(Em 1976 surgiu a primeira aparelhagem de som no Pará chamada Príncipe Negro. Antigo "Principe Negro" - Lucival Campos,sentado e Jorge Barao, em pé)
Aparelhagem.
Manifestação cultural existente na região norte do Brasil, no estado do Pará.
Uma parafernália tecnológica comandado por uma ou duas pessoas, conhecidas como
DJs, e nas suas “naves” de som, controlam um equipamento que faz milhares de
pessoas dançarem. Só na capital paraense existem cerca de 300 aparelhagens
em atividade. Nas mais famosas – como Tupinambá, Rubi e Popsom, por
exemplo – vigora um código próprio, que inclui gestos, roupas, cores e
coreografias.
A festa
promove um momento extraordinário, fora do comum, diferente de qualquer show
existente. O público compra os ingressos, não para ver artistas, cantores e
dançarinos, as pessoas vão para as festas para verem a Aparelhagem, fazerem
símbolos como S do SuperPop, o T
do Tupinambá, o P do Príncipe Negro, a Pedra do Rubi entre tantos outros, e
também para cantar as músicas temas de cada Aparelhagem, sendo a marca
registrada de cada grupo nestas festas, e destacando no meio de tudo isso a
interatividade entre o(s) DJs e o público, e as músicas locais como tecnobrega.
Além do tecnobrega,
outras músicas também são tocadas, de acordo com a época, ou até aquelas,
que estão na moda. Funk, Carimbó, brega, flashbrega, músicas juninas, entre tantos outros,
fazem parte do repertório neste mundo das Aparelhagens. Entretanto, a que
define melhor este contexto social é sem dúvidas as músicas tecnobrega. A auto-afirmação pode
ser sentida na musica Batida da Amazônia da banda Tecnoshow,
onde nela percebemos a(s) forma(s) cultural (is) existente(s) no Pará, a cabocla, a
erudita, de massa, a tradicional, a popular, nos fazendo refletir os conceitos
de culturas.
Conceituar
a Festa de Aparelhagem, não é tão complexo. No entanto, para um grupo seleto de
pessoas, a sua aceitação como Cultura, é algo conflitante. O fato é que não
temos como negar que esta manifestação é um fenômeno cultural e envolve
diversas classes sociais de Belém e traz para a sua especificidade cultural a
modernidade e a tecnologia, como qualquer cultura existente, sempre terá
pensamentos e conclusões conflituosas.
E é
necessário observar ainda que este assunto merece atenção, e deve certamente
ser colocado em pauta de debates, seja na escola, seja em secretárias ou órgãos
governamentais ligados a cultura, seja na política, enfim, com infinitas
possibilidades de idéias e
propostas de diversos setores sociais da nossa sociedade.
Texto: Jeancarlo Pontes, presidente da ASAPAM
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