sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Patrimônio Paraense na Revista de História da Biblioteca Nacional

Museu - Promessa de brinquedo


Pesquisadores estudam artesanato tradicional do Pará para obter o Registro de Indicação Geográfica 
Desde o século XVIII, durante a festa do Círio de Nazaré, em Belém, produtos do Pará são expostos pelos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. Hoje, um dos grandes sucessos são os brinquedos coloridos, feitos na cidade de Abaetetuba, a partir da palmeira conhecida como miriti. Alguns artesãos dizem que o brinquedo sempre foi usado pelas crianças; outros acreditam que surgiu para pagar promessas à santa. Ele ainda é pouco conhecido no resto do país, mas isso pode mudar em breve. Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi elaboraram um relatório que servirá de base para conseguir o Registro de Indicação Geográfica, uma espécie de garantia de origem que deve dar grande visibilidade ao produto.
“O trabalho vai comprovar a particularidade do artesanato. No relatório nós analisamos, por exemplo, a transmissão oral da técnica, passada por gerações”, explica o pesquisador Antônio Pinheiro. Até o fim do ano, a equipe espera que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial conceda o registro. Com ele em mãos, as associações de artesãos deverão seguir o mesmo padrão, do manuseio da planta à tinta que deve ser usada. Segundo Pinheiro, o miriti é muito maleável e permite criar formas variadas. Desde os tradicionais barcos, passarinhos e cobras, até personagens de desenhos animados, os preferidos dos jovens.




Museu - O caminho das pedras
No Amapá, os megalitos construídos por povos indígenas são vestígios de uma intrigante cultura desaparecida com a chegada dos europeus
Mariana Petry Cabral e João Darcy de Moura Saldanha
 
Grandes blocos de pedras alinhadas, fincadas no solo, formando um círculo. A descrição parece a de Stonehenge, na Inglaterra, mas não é. Trata-se dos chamados megalitos – grandes pedras – do Amapá, sítios arqueológicos construídos por povos amazônicos que ocupavam a região pelo menos desde o início da era cristã.
O zoólogo suíço Emílio Goeldi (1859-1917) organizou, em 1895, uma das primeiras expedições científicas feitas na região, enviada pelo Museu Paraense. Tendo o tenente-coronel Aureliano Pinto de Lima Guedes (1848-1912) como responsável pelo serviço arqueológico, a empreitada encontrou um sítio que ainda hoje desperta o fascínio de pesquisadores.
A expedição de Goeldi percorreu o Rio Cunani, no norte do atual estado: uma região costeira, de terras baixas e alagáveis, permeada por uma intrincada rede de rios e igarapés. Entre as peças coletadas pela equipe havia várias vasilhas cerâmicas inteiras. A delicadeza das pinturas e dos motivos modelados e a originalidade das formas fizeram com que Goeldi afirmasse que aqueles eram alguns dos “melhores produtos cerâmicos conhecidos dos indígenas da região amazônica” – uma cerâmica chamada pelos arqueólogos de “Aristé”. (...)
Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional, 3/2/2011.

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