cabral – IFPA

Prof. Raul Campos  - FACTUR/UFPA

Mediador:
Bernardo Costa Jr. - ASAPAM.


SEXTA FEIRA: 09/11/2012
HORÁRIO
PROGRAMAÇÃO
Oficina:
9hs – 11hs
“Jogos, Memórias e Teatro”.

Ministrante: Vanda Lopes - UNIPOP.

Local: sede da UNIPOP. (Av. Senador Lemos, 557, entre Dom Pedro I e Dom Romualdo de Seixas  Bairro: Umarizal. Prox a Praça Brasil).
14hs – 16hs:
Entrega dos certificados das oficinas
16hs – 18hs: Mesa Redonda “Redes Sociais e comunicação: a importância da mídia para a divulgação e defesa do patrimônio cultural na atualidade”

CONVIDADOS:

Felipe Cortez – TV CULTURA.

Cácio Murilo - Comunidade Virtual Vila Sorriso Icoaraci.

Isaac Loureiro  - Blog sobre a campanha do carimbo como patrimônio cultural (http://campanhacarimbo.blogspot.com.br)

Mediadora:
Renata Souza Barros – ASAPAM

18hs – 20hs: Encerramento cultural


Programação Cultural

Sábado: 10/11/2012
HORÁRIO
PROGRAMAÇÃO
Passeio Cultural:
08h – 12h:
Passeio pelo Centro Histórico de Belém: PPGEO
Local: Concentração na frente do Forte do Castelo


INSCRIÇÕES PRORROGADAS!

A ASAPAM VEM INFORMAR QUE AS INSCRIÇÕES PARA AS 

APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS A SEREM REALIZADAS NA 

SEMANA DO PATRIMÔNIO PARAENSE 2012 FORAM 

PRORROGADAS ATÉ SEXTA-FEIRA 26/10/2012.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CÍRIO DE NAZARÉ: A Procissão que iguala a todos na Fé.

Devotos portugueses já levavam as imagens de seus santos padroeiros de uma aldeia à outra no final da Idade Média. Para iluminar o caminho e louvar o homenageado, os fiéis levavam consigo grandes velas; no Brasil, apenas no Estado do Pará, a palavra Círio – que vem do latim cereus e, etimologicamente, significa “grande vela de cera” – tornou-se sinônimo de procissão, a procissão de Nossa Senhora de Nazaré.

Imagem 1: Procissão do Círio no Largo de Sant’Ana.
              Fonte: Acervo IMGB, Rio de Janeiro.

Plácido era paraense, agricultor e caçador, e um homem simples e devoto. Segundo uma lenda local, Plácido teria um dia, enquanto voltava para casa, encontrado uma pequena imagem de uma santa entre pedras lodosas às margens do igarapé do Pirí.

Ele levou a Santa envolvida com um manto de seda brilhante para casa. No dia seguinte, quando foi procurá-la, encontrou completamente vazio o pequeno altar onde a guardou. E quando voltou ao local onde a Santa fora encontrada ela estava lá, passando a impressão de que tivesse retornado ao lar. Plácido apanhou a imagem e mais uma vez a levou para casa. Novamente no dia seguinte ela não amanheceu onde foi deixada e já era de se esperar o local onde ela deveria estar.

Não se sabe quantas foram as vezes que Plácido levou a imagem para sua casa e ela voltou sozinha para as margens do igarapé. Devido a este fato, Plácido construiu um pequeno oratório no local do achado que batizou de “O coração do Humilde”, e foi então que teve início a devoção à Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará.

O Círio como Patrimônio Cultural

A Festividade de Nazaré tem uma importância cultural muito grande para o Estado do Pará, já que engloba muitos assuntos pertinentes ao modo de vida e da cultura local, tais como: pratos típicos servidos no tradicional almoço do Círio, as diversas exposições artísticas e apresentações populares na cidade, o arraial, dentre outras manifestações.

Fotografia 2: Corda do Círio.
Fonte: Internet (2011)

O Círio é uma manifestação religiosa e cultural da sociedade paraense, que sofreu influência dos portugueses que cultuavam a Virgem desde o Cristianismo e vieram para o Brasil com os primeiros religiosos jesuítas. Porém, a devoção à Nossa Senhora de Nazaré, mais precisamente em Belém, se deu a partir do achado da imagem da Santa por um humilde morador da Estrada do Utinga, chamado Plácido José de Souza. 

No Pará, o culto à Virgem de Nazaré ocorreu primeiramente na cidade interiorana de Vigia, o que deixa claro a multiplicidade das formas de pensamento e das características desses povos, os portugueses e os paraenses, fato que configurou o Círio numa manifestação religiosa que ao longo dos anos veio se adequando e caracterizando seu perfil ao dos habitantes de uma cidade que é movida, sobretudo, pela fé.

O Círio como Patrimônio Imaterial

 Patrimônio Imaterial é o conjunto de bens culturais que abrange usos, costumes festas, folguedos, música, dança, entre outras coisas, e o Círio de Nazaré se enquadra nesse contexto porque nele podem-se encontrar vários elementos das duas tradições culturais que contribuíram para a formação do povo paraense, que foram a indígena, com sua culinária e a portuguesa com seus elementos que nos remetem aos Círios de Portugal, como as crianças vestidas de anjo, por exemplo.

Fotografia 3: De joelhos.
Fonte: Internet (2011).

O Círio de Nazaré foi registrado, pelo IPHAN, como Bem Cultural de Natureza Imaterial, sendo o único bem registrado no Livro das Celebrações do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) em 05/10/2004.

O Círio é uma manifestação religiosa que ocorre em Belém há mais de duzentos anos, e reúne anualmente cerca de dois milhões de pessoas em uma caminhada de fé e emoção pela capital do Estado do Pará com o objetivo de homenagear a mãe de Jesus, Nossa Senhora de Nazaré.

Durante tantos anos de existência, o Círio é uma tradição que envolve valores, devoção e fé que são passados de geração em geração. É a união de pessoas que passam pela infância, juventude e maturidade esperando ansiosamente pelo segundo domingo do mês de outubro para despertarem cedo de um sono mal dormido, diante de tanta inquietação e euforia para verem passar pelas ruas da cidade uma imagem pequenininha, mas de uma grandiosidade indescritível e inigualável, e sentirem o bálsamo e a benção sendo derramados diretamente em suas almas, não importando o calor, o cansaço e a dor, é uma “pororoca” de devotos movidos por algo maior que eles mesmos, a fé.

 E como se não fosse suficiente, depois de terem visto a “santinha” todos seguem satisfeitos para suas casas aguardando o momento de confraternizar, de rever os parentes que moram distante, os velhos e novos amigos para então saborearem os pratos típicos, a maniçoba e o pato no tucupi.

Depois de tantos momentos de alegria e celebração é chegado ao fim mais um Círio de Nazaré, mas no ano que vem tudo irá se renovar e é por isso que há tanto tempo esse extraordinário acontecimento cresce em número de romeiros, promesseiros, adeptos e simpatizantes.

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é a mais fiel expressão da identidade e valorização da memória de um povo devoto, religioso e orgulhoso de sua cultura, fato que o torna o patrimônio imaterial mais expressivo do Estado do Pará e tem na fé sua continuação e salvaguarda.

A simbologia Santa e Berlinda

Estudos mostram que os símbolos não se constituem naturalmente, eles são criados pela própria sociedade para fazer alusão a alguma situação. Há a necessidade de interpretá-los relativamente à sua significância.

No caso do Círio, a santa na berlinda e seus elementos como: o manto, o globo, os anjos, as coroas, a própria Maria carregando o menino Jesus criam uma relação direta de fé, devoção, emoção entre a sociedade e esse símbolo religioso.

Imagem 4: A Santa na Berlinda.
     Fonte: Internet (2011).
Relativo ao manto, todos os anos se cria uma grande expectativa sobre que manto vestirá Nossa Senhora, e que artista irá confeccioná-lo. Mas além da indiscutível beleza visual e estética, é importante salientar que muitas mensagens de paz, fé e esperança já foram transmitidas por meio dos elementos visuais contidos no manto, sempre buscando o bem da humanidade em geral.

Para os devotos, ver a Mãe de Jesus carregando seu Filho nos braços, dentro de uma berlinda dourada, que guarda a “Rainha da Amazônia”, tão delicadamente ornamentada com flores, sendo puxada por uma corda de fé que enlaça a alma e o coração de cada um dos milhões de filhos que se fazem presentes nas ruas de Belém, derramando sobre eles suas bênçãos e vos acolhendo, sejam eles menos ou mais favorecidos, brancos ou negros, saudáveis ou enfermos, “normais” ou especiais, conterrâneos ou turistas, é o alcance da plena satisfação espiritual e maternal.

Acreditar e confiar que existe uma Mãe soberana que nos guarda sob o seu manto, protegendo cada um de nós de todos os males terrenos, não tem sol, cansaço ou dor que se faça maior que a vontade de estar com Ela todos os anos e é por isso que na alma do paraense é sempre outubro.

Círio de Nazaré: A Construção de um imaginário

No mês de outubro, mais especificamente na segunda semana, a cidade de Belém se transforma na grande capital da fé. Milhões de turistas se deslocam de suas cidades, Estados e até países para participarem do Círio de Nazaré.

Há uma ansiedade geral em torno da visão da imagem da santa em sua berlinda, ícone da procissão, acompanhada pela devoção dos fiéis que, mesmo debaixo do sol e da dor de terem seus pés esmagados e ainda queimados pelo asfalto quente, não desistem de andar lado a lado com sua “mãezinha”, seja na corda - que é ícone e a expressão maior da gratidão pela graça já alcançada ou daquela que está por se alcançar - seja pelas calçadas.

Outro ponto significativo da celebração é observar os promesseiros que fazem todo o percurso de joelhos, sendo ajudados por voluntários, num gesto de generosidade, compaixão e solidariedade. Como conseqüência de tantas manifestações visuais de forte apelo emocional, se constrói toda uma expectativa imaginária sobre o acontecimento.

Quando os turistas deixam suas casas trazem consigo sonhos, euforias, curiosidades, vêm cheios de esperanças e querem constatar o que ficaram sabendo ou ouviram falar, o que é divulgado na mídia, através de jornais, revistas e sites, ou ainda por quem viveu a emoção à flor da pele e compartilhou com o outro.

A cidade se movimenta em torno desta manifestação religiosa, com os aromas que se espalham do ar da maniçoba cozinhando oito dias no fogo, o tucupi do preparo da iguaria com o pato, com as ruas mais limpas e ornamentadas, com as casas passando por pequenas reformas, tudo para receber a “Rainha da Amazônia”, a mais ilustre convidada.

Texto: Verena Merícias

Verena Merícias é Artista Visual e Tecnóloga da Imagem, especialista em Patrimônio Cultural e Educação Patrimonial.
Contato: vmericias@hotmail.com