terça-feira, 23 de agosto de 2011

Você se interessa por cultura? Então compareça!

Palestra Iap: Plano Municipal de Cultura e Processos Participativos. Dia 25/08


Seminário Municipal de Cultura: Construindo o Sistema Municipal de Cultura: realidade, desafios e perspectivas. Dia 27/08. Local: Auditório da Revemar Motocenter (Padre Eutíquio, passando o colégio Impacto)

domingo, 21 de agosto de 2011

Lixo e criminalidade tomam a feira do açaí

Edna Nunes

Um dos cartões-postais da história contemporânea de Belém está se perdendo às margens da baía do Guajará: a Feira do Açaí. Estruturado no início do século XX, o espaço que poderia servir de atração turística está fadado ao abandono do poder público, a virar um depósito de lixo, a abrigar a insegurança e mazelas sociais. Quem frequenta o lugar desde que foi criado, verifica um retorno à época em que a feira era conhecida como "curral das éguas", porque se matava um e deixava outro pendurado para o dia seguinte.
Jovens nem sabem que o espaço existe. "Nunca ouvi falar", diz um deles.

"Eu não sei onde fica essa Feira do Açaí, nunca nem ouvi falar", disse a estudante Elaine Cristina Maia, de 19 anos. Quando informada a localização do espaço, a jovem comenta que sabe, "mas nunca vou para aquela área, porque é suja, dá muita gente porre e tenho amigos que foram assaltados lá".
O primo de Elaine, Douglas da Silva, de 17 anos, disse ter ido ao local uma vez e não teve mais vontade de retornar por conta de não "ter nada para fazer". Ele afirma que a praça Tancredo Neves, perto de onde ele mora, na Marambaia, é mais atrativa que a Feira do Açaí.
O que o casal de primos diz pode ser constatado por qualquer belenense ao fazer uma visita ao logradouro. Nem os casarios garantem de volta a beleza do espaço, porque suas fachadas estão deterioradas.
"Pode escrever aí que aqui (feira) tá muito ‘avacalhado’. Sem condição até mesmo para trabalhar, porque até as pontes por onde a gente passa para descarregar o açaí está sem condição", disse o vendedor de açaí Ernani dos Reis Dias, que mora em Ponta de Pedras, no Arquipélogo do Marajó.
Segundo ele, o lugar está sem organização, os prédios históricos estão abandonados e o policiamento é precário, por não ser o suficiente para evitar a ação da "malandragem". Há 34 anos servindo de intermediário entre os produtores de açaí de Ponta de Pedras e os comerciantes do produto em Belém, afirmou que "foi o tempo que se poderia dizer que a Feira do Açaí podia ser chamada de atração turística".
Para ele, apenas as pessoas que dependem do local para trabalhar ou pegar o barco para atravessar a baía de Guajará rumo a municípios vizinhos de Belém é que se atrevem ficar mais tempo na feira. É o de dona Francisca Ferreira da Silva, de 72 anos, 14 trabalhando como cozinheira em um dos boxes instalados na feira.
Ela disse que permanece no local porque é de lá que tira o seu sustento, mas ainda assim não é o suficiente. Segundo a idosa, a renda é garantida mesmo quando está no período de safra do açaí, como acontece no momento. "Mas, depois disso não dá para quase nada", lamenta.
A cozinheira reclama da falta de limpeza, da estrutura das box - sobretudo porque são pequenos - e da falta de segurança. Francisca garante que até o momento as mercadorias do espaço onde ela trabalha não foram roubadas porque os ladrões não mexem com os vendedores e se isso acontecer "terão que desaparecer da área".

Arquiteto diz que PMB está "se lixando"

Flávio Nassar, arquiteto urbanista e coordenador do Fórum Landi, da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que está na coordenação de restauração dos prédios históricos localizados na Ladeira do Castelo, pertencentes à Arquidiocese de Belém, que concedeu o patrimônio à UFPA.
Ele informa que o projeto está em fase de conclusão e a expectativa é que até o final deste ano as obras sejam concluídas, já que alguns imóveis estavam sob risco de desabamento e não se sabe se aguentarão até o próximo período intenso de chuva.
O arquiteto revela que a restauração dos imóveis está orçada em pouco mais de R$ 1 milhão. A proposta é transformar um deles em albergue para estudantes e professores estrangeiros e outro seria espaço para eventos oficiais. Além disso, se planeja construir auditórios. Mas tudo ainda está em fase de elaboração no Fórum Landi.
Como morador de Belém, o arquiteto diz ver com indignação a Feira do Açaí acabar por conta do descaso do poder público. Na opinião dele, não só esse espaço está abandonado, mas toda a capital paraense. "A prefeitura pouco está se lixando para a cidade e as áreas no centro histórico são exemplos deste abandono", afirmou.
Ele afirmou que tanto a Feira do Açaí como o próprio Ver-O-Peso foram "sequestrados" pela bandidagem, estimulada pela falta de cuidado do poder público. "O culpado de tudo isso chama-se poder público municipal", disse.

Lavagem do espaço não ocorre nunca, garante vendedora

Vendedora de lanche há dez anos na Feira do Açaí, Madalena Vinagre Ferreira, de 46 anos, informa que desde quando começou a trabalhar na feira percebeu que o poder público tinha descaso pelo local. Ela frisa que os agentes da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) varrem e coletam o lixo, mas uma limpeza mais cuidadosa não é feita.
"Lavagem não tem nem mesmo nem uma vez por mês e se alguém falar que é feita, está mentindo", disse Madalena. Na opinião dela, se algum órgão da Prefeitura Municipal de Belém (PMB) programasse uma ou duas vezes por mês atividades culturais, certamente afastaria a bandidagem e atrairia o público e com isso os vendedores teriam mais lucro. Mas enquanto isso não acontece, ela tem que se manter vigilante para não roubarem suas mercadorias, pagando alguém para ficar no seu box no período da noite, enquanto ela fica ao longo do dia.
Ela e outros vendedores tentaram no ano passado marcar audiência com representantes da PMB para discutir a situação de abandono da Feira do Açaí. No entanto, até hoje esperam por uma resposta. "Não teve nem sinal de fumaça", disse ela. Diante disso, os vendedores se deixaram vencer pelo cansaço e agora estão no aguardo de alguém se sensibilizar para fazer com que o logradouro volte a ter algum tipo de atração e assim, quem sabe, fazer com que as pessoas retornem para visitar a feira.

Secon afirma que cumpre papel e empurra obrigações para outros

O diretor geral da Secretaria Municipal de Economia (Secon), Luiz Carlos Silva, garantiu que cumpre com seu papel. Ele disse que não cabe ao órgão promover ações para que os comerciantes façam bons negócios no logradouro. "Eles é que precisam descobrir atrativos para conquistar clientes", enfatizou, lembrando que cabe à secretaria fazer a manutenção da área com limpeza e oferecendo infraestrutura, o que tem ocorrido, porque "a limpeza é feita, eles trabalham em boxes fornecidos pela prefeitura".
Agora, segundo ele, não é competência da Secon criar eventos para atrair clientes e muito menos dar segurança, que, comenta ele, há cobertura por haver policiamento no local. A orientação dele é que, caso os trabalhadores que lá estão não se sintam satisfeitos, reúnam-se e façam solicitação de mais policiamento à Polícia Militar e realização de eventos à Fundação Cultural de Belém (Fumbel).
Quanto à manutenção de prédios históricos, Luiz Carlos ressalta que, por estarem em uma área de preservação histórica, inclusive tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), "não é de nossa responsabilidade responder por este assunto".

Iphan espera retorno de projeto da prefeitura apresentado em 2010

A superintendente do Iphan, Dorotea Lima, disse que os casarios localizados na Ladeira do Castelo e pertencentes à Arquidiocese de Belém estão com recursos liberados para restauração e o processo está em andamento.
Quanto à Feira do Açaí, Dorotea informa que a PMB apresentou em 2010 um projeto de restauração do espaço, mas que teve um parecer do Iphan solicitando informações mais detalhadas e indicando a necessidade de alguns ajustes. Ela diz que a proposta foi devolvida à administração municipal, mas até o momento não houve retorno com as possíveis modificações.

Fonte: www.orm.com.br/amazonia 21/08/2011
Integrante da diretoria do Sindicato dos Feirantes do Pará, Francisca Rodrigues, de 61 anos, diz que está há 30 anos no logradouro vendendo comida. Desde então, tem acompanhado muitas histórias. Para ela, poucas são as lembranças boas.
Visitantes assaltados, sujeira, falta de turistas e até de movimento para os vendedores conseguirem manter suas atividades é o cenário desenhado por Francisca - situações que ela observava nas décadas de 60 e 70, quando morava na área. Ela recorda que apenas durante a gestão do ex-prefeito Hélio Gueiros, já falecido, e do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, surgiram tentativas de revitalização do espaço, como ponto turístico da capital paraense.
Nessas épocas, disse, os jovens se reuniam para tocar violão, havia barraquinhas de comidas típicas, os visitantes podiam apreciar exposições e até shows musicais e de danças folclóricas que eram organizados no local. No período do carnaval e da Semana Santa, a vendedora afirma que a feira se transformava em espaço cultural para apresentação de peças e festas carnavalescas.
"Hoje não tem nada. Essa prefeitura que está aí programa apenas o descaso da feira. Está tudo entregue aos bandidos e nós a mercê deles, que só não mexem mais com a gente porque estamos aqui há anos. Tem policiamento, mas não é suficiente e a sujeira está por todos os lados porque a Secretaria de Saneamento (Sesan) só varre para tirar a folhagem que fica depois do descarregamento do açaí, que acontece na madrugada", lamenta.
A idosa aponta como principal símbolo do descaso a rampa que serve de acesso aos vendedores de açaí que chegam de barco das regiões das ilhas de outros municípios para descarregar o produto na capital. A rampa, identificada por ela como ponte, é de ferro e está cheia de buracos, provocados pela corrosão da ferrugem. Foi instalada para o acesso da população ao terminal pesqueiro, obra prevista pelo ex-prefeitor Hélio Gueiros que não se concretizou e que atualmente é um risco para quem passa por ela.
Outro problema citado por Francisca é a prostituição e a exploração sexual de adolescentes, que circulam livremente na área, sobretudo de noite e de madrugada, quando é feito o descarregamento do açaí.


Cartão-postal de Belém sofre com o completo abandono

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Fórum Landi define ações para a campanha “Belém de Landi – Patrimônio Mundial”


Integrantes do Fórum Landi se reuniram nesta quarta-feira, 17, para conversar sobre as estratégias para a campanha “Belém de Landi – Patrimônio Mundial” e definir as próximas ações do projeto. A reunião aconteceu no coração da Cidade Velha, na sede do Fórum, que fica na Praça do Carmo, na capital paraense.

A campanha “Belém de Landi – Patrimônio Mundial” visa transformar as obras de Antônio Landi, localizadas em Belém e no interior do Pará, em patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Para o pró-reitor de Relações Internacionais da UFPA e também coordenador do Fórum Landi, Flávio Nassar, essa iniciativa “pode até ser loucura, mas estamos acostumados a muitos desafios e resolvemos enfrentar mais esse.”

Normalmente, para uma obra ser candidatada a patrimônio mundial, a iniciativa é governamental e envolve muitos aspectos burocráticos, além de depender de um incentivo financeiro de aproximadamente 500 mil reais. De acordo com Nassar, a candidatura das obras de Landi será feita de forma criativa e inovadora, diferentemente do usual processo burocrático. “Só se pode fazer colaborativamente, em rede, reunindo os saberes acumulados no meio social”, diz. Ainda assim, a candidatura só poderá ser apresentada à Unesco quando estiver concluída pelo governo federal, por meio do Ministério da Cultura.

Cabo Verde - A professora e arquiteta Carmen Cal apresentou o documento de inscrição à candidatura como Patrimônio Mundial de um vilarejo, na República do Cabo Verde. Esse documento deverá ser utilizado como uma base para a construção da candidatura das obras de Antonio Landi, localizadas na capital paraense. No roteiro, estão inseridos tópicos como: a identificação do bem, descrição da área, histórico e estado de conservação. Também é necessário haver uma proposta de proteção e gestão sobre o que vai acontecer com a obra, depois que ganhar o título. O documento deve identificar quais serão os órgãos responsáveis e os recursos para que a obra não seja depredada ou descaracterizada, já que o título é revisto a cada dez anos.

Para o desenvolvimento do trabalho, dois eixos distintos serão formados. O primeiro eixo será o da competência técnica, que contará com pesquisadores e profissionais que coordenarão o inventário das obras. Esses pesquisadores também estudaram as normas da Unesco para, assim, elaborar um roteiro para a construção do projeto.

Landi em sua vida -  O segundo eixo é o da participação social. Segundo Flávio Nassar, a ideia é “criar e validar o projeto no meio social, para ganhar aliados tanto no setor privado como no governamental”. As pessoas ajudarão no levantamento de informações, além de ceder imagens e relatos por meio do Projeto “Landi em sua vida”, que deverá dar maior ênfase nos aspectos subjetivos das obras, ou seja, no patrimônio imaterial.

Informativo virtual - O propósito da campanha é dar visibilidade ao Fórum, torná-lo um interlocutor de interesses da cidade. “Se as pessoas não forem tocadas por isso, vai ser apenas mais uma coisa da qual elas ouviram falar”, reflete Flávio Nassar. Para gerar esse interesse e manter as pessoas informadas, um jornal mural deverá ser feito para fixação nos quadros de aviso das faculdades da UFPA. Também será produzida, mensalmente, uma newsletter com informações e agenda de eventos, a qual será enviada para os interessados da Universidade e para a imprensa. Além disso, qualquer pessoa que tiver o interesse de receber a newsletter poderá se inscrever no site do Fórum, que deve ir ao ar no começo de setembro.

Para as ações na internet, o Fórum conta com o conhecimento de jovens produtores de mídias em rede. Eles são os responsáveis pelo posicionamento do Fórum nas redes sociais, além da construção do site. A página eletrônica do Fórum também contará com um abaixo-assinado virtual, no qual as pessoas poderão apoiar a candidatura das obras ao título de Patrimônio Mundial.

Para manter-se informado sobre as ações do Fórum Landi e participar das discussões, acompanhe o blog www.forumlandi.wordpress.com. Também siga o twitter @ForumLandi e participe do Grupo “Fórum Landi” no Facebook.

Anne Beatriz – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Karol Khaled

Fonte: Ascom Ufpa  www.ufpa.br

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Casa de Cultura Dalcídio Jurandir busca sede


Se no Pará Dalcídio Jurandir já se tornou consagrado entre os pesquisadores, lá fora ainda é desconhecido. A falta de traduções, que poderiam transformá-lo em autor célebre, dificulta a divulgação no exterior. A única obra traduzida é o romance “Linha do Parque”. E em russo!

“Dalcídio é de uma época com menos glamour; amadora do ponto de vista comercial. Além disso, ele era avesso a entrevistas e a badalações, jamais iria a uma escola falar de sua obra. Se hoje fosse publicado por uma grande editora, teria condições de ser negociado lá fora. Ele não é apenas um autor nacional. É representante da boa literatura da América Latina”, avalia Paulo Nunes.

Para cobrir essa lacuna e dar o devido valor ao trabalho do romancista, Ruy Pereira Pinto, professor, escritor e sobrinho de Dalcídio, criou na Fundação Casa de Rui Barbosa, em 2003, o Instituto Dalcídio Jurandir. Na época, a família doou seu acervo para o instituto, que chegou ao fim em 2008. No mesmo ano, a família fundou a Casa de Cultura Dalcídio Jurandir (CCDJ), presidida pelos filhos do autor.

Atualmente Margarida Benicasa, filha de Dalcídio, atua como vice-presidente da instituição, que funciona, provisoriamente, na residência do irmão dela, José Roberto Freire Pereira Filho, em Niterói (RJ). José Roberto era presidente da Casa de Cultura, até morrer em janeiro desse ano.

Margarida vive em São Paulo e comanda o funcionamento da instituição com ajuda da internet, idas ao Rio quando há necessidade e a dedicação de parentes e amigos. “Infelizmente, com o falecimento do meu irmão, haverá um atraso na concretização dos seus objetivos. Estamos tentando nos manter através de projetos com entidades interessadas e pessoas admiradoras de meu pai”, declara.

Apesar das dificuldades, Margarida e os familiares desenvolvem e planejam projetos para consolidar a divulgação do autor, entre eles a tentativa de conseguir uma sede. “Um dos nossos objetivos é um intercâmbio cultural entre o Norte e o Sudeste, ampliado, futuramente, para todo o Brasil”.

Os esforços agora se concentram na promoção de simpósios sobre Dalcídio e difusão de “Chove nos campos de Cachoeira”. A nova edição será lançada em setembro, durante a XV Feira Pan-Amazônica do Livro.

“Li as duas versões do livro. Realmente esta versão tem uma visão diferente, sem deixar de manter o estilo e o preciosismo (do escritor). Só poderíamos consentir que esse trabalho fosse feito por alguém do nível da professora Rosa Assis, uma das pesquisadoras mais dedicadas a obra de meu pai”, elogia Margarida.



Novidades

Além do lançamento em Belém de “Chove nos campos de Cachoeira”, novas publicações estão no forno das editoras. A Paka-Tatu organiza com Paulo Nunes o livro “Poemas Impetuosos”, escritos por Dalcídio Jurandir entre as décadas de 20 e 30. Paulo já adianta que o trabalho pode causar polêmica.

“Dalcídio não era tão bom na linguagem sintética do poema como o era na linguagem estendida do romance. Mas é preciso saber que existia um Dalcídio que, além de mais apegado ao cotidiano, respeitava suas raízes marajoaras (me refiro a personagens reais que ele conheceu quando era menino). Alguns poemas trazem as raízes do que seria posteriormente desenvolvido nos romances. A crítica genérica ficará de olhos grandes diante deste material, bruto, de pesquisa, mas que servirá a leitores de nível médio, por exemplo”, ressalta. (Diário do PArá)

Fonte: www.diarioonline.com.br 16/08/2011

Documentário sobre Ilha do Marajó é lançado hoje


Hoje (16) o Instituto Peabiru faz o lançamento do documentário “Expedição Viva Marajó”, de Regina Jehá, produção de 55 minutos, realizada pela produtora Lauper Films.
Com trilha sonora de Egberto Gismonti, criada a partir do cancioneiro marajoara e imagens de Emerson Bueno, o documentário se propõe ser uma ferramenta de mobilização social na discussão pela melhoria da qualidade de vida local.
O documentário apresenta moradores em diferentes ambientes e cotidianos: na zona costeira, no preparo da pesca, no extrativismo. Tudo narrado pelo próprio marajoara, que ao falar de si leva à reflexão sobre os marcantes contrastes entre a riqueza natural e a pobreza histórica imposta ao ser humano.
O lançamento na região ocorre durante o mês de agosto, com uma grande expedição aos 16 municípios do arquipélago, devolvendo o filme às comunidades.
Criado no ano passado, o Dia do Marajó, celebrado em 24 de agosto, é uma ação do Programa Viva Marajó, coordenado pelo Instituto Peabiru e Fundo Vale para o Desenvolvimento Sustentável.
LANÇAMENTO
“Expedição Viva Marajó”, documentário em celebração ao Dia do Marajó. Às 18h30, no auditório do Sesc Boulevard (Av. Castilho França, em frente à Estação das Docas). Reapresentação do filme amanhã, às 18h, no mesmo local. 
(Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br  16/08/2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Patrimônio, história e turismo no Parque do Museu Goeldi

Pesquisa aponta potencial patrimonial e turístico dos prédios históricos do Parque Zoobotânico

Agência Museu Goeldi - O turismo cultural contribui para a preservação e manutenção do patrimônio histórico. Resgata a memória e mantém a identidade de um povo. Planejado de forma eficaz gera benefícios e mostra possíveis utilizações desse patrimônio pelas atividades turísticas e para a população local, evidenciando o potencial histórico e arquitetônico.
Um estudo detecta o potencial do patrimônio histórico e arquitetônico do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi para ser utilizado pela atividade turística. A iniciativa também relaciona os principais monumentos e prédios localizados no Parque e com potencial patrimonial e turístico. Intitulada O patrimônio histórico e arquitetônico do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (1866 – 1907): sua utilização para a atividade turística, a pesquisa é de autoria de Bárbara Paolla Santos Mourão, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/ CNPq).
Na comemoração dos 116 anos do Parque Zoobotânico , Barbara destaca alguns dos valores do turismo em relação ao patrimônio histórico. Segundo ela, “O turismo estimula a existência e a reabilitação de sítios históricos e monumentos, por meio da sua transformação em recurso recreacional”. E acrescenta que ele, também, “Contribui para a permanência da população em seu espaço, oferece oportunidades de trabalho e recursos para a preservação do patrimônio.” Mais que isso, a atividade turística gera “recursos financeiros que podem melhorar a qualidade de vida da população local”, conclui.
Um pouco de história - Bárbara, graduada em Turismo pela Universidade Federal do Pará (UFPA), apresentou a pesquisa no dia 8 de julho de 2011 com orientação de Helena Quadros, educadora e Coordenadora do Núcleo de Visitas Orientadas do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Nuvop). “O período (1866 – 1907) foi escolhido por ser o início da criação do Museu e o inicio da estruturação do Parque Zoobotânico”, ressalta a bolsista.
O Parque Zoobotânico do Museu Goeldi é o mais antigo do Brasil, e foi certificado como Jardim Botânico segundo a Resolução 266 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 3 de agosto de 2000. Nessa categoria integra a Rede Brasileira de Jardins Botânicos.
Um autêntico oásis no meio de uma grande cidade, o Parque recebe anualmente 250 mil visitantes por ano, dos quais 50 mil são estudantes e que têm entrada franqueada. Habitat para representantes da fauna e flora amazônica, esses são os principais atrativos para o público consultado durante a pesquisa.

O turismo cultural – Com base no encantamento dos visitantes pela fauna e flora do Parque, a bolsista procura por sua vez ressaltar a importância do turismo cultural de prédios e monumentos históricos ainda pouco valorizados pelo público local.
“Se o turismo cultural não for bem planejado, seguindo apenas o objetivo de lucro, além de poder destruir o patrimônio cultural de uma determinada localidade, pode também modificar a comunidade onde está inserido, transformando os povos e sua cultura apenas em objetos de consumo”, argumenta a autora do estudo.
Outro fator negativo da atividade do turismo cultural é “a transformação do patrimônio apenas em produto para o mercado com a perda do seu real significado para a localidade”, afirma Bárbara. Com isso, corre-se o risco de “a cultura e a história deixarem de ser importantes para a comunidade e passarem a ser importantes porque geram lucros”, alerta.
Coleta de dados - Para obter resultados para a pesquisa, Bárbara realizou entrevistas semi-estruturadas junto a funcionários do Parque. Foram utilizadas também referências bibliográficas e fotos do Arquivo “Guilherme de La Penha”, do Museu Goeldi.
De acordo com a pesquisadora, a maioria dos visitantes que freqüenta o Parque do Museu Goeldi procura lazer. “Este lazer é obtido pela contemplação dos animais presentes no Parque Zooobotânico”. Segundo os resultados obtidos na pesquisa de público realizada pela instituição, “a maioria dos entrevistados busca conhecer a fauna/animais. E apenas 2,8% dos visitantes preferem ver os prédios”.
As evidências fazem Bárbara apontar que o patrimônio histórico e arquitetônico do Museu Goeldi ainda não é aproveitado de maneira eficaz pelos seus visitantes. Mas indica que as perspectivas são positivas: “O PZB está passando por um Programa de Revitalização do Parque Zoobotânico, em que estes patrimônios terão uma nova dinamização, sendo assim, ele terá uma nova forma de utilização”.
A implantação de possibilidades de uso desse patrimônio pela atividade turística visa além de benefícios econômicos à instituição. Com trilhas diversas Bárbara propões que “a utilização, compreende um ideal maior: de apropriação e de conhecimento mais efetivo do patrimônio pela população local”.
Com o estudo, a idéia é de resgatar a memória e afirmar uma identidade, além de dar a conhecer o patrimônio a turistas que possuem interesse por um “espaço singular”, conclui a autora. 

Texto: Sílvia Leão
Edição: Jimena Felipe Beltrão

Fonte: Museu em Pauta www.museu-goeldi.br  11/08/2010

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cultura - Iphan vai recorrer para tombar encontro das águas


A Justiça Federal do Amazonas anulou na quinta-feira o tombamento do encontro da águas dos rios Negro e Solimões, em Manaus, pelo Iphan. A anulação acolhe ação movida pelo governo do Amazonas, que apoio a construção do terminal Porto das Lajes, na margem direita do encontro dos rios. Em entrevista, Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, diz que o órgão recorrerá da decisão, que teve como base a falta de audiências públicas durante o processo de tombamento. Segundo Almeida, a construção do porto exatamente no encontro das águas é inconciliável com a preservação de seu valor cultural - FSP, 7/8. Cotidiano, p.C12.
MPF se diz 'surpreendido' por decisão por obra no AM
O Ministério Público Federal no Amazonas afirmou em nota que empresa Log-In Logística Intermodal S.A. informou à Bolsa de Valores de São Paulo a obtenção da licença e consequente recomeço da construção do Porto das Lajes um dia depois de ter conseguido a licença ambiental do órgão estadual para tal. "Só que a obtenção da licença nada significaria se, no dia seguinte, o tombamento não tivesse sido cancelado", diz o texto. Por isso, o MPF se diz "surpreendido pela sequência, em curto espaço de tempo, de decisões judiciais e atos administrativos desfavoráveis à paisagem natural do encontro das águas do Rio Negro e Solimões". Cerca de 200 manifestantes protestaram em frente ao prédio da Justiça Federal, em Manaus, contra a anulação do tombamento do Encontro das Águas – OESP, 6/8, Vida, p.A26.
Fonte: Manchetes Socioambientais, 8/8/2011.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SÉRIE IMAGENS DO PATRIMÔNIO: Rua João Alfredo: a rua do comércio de Belém.

Rua Conselheiro João Alfredo, início do século XX.
Reprodução: Álbum Belém da Saudade

Em fins do século XVII, a cidade de Belém possuía dois núcleos urbanos inicialmente distintos, separados por um grande alagadiço (o igarapé de nome Piri) e denominados “Cidade” e “Campina”. O primeiro surgiu junto ao Forte do Presépio, e foi por onde se iniciou a construção da cidade de Belém; e o segundo corresponde a área que deu origem à zona comercial da mesma.

Segundo o historiador Antônio Baena, a freguesia da Campina foi estabelecida em 1727, e não diferente do núcleo chamado Cidade, possuía como forte característica de sua paisagem urbana as ruas estreitas de desenhos irregulares, com poucas edificações, onde se situavam algumas igrejas e conventos que eram destaque em meio ao conjunto arquitetônico.

Aspecto da Rua João Alfredo na década de 1960.
Reprodução: PENTEADO, Antônio Rocha.
Belém: estudos de geografia urbana, vol. 1, 1968.


Foi em torno desta freguesia que se estabeleceu o comércio da cidade, o qual se transformou na Rua dos Mercadores, posteriormente Rua da Cadeia, pois era naquela área que se localizava a única cadeia da cidade no período e, mais tarde, Rua João Alfredo, como a conhecemos até os dias atuais. A rua constituía-se na principal artéria daquela área, situada entre o Largo das Mercês (atual Praça Visconde do Rio Branco) e o Piri, sendo desse Largo até o Convento denominada Rua de Santo Antônio. A Rua dos Mercadores se transformou no centro da zona comercial de Belém, devido suas lojas conterem variado sortimento de mercadorias que atendiam não só as necessidades da capital, mas de toda a Amazônia.





As características peculiares desta rua foram bastante retratadas por viajantes que visitaram Belém durante o século XIX, os quais descreveram suas percepções acerca daquele espaço urbano. Entre estes viajantes, destaca-se o britânico Alfred Wallace, segundo o qual, a Rua dos Mercadores era a principal da cidade, onde se encontravam também as melhores lojas de Belém. As casas de um só pavimento, e a rua mal conservada naquele período, com suas pedras ásperas que dificultavam a caminhada, foram outros aspectos por ele notados.

Esta rua descrita por Wallace possuía características diferenciadas quando comparadas com as demais ruas da cidade, as quais o viajante aponta como “todas muito estreitas”, com calçamento constituído por “pedras toscas, restos de antiga pavimentação” ou mesmo “areia movediça ou lamaçais”, que se agravavam com as chuvas; as casas eram “irregulares e baixas”, contrastando assim, com o belo aspecto causado pelas lojas existentes na Rua dos Mercadores, mas também reafirmando a precariedade da urbanização da cidade como um todo, característica comum durante grande parte do século XIX. Tal aspecto descrito por Wallace e por outros viajantes que aqui estiveram, começou a modificar-se com os projetos de urbanização, característico do período áureo da borracha na Amazônia, em fins do século XIX e início do XX.





Uma nova ordem econômica nascida com o advento da República impôs uma reordenação no meio urbano, através de políticas que objetivavam o embelezamento e a remodelação de hábitos e costumes sociais, que deveriam estar equiparados aos padrões europeus de civilização. Tal modelo de urbanismo moderno ganha notoriedade em Belém durante a administração do intendente Antônio José de Lemos, o qual reorganiza o espaço urbano em consequência da nova condição da cidade, como principal porto de escoamento da produção da borracha. Nesse período, o que hoje é o centro histórico de Belém, representava o modelo de uma cidade européia, demonstrando poder econômico e político patrocinado pela Bela Época que o látex proporcionara.

            No entanto, a partir do ano de 1907, o Pará começa a experimentar os primeiros indícios de sua crise econômica com a perda de espaço no mercado internacional, consequência da concorrência da produção planejada da borracha nos principais países do Oriente. Desta forma, a capital paraense resiste à crise até a década de 1920. A partir de 1930, a cidade de Belém passa por um processo de desaceleração da sua atividade econômica, voltando-se para as atividades industriais, que vão ter a sua concentração no bairro do Reduto.



Mais tarde, entre as décadas de 1950 e 1960, a Rua João Alfredo era considerada um dos principais pontos de encontro da cidade, uma espaço para se apreciar o que havia de melhor na moda tanto nas vitrines das lojas, quanto nas vestimentas de seus transeuntes; característica essa que perdurou por boa parte do século XX. Já na década de 1980 o comércio, anteriormente dinâmico e luxuoso, voltado para as camadas mais abastadas da sociedade local, começa a dar lugar a um comércio ainda mais variado e de caráter popular. Lojas de tecidos, livrarias, óticas, sapatarias, joalherias, farmácias, venda de artigos eletrodomésticos e importados, entre outros, passam a compor a “nova paisagem” da rua. O mercado informal também começa a ganhar espaço, sendo a via tomada pelos já conhecidos camelôs, vendedores de gêneros alimentícios, entre outros ambulantes.

Recentemente, a imprensa local mais uma vez divulgou algumas das diversas medidas a serem tomadas pela Prefeitura de Belém para a desocupação das Ruas João Alfredo e Santo Antônio pelos trabalhadores ambulantes, na tentativa de se fazer “cumprir a lei” regida pelo Código de Posturas do Município, o qual, ao tratar sobre a proteção estética, paisagística e histórica da cidade, recomenda à administração pública a adoção de normas complementares às medidas que visam a desobstrução da via pública para o trânsito livre e preservação da paisagem; a disciplina em relação à exposição de mercadorias; assim como a preservação dos conjuntos arquitetônicos; áreas e logradouros públicos que, pelo estilo ou caráter histórico, sejam tombados. Vale ressaltar que a Rua João Alfredo encontra-se em meio ao Centro Histórico da cidade, tratando-se desta forma, de uma área tombada pela lei nº 7.709 de 18 de maio de 1994.




No entanto, não são somente os trabalhadores ambulantes os “vilões” daquele espaço público. A utilização, muitas vezes inadequada, para fins comerciais dos prédios históricos, e mesmo a subutilização destes são fatores que muito contribuem para a destruição do patrimônio. As fachadas das edificações centenárias cobertas por grandes letreiros multicoloridos que também é infração legal; a utilização dos andares superiores destes prédios como depósitos de mercadorias; as calçadas irregulares e a ocupação das mesmas por gôndolas exibindo os produtos a serem vendidos pelas lojas; a poluição sonora ocasionada pelo alto volume das músicas ou pelo microfone do “animador”, incumbido de chamar a clientela para dentro das lojas; a falta de conservação e o lixo são fatores que ajudam a tornar o espaço urbano ainda mais degradado.

Neste sentido, se faz importante a realização de políticas públicas sérias que visem a preservação do patrimônio da Rua João Alfredo, levando em consideração não apenas a dimensão material do espaço (caracterizada pelos projetos que limitam-se à revitalização de fachadas), mas também a sua dimensão social, envolvendo os trabalhadores ambulantes que fazem parte daquele espaço, os lojistas e suas empresas e a população em geral, na medida em que, sem ações que visam sensibilizar as pessoas para o que precisa ser preservado, não será possível a sobrevivência de nosso patrimônio, nem tão pouco a execução, em sua plenitude, de políticas públicas voltadas pra o patrimônio cultural da uma cidade, do Estado e mesmo de um país.

Texto: Anna Raquel de Matos Castro

Anna Raquel Castro é Historiadora, Especialista em Patrimônio Cultural e Educação Patrimonial, Mestranda em História Social da Amazônia e diretora de comunicação da ASAPAM.
Contato: annaraquelcastro@yahoo.com.br

Imagens: Celso Roberto Abreu

Celso Abreu é fotógrafo, atuando no campo da fotografia há 10 anos. Iniciou suas atividades na Fundação Curro Velho, e possui diversos trabalhos publicados nacional e internacionalmente, este último sobre o arquiteto Antônio Landi. Além de fotografar eventos sociais, possui grande paixão pelo registro da arquitetura, sobretudo a relacionada aos bairros da Cidade Velha e Campina, em Belém – Pará.
Contato: celsoroberto06@yahoo.com.br

Museu Histórico de Alcântar reabre as portas para visitação

MARANHÃO, São Luis - O Museu Histórico de Alcântara (MHA), órgão da secretaria de estado da Cultura, vinculado à administração do Museu Histórico e Artístico do Maranhão (MHAM), inaugurado há mais de sete anos, instalado num casarão da praça Gomes de Castro (praça do Pelourinho) na cidade de Alcântara, reabriu suas portas ao público na quinta-feira (4 de agosto), depois de passar por uma reforma na estrutura física do prédio. 

A reabertura que contou com a presença do secretário da cultura Luis Bulcão, da diretora da casa Lia de Macedo Braga Oliveira, prefeito municipal de Alcântara, autoridades alcantarenses e convidados, aconteceu às 10h e teve na programação de reabertura duas exposições itinerantes: Josué Montello, da Casa de Cultura Josué Montello que permanecerá aberta à visitação por uma semana e,Ditadura-direito à memória e direito à verdade, que poderá ser vista até dezembro de 2011; apresentação do mímico Gilson César, Caixeiras do Divino Espírito Santo de Alcântara. 

As exposições contam com um rico acervo, onde a pertencente à Casa de Josué Montello que vem sendo mostrada em municípios maranhenses desde o ano de 2009, mostra um pouco do acervo da Casa sobre o ilustre escritor maranhense, retratando momentos da vida literária e profissional do escritor, composta por 30 painéis com fotografias, recortes de jornal, correspondências e artigos, 150 livros, entre obras do próprio autor e de outros escritores maranhenses, além de um vídeo documentário.

A exposição Ditadura-direito à memória e direito a verdade, é um documentário da época do regime militar de 1964 a 1978, doada pela secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República ao Museu Histórico e Artístico do Maranhão, retrata o período da repressão política no Brasil, composta de fotografias, documentos, imagens de pessoas comuns, personalidades políticas, celebridades e artistas falecidos, desaparecidos e presos, textos, letras de música de compositores brasileiros, recortes de matérias jornalísticas da época e de movimentos estudantis secundários e universitários.

“Essa exposição fala da importância daquele período para história do Brasil e é o primeiro passo que os governos federal e estadual dão para que as pessoas tenham acesso às informações abertas daquela época, de um regime fechado da nossa história. Com esse documentário estamos dando aos historiadores um rico material para que a nossa história possa ser reescrita. Com essas duas exposições o Museu de Alcântara reabre com uma nova museografia”, ressalta Luiza Raposo, diretora do MHAM. 

HistóriaO Museu de Alcântara foi criado sob a lei 3.899, de 20 de outubro de 1977, com apoio da Embratur e Maratur, sendo um órgão da Secretaria do Estado do Maranhão (SECMA).

O processo de revitalização de toda a estrutura física do prédio levou dois anos para ser concluído. A turismóloga e chefa do Museu Histórico de Alcântara, Lia de Macedo Braga Oliveira, informa que desde 1948, a cidade de Alcântara, quando completou 300 anos de fundação, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. “Esta reabertura é um resgate da própria cidade de Alcântara, é um momento impar para a população alcantarense e para o Maranhão”, afirma.

Instalado em um belo casarão em estilo colonial do século XIX, o MHA é revestido de azulejos portugueses na fachada, de planta em formato L, janelas em guilhotina, balcões com base de pedra e granil e portais emoldurados em pedra de lioz; o Museu de Alcântara sempre foi palco de visitação de turistas na cidade.

No seu acervo contam peças de mobiliários, louças, objetos adornados e de Arte Sacra com exemplares de santos maranhenses dos séculos XVII ao XIX, em tamanho médio ou natural, além de uma interessante coleção de cabeças de santos esculpidas em madeira, além de vitrines que expõem jóias valiosas do tesouro de irmandades religiosas, como as S. Benedito, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Livramento entre outras, em ouro, prata e pedrarias.

As pinturas antigas como as da igreja Nossa Senhora do Carmo também fazem parte do acervo que compõe o Museu. Todas as peças são oriundas do Museu Artístico do Maranhão (MHAM), da Prefeitura Municipal de Alcântara, da Prelazia de Pinheiro; das irmandades católicas e de doações das famílias da cidade.

O Museu de Alcântara pode ser visitado de terça a domingo, no horário das 9h às 14h e tem uma taxa de R$ 1,00 para entrada, por pessoa.

Fonte: Ascom.Secma - texto: James Esdras / Mario Ferreira / www.revistamuseu.com.br / 08/08/2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Justiça anula tombamento de encontro dos rios Negro e Solimões


KÁTIA BRASIL, DE MANAUS

A Justiça Federal no Amazonas informou nesta quinta-feira que determinou a anulação do tombamento do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, em Manaus, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

No final de 2010, o Conselho Consultivo do Iphan confirmou o tombamento e demarcou uma área protegida de dez quilômetros contínuos do encontro dos rios pelo valor arqueológico, etnográfico e paisagístico.

Órgão ambiental do Amazonas licencia obra em lugar tombado

A anulação do tombamento pela Justiça acolhe ação movida pelo governo do Amazonas, que apoia a construção do terminal Porto das Lajes, na margem direita do encontro dos rios. A obra, que pertence às empresas Log-In Logística Intermodal e Grupo Simões (através da Juma Participações), ganhou na quarta-feira (3) a licença de instação do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas).

Ambientalistas e escritores que integram o Movimento SOS Encontro das Águas contestam a obra. O poeta Thiago de Mello, 85, disse que estava apreensivo com a decisão da Justiça. "Os empresários pensam que com dinheiro pode tudo. Temos que respeitar a obra da natureza", disse o poeta Thiago de Mello.

Na decisão, o juiz Dimis da Costa Braga disse que acolheu o argumento do governo do Amazonas de que houve ausência de consultas e audiências públicas no processo de tombamento executado pelo Iphan.

O Iphan, por meio de assessoria em Brasília, disse que cabe recurso da decisão da Justiça, mas não quis comentar o caso.

No parecer do tombamento, o conselheiro e arqueólogo Eduardo Góes Neves afirmou que uma obra como o Porto das Lajes causaria imenso impacto ao patrimônio arqueológico da área de confluência dos rios Negro e Solimões.

O Iphan negou que a superintendência do órgão no Amazonas deu aval para o Ipaam emitir a licença de instalação da obra. Disse que o processo de licenciamento da empresa Lages Logística, que quer construir o terminal portuário, continua sendo analisado pelo instituto.

Na quarta-feira, o presidente do Ipaam, Antônio Ademir Stroski, disse que o Iphan não definiu as diretrizes restritivas da área tombada, mas concedeu aval para a emissão da licença de instalação da obra. A reportagem procurou Stroski para falar sobre o caso, mas, segundo sua assessoria, ele estava viajando. O governo do Amazonas não se pronunciou sobre a decisão judicial.

Fonte: Folha Online, Poder, 05/08/2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Comércio livre de camelôs

Rua santo antônio deverá ser desocupada dia 22.

Prefeitura vai cobrar reformas em fachadas de prédios.


Apartir do próximo dia 22, nenhum vendedor ambulante
 poderá ocupar a Rua Santo Antonio, no centro comercial de Belém. A determinação da Secretaria Municipal de Economia (Secon) foi acatada pelos trabalhadores do mercado informal, que tiveram uma semana a mais para ficar na avenida, pois a desocupação estava agendada para 15 de agosto. A prorrogação do prazo deu à Prefeitura mais tempo para concluir a infraestrutura nos novos espaços que serão ocupados pelos 180 trabalhadores que estão na Rua Santo Antonio, todos no centro de Belém. O principal deles tem quase 200 metros quadrados e receberá cerca de 130 trabalhadores, na Rua 28 de Setembro, entre Avenida Presidente Vargas e 1º de Março. Chamado pelos trabalhadores de Salmo 28, uma súplica a Deus, o espaço já está calçado, pintado, e já dispõe de dois banheiros químicos. A mudança deste primeiro contingente está prevista para 21 de agosto, conforme acerto entre a Secon e a Associação dos Ambulantes do Centro Comercial de Belém.
Segundo explica o diretor-geral da Secon, Luis Carlos Silva, o Lula, os demais ficarão em outros dois outros locais: a Praça Barão de Guajará e o Espaço Palmeira. Lula diz que os vendedores de mídias piratas deverão comercializar produtos legais para ter direito à realocação. "Vamos dar uma oportunidade aos trabalhadores que comercializam mídias piratas, desde que passem a vender mercadorias legais, como roupas, bijuteiras, e importados", adverte. A desocupação dos principais logradouros da Campina faz parte do projeto de ordenamento do centro histórico de Belém, que fará na Rua Santo Antonio a primeira via coberta da cidade.
A ideia, segundo Lula, é dar ao centro comercial de Belém ares lusitanos, como na Belle Époque. Para isso, a Secon conversa com empresários do entorno, para a restauração das fachadas dos estabelecimentos comerciais ao longo da Rua Santo Antônio, eliminando-se as placas de apelo visual. Lula diz que o projeto está sendo avaliado por órgãos responsáveis pelo patrimônio histórico, como o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel). "A prefeitura vai recuperar toda a infraestrutura da área. Queremos que os empresários restaurem suas fachadas, retirando os letreiros inadequados, e que trabalhassem com um layout similar aos prédios de Lisboa", diz ele.

Cerca de 570 trabalhadores deverão ser realocados em novos pontos de vendas até o final do ano, informa o presidente da Associação dos Ambulantes do Centro Comercial de Belém, Ray Moraes. "Vamos começar pela Rua Santo Antonio, com 180 camelôs. Em seguida serão remanejados os da Rua João Alfredo, que formam um grupo de 260 pessoas. Por último, mais 130 ambulantes devem deixar a Rua Padre Eutíquio", contabiliza. Além do ponto estruturado pela PMB na Rua 28 de Setembro, do Espaço Palmeira e da Praça Barão de Guajará, os vendedores informais também ocuparão um prédio na Rua João Alfredo, o Shopping Real, próximo à loja Visão.

Ambulantes concordam com mudança, mas querem garantias

A realocação dos trabalhadores informais do centro comercial de Belém foi acatada pela categoria, mas ainda há pontos pendentes, segundo o presidente da Associação dos Ambulantes do Centro Comercial de Belém, Ray Moraes. Faltam atrativos nos locais para onde os ambulantes estão sendo transferidos. "Para dar certo, é preciso que a Prefeitura crie subsídios como agências bancárias, farmácias, lotéricas e postos de emissão de documentos. Nosso trabalho é venda por impulso, ou seja, ninguém sai de casa pensando em visitar um camelô", diz ele.
Ele defende também a criação de alternativas, que resguardem os trabalhadores contrários à mudança. "A maioria dos camelôs quer ocupar o Shopping Real. Mas alguns preferem sair do centro comercial, indo para as feiras livres. Outros, pretendem montar o próprio negócio em casa, com o financiamento do Fundo Ver-o-Sol", pontua. O tempo para tomar decisões, segundo avalia Moraes, é curto. "A previsão de entrega da obra no Shopping Real é setembro, ou seja, até o Círio, nenhum ambulante poderá ocupar as vias ordenadas pela Prefeitura", lembra.
Ray Moraes disse que acompanha diariamente a obra do Shopping Real e espera que o que foi projetado, seja cumprido.

Fonte: www.orm.com.br/amazonia  02/08/2011