terça-feira, 5 de julho de 2011

Patrimônio no chão

Demolição de ponte de 105 anos causou revolta em Santa Izabel
EDIVALDO MENDES



Os moradores do centro de Santa Izabel do Pará, distante de 35 quilômetros de Belém, estão revoltados com o prefeito do município, Marió Kató (PMDB). Na quarta-feira passada, dia 29, dizem eles, o gestor teria mandado destruir o que ainda restava de uma ponte datada de mais de um século e que foi obra do senador Antônio Lemos, à época intendente de Belém.
Batizada pelos izabelenses com o nome de Tibiriçá, em homenagem ao filho de Lemos, que contraíra hanseníase e por causa disso foi morar no sítio Moema, construído pelo pai para abrigá-lo, a ponte era uma das poucas referências materiais da história do município e a última de um conjunto de obras que incluía um casarão, já demolido, e de uma praça, que foi toda modificada e hoje se transformou em local de prática de skate.
Os moradores também disseram que a construção de dois bueiros no local da ponte estaria destruindo um manancial de água. A secretária de Cultura de Santa Izabel, Ione Souza, teria se manifestado contra a destruição da ponte. "Mas nós queremos que ela faça isso por escrito, pra gente poder acreditar no que ela anda dizendo na cidade", exigem os manifestantes que, na manhã do ultimo sábado, fizeram uma manifestação no local onde estavam o que restou dos pilares da ponte Tibiriçá, justamente no dia em que a obra completava 105 anos de existência.
Procurado pela reportagem quando participava do Círio em louvor à Santa Izabel de Portugal, padroeira do município, Marió Kató disse que a ordem dada por ele não era para demolir o que ainda restava da ponte, já sem a passarela e os corrimãos originais, que já haviam sido depredados, mas apenas com os quatro pilares de sustentação das cabeças da antiga obra. "A pessoa responsável interpretou mal o que eu disse. Era para construir dois bueiros sem mexer na velha ponte", afirmou o prefeito, se referindo ao funcionário conhecido por Carlito, que foi quem deu início à destruição do patrimônio histórico. Sentindo que a revolta era grande e se disseminava entre a populalação, Marió disse que existe a possibilidade reconstruir a ponte. Os moradores disseram, ainda, que um senhor chamado Shigueo Kanay também ajudou a desmontar a obra feita a mando de Antonio Lemos. Shigueo não foi encontrado para falar a respeito do assunto. "Ele (Shigueo) agiu na calada da noite e acabou de retirar o que ainda restava dos pilares. Isso para abrir espaço pro terreno que ele possui ao lado da ponte, que está sendo loteado", afirmou Diego Sousa.

Historiadora de Santa Isabel, a professora Minervina Souza disse que, com a destruição da ponte do Tibiriçá, restam agora apenas três obras materiais da história do município: o sítio Moema, o grupo escolar Silvio Nascimento e o colégio Antonio Lemos. "Já procuramos o Ministério Público para que peça explicação ao prefeito sobre esse crtime contra nossa história. E vamos recontruir a ponte, do jeito original que ela 
era", garante.

Fonte: www.orm.com/amazonia 05/07/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário