Foto: Bruno Carachesti
De costas, Lauro Sodré não pode vigiar seu patrimônio. Enquanto ele pensa, levam pouco a pouco tudo o que para ele fizeram. Já se foram pesadas placas de mármore, mudas de flores e agora arrancaram a cabeça de uma das três estatuas de bronze pregadas em um paredão de pedras negras. Elas representavam as Armas, a República e o Trabalho.
Hoje, o conjunto monumental inaugurado em 1959, na ocasião do centenário do ex-governador Lauro Sodré, localizado na praça Floriano Peixoto, em frente ao Mercado de São Brás, está literalmente caindo aos pedaços. O que não cai é roubado. A obra de revitalização da Prefeitura de Belém ainda não começou e o logradouro, cercado e interditado há 48 dias, virou um ambiente arriscado para quem trabalha no mercado.
Quem trabalha por perto garante que as estátuas estavam completas até o último sábado. A presidente da Associação dos Empreendedores do Mercado de São Brás, Rosana Martins, lembra que o abandono começou há anos. “Desde que tiraram a Guarda Municipal daqui, a situação ficou ruim e os assaltos aumentaram. Piorou quando algumas placas de mármore que ficam no alto no monumento caíram e quase machucaram uma senhora que passava na praça, até guardamos algumas. Daí foi para pior. Sem policiamento e depois de cercada, a praça ficou cheia de marginal e gente se drogando”, relata.
Os comerciantes do mercado alegam que alertaram a prefeitura sobre o perigo. “Levaram parte dessa cerca de alumínio que eles fizeram para interditar a praça, arrombaram uma parte e entravam aí dia e noite”, conta Rosana.
Luiz Eduardo, comerciante do mercado há 10 anos, acha que as obras precisam começar logo. “Eles estão levando de tudo. Até as mudas de flores roubaram, precisam restaurar logo tudo isso para a gente ter paz”, pede.
Os riscos de assaltos também aumentaram e por isso os bares estão fechando mais cedo. Rosana Martins estima que as vendas caíram 30% nos últimos meses. “Por conta do cercado, muita gente acha que está tudo interditado, outros sabem que a praça está cheia de bandido e nem vêm mais. Mas a pior situação é a dos bares da frente do mercado. Eles estão fechando às 20h porque não tem cliente, só assalto por aqui”, afirma.
O comerciante Walmir Santos, que trabalha no local há 20 anos, conta que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) se reuniu com eles para mostrar o projeto de revitalização da praça. “Eles nos mostraram as fotos da praça no dia 25 de janeiro. Ela se chamaria Praça da Chuva, mas por enquanto é só destruição. Se esse local continuar sem policiamento, daqui a pouco vai estar tudo destruído”, alerta. Ele relembra que a última reforma que a prefeitura realizou no mercado foi há dois anos.
Enquanto a equipe de reportagem do DIÁRIO estava na praça, havia uma equipe da Guarda Municipal de Belém. De acordo com o Guarda Paulo Trindade, todo dia uma equipe circula pela praça várias vezes ao dia. “Aqui não é um posto fixo, mas fazemos a ronda todos os dias e sempre tem uma equipe para passar por aqui em diversos horários”, revela. (Diário do Pará)
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