quarta-feira, 27 de julho de 2011

Era uma vez a cidade das mangueiras?

Belém vem perdendo, de forma incessante e rápida, o seu verde urbano”. Esta é a conclusão a que chegaram a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Violeta Refkalefsky Loureiro, Doutora em Sociologia do Desenvolvimento, e o Mestre em Geografia, especialista em geografia urbana, Estêvão José da Silva Barbosa, em estudo publicado no periódico do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA “Novos Cadernos NAEA”.
A especulação urbana e ocupação desordenada do solo estão acabando justamente com o maior símbolo da cidade: as mangueiras. Tombadas pelo Patrimônio como bem de uso comum e preservação permanente, elas são as espécies que sofrem os maiores danos.
E o que é pior. Ao contrário de outras capitais, onde a iniciativa privada é a maior culpada pelos danos ambientais, “em Belém, as ações e omissões do poder público em relação à cidade, respondem mais gravemente que o setor privado, pela deterioração da paisagem urbana, seja no que concerne ao verde, seja no que diz respeito às águas internas da cidade”, apontam os professores.
Com detalhes como a revelação de que as primeiras mangueiras começaram a ser plantadas em Belém em 1780, segundo relatos do arquiteto e também naturalista Antônio Landi, o estudo mostra que foi no governo do intendente Antônio Lemos (1898-1911) que a cidade ganhou a arborização que lhe rendeu o título de cidade das mangueiras, que num futuro próximo pode fazer parte “de um passado nostálgico”.
Os números citados no estudo não deixam dúvidas disso. Se até a década de 60 a cidade ainda era bastante arborizada, nas décadas seguintes houve um decréscimo no plantio de novas árvores e substituição das mortas. O plantio de árvores foi caindo progressivamente, passando de 27.979 mudas plantadas em 1989 para 18.950 mudas, em 1990 e apenas 4.486, em 1991, segundo dados do Horto Florestal da Secretaria Municipal de Urbanismo, citados pelos autores.
Empreendimentos mais recentes, como a construção da avenida Brigadeiro Protásio e a urbanização da Duque de Caxias e da Marquês do Herval, são citados como exemplos de intervenções realizadas pela prefeitura e pelo governo do Estado sem maiores preocupações com a arborização, privilegiando “a melhoria da circulação de veículos e de pessoas”, descuidando da importância das plantas para a melhoria do clima. Na 25 de Setembro, as árvores foram até sacrificadas.
Um verdadeiro crime, segundo os professores, vem sendo cometido contra a cidade. Hoje, a maioria das mangueiras centenárias estão morrendo por contaminação de ervas de passarinho e doenças, sendo que somente 7% delas podem ser consideradas boas.
Constatar isso não é difícil, basta uma rápida passagem pelas principais ruas do centro para se ter uma ideia. Na Gentil Bittencourt com a 14 de Abril, por exemplo, a equipe do DIÁRIO flagrou uma mangueira morta e outra na Magalhães Barata com a Castelo Branco.
A poda de árvores pela concessionária de energia elétrica é apontada também como outro fator preocupante. Uma ação que também não é difícil de flagrar. São podas que muitas vezes deformam e até matam as árvores. As empresas, segundo o estudo, deveriam investir em tecnologia que favorecesse a manutenção das árvores.
POVO
A população concorda com os estudiosos. O motorista de táxi Itamar Lopes diz que “o homem está acabando com a natureza, fazendo mal para ele mesmo” e sugere que o certo era a fiação ser subterrânea. O pequeno comerciante Francisco Abranche, lamentou a perda de uma mangueira bem na frente da casa dele. “A nossa defesa é a árvore. O fio deveria passar por baixo, conservava a vida da árvore”, afirmou.
A vendedora Maricleide Gomes diz que “estão fazendo o que não se deve fazer. Essa avenida (prolongamento da João Paulo II) é um exemplo, eu sou obrigada a usar sombrinha para me proteger”. O fotógrafo Alexandre Pacheco acha “um absurdo, do jeito que está quente o planeta deveria ter mais arborização. Nossas autoridades deveriam pensar melhor e se preocupar mais com o efeito estufa”.

Semma destaca monitoramento e projetos de arborização
A chefe do Departamento de Arborização que está no exercício do Departamento de Áreas Verdes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, engenheira agrônoma Daniele Coury, afirma que todas as mangueiras centenárias de Belém estão sendo monitoradas por uma equipe formada por um engenheiro florestal e uma agrônoma.
Ela informou que as árvores mortas encontradas na cidade estão sendo analisadas e que aguarda resultado de exames do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves para apontar a causa das mortes. Mas pelo menos uma delas, a da Magalhães Barata com a Castelo, foi envenenada, o que foi constatado por meio dos furos que a árvore apresenta no caule. Mas, segundo ela, é também comum as árvores morrerem de causas naturais.
Segundo ela, existe cerca de 10 mil mangueiras na cidade, sendo que 2.300 são centenárias. Este ano, até julho, foram plantadas 191 mudas da espécie. Coury afirma ainda que é preciso levar em consideração que as mudas plantadas, apesar de uma taxa de mortalidade de 10%, estão crescendo e devem-se ter nutrientes suficientes para elas, por isso não se pode plantar indiscriminadamente.
Quanto à arborização no prolongamento da avenida João Paulo II, ela diz que já foram plantadas mangueiras e que espera a colaboração da população para que elas cresçam. Mas reconheceu que árvores foram sacrificadas na 25 de Setembro.
As podas da concessionária de energia, afirmou, são feitas em conjunto com a Semma, mas são diferentes. Enquanto a Semma faz uma poda de manutenção, a concessionária se preocupa somente com os fios elétricos. “As podas drásticas às vezes são necessárias”, justificou, referindo-se ao corte das árvores no tronco, que muitas vezes são feitas para salvar a própria árvore das ervas de passarinho.
Daniele Coury informou que a prefeitura só está aguardando a votação pela Câmara de Vereadores para iniciar o Plano de Arborização Urbana, que tem o objetivo de orientar tecnicamente a população sobre o assunto. O plano, segundo ela, não tem uma meta de plantio, mas dará as diretrizes para isso. “Será uma ferramenta norteadora da arborização”, afirmou.
Daniele lembra ainda que a prefeitura incentiva o cuidado de praças no projeto “Padrinhos de Verde”, por meio do qual empresas e associações podem "adotar" praças e promover a sua manutenção com o apoio técnico da Semma. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br  27/07/2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ufopa inicia salvamento arqueológico no campus

Durante o mês de julho, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) realizará a primeira etapa do salvamento arqueológico do Campus Tapajós, que ocupa parte da área do sítio do Porto, em Santarém (PA). A ação faz parte do projeto “Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico: prospecção e resgate na área de influência direta da construção de diversas estruturas no Campus Tapajós da UFOPA”, que visa a atender à legislação ambiental que protege os sítios arqueológicos do país.

Coordenado pela arqueóloga Denise Maria Cavalcante Gomes, professora do Programa de Arqueologia e Antropologia do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS), o projeto tem permissão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio da Portaria nº 16, de 13 de maio de 2011, para realizar, pelos próximos dois anos, pesquisas arqueológicas na área pertencente ao Campus Tapajós.

“Estamos completamente dentro da lei. Faremos vistoria em qualquer área destinada a construção e, se o local tiver potencial, vamos realizar o salvamento arqueológico antes do início das obras”, explicar Denise Gomes. “Estamos contribuindo para salvaguardar a universidade de problemas com a legislação ambiental. E, como somos arqueólogos e acadêmicos, vamos estudar os vestígios retirados desses locais. Esses são os propósitos do trabalho”.

Nesta primeira etapa serão estudadas duas áreas. “Até o dia 4 de agosto vamos trabalhar em dois locais: a Área 1, que corresponde ao campo de futebol, e a Área 1A, contígua, que corresponde ao viveiro”, explica Gomes. Após a retirada dos vestígios arqueológicos, o local será liberado para construção de novos prédios da universidade.
(Comunicação/UFOPA)

Fonte: www.diarioonline.com.br 18/07/2011

domingo, 17 de julho de 2011

Passado agoniza em Belém

Tombamento dos bairros da cidade velha e campina não muda abandono do Patrimônio histórico da capital

Edna Nunes


Belém corre o risco de ter a sua memória perdida se o poder público não abrir os olhos e tomar uma medida urgente pela preservação dos seus patrimônios históricos. Desde maio deste ano os bairros da Cidade Velha e da Campina - áreas onde a cidade começou a ser construídas - foram tombados como centro histórico da capital paraense. Porém, poucas são as ações voltadas para a recuperação dos imóveis.

No bairro da Campina, por exemplo, a rua Gaspar Viana e a Boulevard Castilho França concentram um número grande de casarões antigos, mas as fachadas e tetos deteriorados revelam a ação implacável do tempo, anunciando a fragilidade do imóvel.
Entre esses casarões está o do comerciante João Alves, de 61 anos, localizado na rua Gaspar Viana com a travessa 1º de Março. Dentro, parte do forro está desabando e as paredes carecem de pintura. Externamente, além da fachada ruída, há janelas quebradas e plantas se criando entre uma fresta e outra no seu topo.
'Esse meu prédio não é tombado, se fosse não pagaria o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Eu pago todos os meus impostos e nunca ninguém veio aqui falar nada', diz ele, lembrando ser proprietário há mais de 20 anos e estar com a documentação definitiva do imóvel.
Outros sinais de abandono ao patrimônio histórico da capital paraense se registram na Boulevard Castilho França, no trecho entre a avenida Presidente Vargas e a travessa Frutuoso Guimarães.
'É um lamento ver como está essa parte de Belém. Há dez anos estive aqui e não era desse jeito e agora está assim, o que os governantes estão fazendo com a cidade de vocês?', questiona a turista maranhense Ana Lúcia Cardoso Farias. Ela comenta que no Maranhão um dos orgulhos do povo é o poder público manter viva a memória da cidade, preservando os prédios históricos. 'Porque um povo que não sente a sua história preservada, esquece de repassá-la', declara.
No bairro da Cidade Velha a situação não é diferente. Ao longo da rua Doutor Assis pelo menos dez imóveis apresentam sinais de abandono, seja pelo poder público, seja pelo proprietário. Alguns até oferecem perigo para o transeunte, por conta do risco de desabamento.
Um deles é o que está localizado na esquina da travessa Alenquer com a Doutor Assis. Segundo Marcos Oliveira, vendedor de uma loja que fica em frente ao imóvel, há poucos meses parte da parede do antigo casarão, em condição de ruína, caiu em cima de um caminhão e só não feriu ninguém, porque os trabalhadores estavam distante do veículo.
Ele afirma que os moradores da área já denunciaram o abandono do prédio à Fundação Cultural de Belém (Fumbel), entretanto, 'os técnicos vêm aqui, fazem uma anotação e não voltam mais', lamenta.
O empresário Manoel Araújo frisa que o correto seria 'acabar com a história de tombamento em Belém, para dar a chance dos moradores providenciarem as obras em seus imóveis e não enfrentar a burocracia exigida para a recuperação de um prédio tombado.'
Manoel não mora em um casarão antigo, mas pelo seu imóvel estar situado em uma área tombada, ele não pode fazer qualquer intervenção sem a autorização do Departamento Municipal de Patrimônio Histórico da Fumbel. 'Eu não entendo o seguinte: se é uma área tombada, por que eu pago IPTU? Até onde sei, quando uma área é tombada como patrimônio histórico, os moradores são isentos desse imposto', diz.
Outro problema que ele observa é a ociosidade do Palacete Pinho que, meses após ter sido recuperado, ainda está sem utilização. Ele sugere à administração pública de Belém que transforme o prédio em um espaço de aprendizagem de música, canto e dança, garantindo às crianças e adolescentes de baixo poder aquisitivo que vivem na periferia da Cidade Velha opções que não sejam as ruas.
Praça das Mercês é retrato do descaso
Para quem pensa que apenas os casarões são desvalorizados, é só fazer uma visita à Praça Visconde do Rio Branco, popularmente conhecida como Praça das Mercês. O logradouro se transformou em banheiro a céu aberto, depósito de lixo e abrigo de moradores de rua.
A presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes da Feira das Mercês, Maria dos Anjos Gonçalves, reclama da falta de atenção da Prefeitura Municipal de Belém (PMB) em relação à praça.
Ela diz que de hora em hora, em plena luz do dia, se vê homens fazendo suas necessidades fisiológicas à luz do dia no espaço, 'como se fosse um banheiro público.'
Em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), a reportagem foi informada pela diretora do Departamento de Projetos de Paisagismo, Daniela Tuma, que há um projeto concluído para ser implementado na Praça Visconde do Rio Branco, respeitando as características históricas do logradouro, por fazer parte do centro histórico.
Ela conta que a praça sofrerá intervenção na sua arborização e iluminação. Além disso, serão recuperados bancos e o monumento do espaço.
Iphan responsabiliza a prefeitura pela manutenção das áreas
A superintendente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará, Maria Dorotéa de Lima, informou que o centro histórico, que abrange o bairro da Cidade Velha e da Campina, é tombado tanto pelo governo federal, por meio do Iphan, quanto pelo municipal, pela Fumbel. Entretanto, cabe à PMB a manutenção das áreas tombadas.
Ela explica que os dois bairros foram tombados como Centro Histórico de Belém no dia 3 de maio deste ano pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília. Entretanto, até hoje a publicação no Diário Oficial da União ainda foi feita. Até ser decidido o tombamento dos dois bairros, Belém contabilizava 23 bens tombados pelo Iphan, correspondente a cerca de 800 imóveis protegidos.
A superintendente explica que a isenção do IPTU está previsto na legislação municipal quando ocorre o tombamento de um imóvel. Porém, anualmente, esta isenção é avaliada e depende do grau de caracterização do imóvel e do seu estado de conservação.
'Porque o sentido dessa isenção é que o cidadão pegue esse dinheiro e invista na conservação do seu imóvel. Por esse motivo, quando o proprietário entra com o processo de isenção, a Secretaria de Finanças do Município, em Belém a Sefim, solicita à Fumbel para fazer a avaliação do prédio histórico', esclarece.
No entendimento de Dorotéa Lima, o poder público municipal está 'jogando dinheiro fora', porque o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) tem sinalizado que quer investir em Belém na área da cultura e só não fez ainda porque não há projetos.
O jornal Amazônia tentou contato com a Fumbel desde o início desta semana, mas não foi possível falar com ninguém do órgão.

Fonte: www.orm.com.br/amazonia 17/07/2011
 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Cidade Velha hoje é cenário


À frente de 50 profissionais, Roger Elarrat inicia filmagens de curta que destaca riqueza cultural da região

As filmagens do curta-metragem "Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João Batista" têm início hoje, no centro histórico de Belém. Baseado na crença popular de que não se deve comer carne ou fruta vermelha na Sexta-Feira Santa e fazendo referências ao mito de Fausto, ao realismo fantástico, ao filme "Coração Satânico" e -até mesmo- ao desenho animado "The Simpsons". O roteiro escrito inicialmente em 2006 por Roger Elarrat teve a colaboração de Adriano Barroso, foi premiado em dois editais de produção de curta-metragem do Ministério da Cultura e da Petrobrás em 2009.
Desde o início deste ano, a equipe para a produção do curta vem crescendo. Parceiros, logística, cronogramas, cenários, cores, adereços e todos os elementos visuais do filme já foram fechados. As filmagens vão ser feitas no centro histórico de Belém, pelas ruas da Cidade Velha, na Rodovia BR-316 e outras locações, protagonizado pelos atores Leoci Medeiros (do grupo "Nós Outros"), Geisa Barra, Nani Tavares, Thiago Assis e André Luiz Miranda.
O diretor, Roger Elarrat, diz que o curta ressalta a importância cultural do Estado. "Em minhas produções sempre busquei valorizar o que temos de bom no Pará. E no ‘Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João Batista’ não seria diferente. Queremos documentar nossa riqueza cultural, visto por olhos paraenses", afirma Elarrat.
Um diferencial do projeto está em associar elementos característicos da oralidade e música regional paraense em uma trama de temática universal que dialoga com qualquer público, em qualquer lugar. É um filme de suspense, mistério e romance ambientado em uma Amazônia ainda pouco explorada pelo grande cinema nacional. O curta-metragem se preocupa, assim, em assinalar aspectos únicos do folclore nortista em um momento tão oportuno para a arte paraense da atualidade se voltar para um resgate cultural do tradicional, do popular.
Compõem a equipe cerca de 50 profissionais, entre eles: Adriano Barroso (roteiro), Camila Kzan (produção executiva), Teo Mesquita (coordenação de produção), Emerson Bueno (coordenação de fotografia), Boris Knez (direção de arte), Leonardo Venturieri (Trilha Sonora), Lozansky Benur (edição), Sônia Penna (maquiagem), Antônio Mauriti (figurino), Otoniel Oliveira (arte gráfica), entre outros profissionais.
O curta-metragem "Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João Batista" disponibiliza informações no blog: www.jambeirododiabo.wordpress.com


Desfecho da história será no carnaval de são caetano de odivelas


"Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João
Batista" narra em 15 minutos a história de João Batista, homem frio, lacônico, do travesso garoto João Batista, que
não se importa em roubar jambos pelo meio da estrada. Por causa disso, ele tem a alma roubada pelo Diabo e, já adulto, parte em uma jornada para confrontar o "Demo" com um único objetivo: recuperar a alma. Mas talvez isso seja tudo imaginação, já que enquanto ele vê seres encantados e criaturas sobrenaturais à sua volta, as outras pessoas veem um simples festejo de boi de máscaras pelas ruas.
João crê ter perdido sua alma na infância e por estar sem ela, sente que está morrendo. Ele não consegue nem dormir, nem comer e nem deixar-se envolver profundamente por Juliana, e está certo que perdeu sua alma em uma brincadeira de moleque. Por isso, os dois partem para o interior do Pará, durante o Carnaval de máscaras, com destino à cidade de São Caetano de Odivelas. E é lá que tudo acontece. O que para Juliana pode ser uma chance de reconciliação, para João Batista será a última chance de confronto com o diabo que o espera escondido entre as máscaras de Carnaval.


Fonte: www.orm.com.br/amazonia  14/07/2011

Cultura ganha incentivo em Ananindeua

Com o objetivo de estimular a produção de projetos culturais, a partir de processo democrático na gestão das políticas e dos recursos públicos na área cultural, a Prefeitura de Ananindeua instituiu o Sistema Municipal de Cultura (SMC). A lei foi sancionada pelo prefeito Helder Barbalho, na última segunda-feira, 11.

O sistema tem sua origem a partir do Plano Nacional de Cultura (PNC), Lei 12.343/10, que estabelece diretrizes para a Cultura na União, Estados e Municípios.

“Com o Sistema Municipal de Cultura conseguiremos saber o que é melhor para a nossa cidade na área cultural, descobrindo, incentivando e promovendo novos talentos locais”, destacou a secretária de Cultura de Ananindeua, Nilse Pinheiro.

A implantação do sistema em Ananindeua mobilizará a sociedade na adoção de mecanismos que permitam definir prioridades e assumir corresponsabilidades no desenvolvimento das manifestações e projetos culturais. Dessa forma, as identidades locais serão fortalecidas por meio do incentivo à criação, produção, pesquisa, difusão e preservação das manifestações culturais.

Com o sistema, a interação da cultura com as demais áreas será reforçada e será assegurada uma partilha mais equilibrada dos recursos públicos da área da cultura. A visão é de que as manifestações culturais possuem papel estratégico no processo do desenvolvimento sustentável do município.

“O sistema veio contribuir e aumentar os investimentos que vinham sendo feitos pelo poder público, além de intensificar a participação da comunidade nas políticas públicas destinadas a cultura local”, explica o prefeito Helder Barbalho.

Para ele, o sistema permitirá que a população defina o que é fundamental para a área. “O município tem uma rica e variada cultura e precisamos investir cada vez mais para o resgate e a divulgação desse setor. Ninguém melhor do que os próprios moradores de Ananindeua para nos dizer onde e como esse investimento deve ser feito”, afirma o prefeito.

A partir do SMC, Ananindeua criará instrumentos de gestão para acompanhamento e avaliação das políticas públicas de cultura, com ampla participação popular e transparência.  (Diário do Pará)



Fonte: www.diarioonline.com.br  14/07/2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Com pouco controle, arqueologia vive explosão no Brasil

Crescimento de trabalho em sítios arqueológicos foi impulsionado pelas obras de infraestrutura do PAC Número de escavações aumentou 19.300% em 20 anos; falta de regulamentação do arqueólogo é problema.
Graças ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), nunca se fez tanta pesquisa arqueológica no Brasil. E nunca se perdeu tanto patrimônio arqueológico.
O aquecimento da economia e a explosão nas obras de infraestrutura fizeram o número de escavações saltar de 5 para 969 entre 1991 e 2010 ""um crescimento de 19.300%.
Somente após 2006, quando o PAC foi lançado, o aumento nas licenças foi de 130%. Este ano deve fechar com 1.300 autorizações ""o uma média de uma nova pesquisa a cada seis horas.
O número de cursos de graduação em arqueologia decuplicou na última década. E o de sítios arqueológicos registrados no Brasil subiu de 15 mil para 20 mil só no último ano, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Esses números escondem um problema: 90% das pesquisas autorizadas são de arqueologia de salvamento ""a "arqueologia de contrato". Exigência legal do licenciamento ambiental de uma obra, esse tipo de pesquisa consiste em extrair o máximo de informação possível de sítios que serão destruídos por estradas, hidrelétricas ou por projetos de mineração
Na semana passada, por exemplo, quando a presidente Dilma apertou o botão que abria as comportas da usina hidrelétrica de Santo Antônio, condenou ao afogamento centenas de petroglifos (murais gravados em pedra pelos índios na pré-história).
Em Santo Antônio, uma empresa contratada por R$ 10 milhões levou 60 arqueólogos ao canteiro de obras e registrou 52 sítios. "O que conseguimos fazer lá não seria possível na academia", disse à Folha Renato Kipnis, pesquisador da USP e arqueólogo da empresa Scientia, que coordenou o resgate em Rondônia.
Nem todos os sítios têm a mesma sorte. O Iphan frequentemente recebe denúncias de empreendedores que, espremidos pelo calendário das obras, atropelam o trabalho dos arqueólogos.
Em outros casos o problema são os próprios arqueólogos: como a profissão não é regulamentada, qualquer pessoa com especialização pode abrir uma empresa e disputar o mercado.  A SAB (Sociedade de Arqueologia Brasileira) propôs recentemente a criação de uma "autorregulamentação" da profissão de arqueólogo. A ideia é que profissionais qualificados ganhem um "selo" para disputar contratos.
A proposta encontra resistências na comunidade, que diz que faltam arqueólogos: são apenas 700 no país.

Fonte: Folha de São Paulo 10/07/2011

domingo, 10 de julho de 2011

Belo centro agora é coisa do passado


Abandono de ruas históricas e bagunça são a cena do comércio
EDNA NUNES
Da Redação


O Estacionamento irregular de carros e motos, mato, lixo, falta de iluminação pública, calçadas quebradas, esgoto a céu aberto, violência e desorganização de vendedores ambulantes, muitos deles comercializando mídia pirata. Este é o cenário das principais ruas históricas de Belém. O resultado disso é que quem vai às compras no centro comercial da capital paraense sofre o incômodo de vivenciar o caos de um espaço que faz parte do patrimônio histórico, tombado pelos governos federal, estadual e municipal.
A dona de casa Sandra Albuquerque está entre os consumidores que reclamam da falta de organização do centro comercial. Ela apontou que uma das dificuldades é a ausência de espaço para que a população possa transitar.
Sandra comentou que duas situações a deixaram irritadíssima por ter ido ao comércio de Belém para comprar roupas: uma foi andar e esbarrar nas pessoas, por falta de espaço para os pedestres, apesar de não ter tanta gente circulando. A outra foi tropeçar nos paralelepípedos, alguns soltos ao longo das ruas.
Ela conta ter o hábito de frequentar a área comercial por ser um espaço onde há uma diversidade de produtos e ainda economizar um dinheiro. Sandra lamenta ver o descaso do poder público para com a Santo Antônio e da João Alfredo, porque é um lugar, enfatiza ela, "histórico de Belém e a prefeitura não dá importância para isso".
A técnica de enfermagem Sônia Maria Ribeiro, de 52 anos, também compartilha da reclamação de Sandra. Ela se diz mais indignada por saber que justamente o bairro da Campina, tornou-se esquecido pelos nossos administradores.
Apesar de entender que a revitalização do centro comercial não é apenas uma competência do gestor municipal, na opinião dela a Prefeitura de Belém deveria ser a primeira dar exemplo, inclusive mobilizando os governos estadual e federal para trabalharem juntos nesse sentido, em especial, observou ela, por abrigar o Ver-o-Peso, considerado a maior feira livre da América Latina.
Maria dos Santos Rego, de 55 anos, há 15 trabalhando na rua João Alfredo, contou que o abandono das ruas se percebe com o crescimento do mato, carros e motos estacionados irregularmente. Não bastasse isso, apontou também a falta de coleta de lixo e acúmulo de entulho.
O problema, segundo Maria, é que a Secretaria Municipal de Economia (Secon) parou de fazer fiscalização na área comercial de Belém e o carro de lixo não aparece com frequência. Por causa disso, enfatiza ela, as pessoas - mesmo trabalhadores da área -, se acham no direito de fazer o que bem entendem na via pública. "Tem gente que mesmo trabalhando aqui no comércio pensa que aqui é um chiqueiro", disparou. 

Sesan diz que limpa, mas vendedores negam

A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) afirmou que a coleta de lixo nas ruas do centro comercial de Belém, o que inclui o corredor João Alfredo-Santo Antônio, é feita diariamente, mas no período noturno, por conta do grande fluxo de pessoas e veículos nessa área da cidade.
"Infelizmente, quando algumas lojas renovam seus estoques, antes ou após a coleta do lixo, as pessoas que descarregam os produtos jogam os resíduos, como caixas de papelão e papel, na rua. Além da coleta, a secretaria faz também a varrição das vias, de manhã e também à noite, retirando pequenos resíduos, como papel de balas entre outros, jogados pelos consumidores. A retirada do mato das vias citadas na reportagem já está na programação, e deverá ocorrer o quanto antes", garantiu a Sesan, por meio de nota.
Mas, para os ambulantes, a explicação da Sesan não corresponde com a verdade. O vendedor Adair José Rosa, há 18 anos trabalhando na João Alfredo, frisou que "abandonaram a gente, pode ver aí (rua João Alfredo) como tá tudo sujo". Ele ressaltou que quando os camelôs chegam de manhã a rua continua suja e "só para ter uma idéia nem lixeira tem por aqui".
Adair informou que no mês de dezembro, por ter muita gente no comércio para fazer as compras para as festas de final de ano, os trabalhadores se reúnem para fazer uma coleta e pagar pessoas para que façam a limpeza das ruas para não perderem a freguesia.

Estacionamentos irregulares atrapalham

Outro problema apontado pelos vendedores é a questão do estacionamento irregular nas estreitas ruas do comércio. Alguns condutores de veículos desrespeitam o direito de ir e vir do cidadão em Belém. É o que entende o aposentado Marcio Ribeiro, de 69 anos. Segundo ele, até a década de 80 era tranquilo andar pelo centro comercial de Belém, mas depois desse período a "desordem foi crescente".
Maior infração foi o flagrante feito a carros de lojas descarregando mercadoria, passando horas sem que o motorista sequer fosse chamado atenção por alguém, por não existir fiscalização.
"Nem carro, nem moto e muito menos esses carros de madeira deveriam estar aqui, porque além de danificar a rua histórica para o município, em alguns locais, deixa a gente ficar sem passagem", denunciou.
Outro problema que ele apontou foi a João Alfredo estar tomado por vendedores de DVDs e CDs pirateados instalados por quase toda a rua e uma boa parte da Santo Antônio. Ele entende que ao permitir o comércio ilegal, é como se o poder público estivesse legitimando o ato criminal.
"Não é proibida a venda de produtos pirateados? Então, por que deixam esse pessoal ficar aqui?", questionou. A proposta dele é que haja um acordo entre os governos municipal e estadual, junto aos lojistas, para que seja feito um grande mutirão em prol da revitalização do centro comercial de Belém.
Fiscalização não consegue conter pirataria

O diretor do Departamento de Comércio e Publicidade em Vias Públicas, da Secretaria Municipal de Economia (Secon), Manoel Ramos, afirmou que o órgão tem feito ações para promover o ordenamento do centro histórico de Belém. Ele adiantou que a Secon tem retornado principalmente no eixo da Santo Antônio e João Alfredo.
Ele disse que é uma preocupação da secretaria o ordenamento dos vendedores ambulantes, inclusive combater a prática dos que se aproveitam do crime de pirataria. "Mas, a nossa capacidade de combate é menor em relação à capacidade de reposição dos produtos pirateados", admitiu.
Manoel contou que a Secon tem conversado com o Ministério Público do Estado e com entidades representantes dos camelôs. Disse também que nos próximos 30 dias será criado um núcleo de trabalho, reunindo várias secretarias, para que seja feito o reordenamento do centro comercial de Belém.
O promotor de Justiça de Direitos do Consumidor, Marco Aurélio Nascimento, reforçou que o poder público não tem conseguido vencer a ação dos vendedores ambulantes de produtos pirateados. Na opinião dele, a solução definitiva para esse problema seria o combate diário, entretanto não há "técnicos e policiamento suficiente", lembrando que essa não é a única prática de crime existente em Belém.
Lojistas contabilizam prejuízos dos anos de descaso

Os lojistas também estão indignados com o descaso para com o centro comercial de Belém. Alguns contabilizam prejuízos devido à falta de conservação do patrimônio histórico. A gerente de uma loja localizada na João Alfredo, Tereza Braga, comentou que este ano está pior, porque não há policiamento e os "bandidos estão à vontade para agir, porque têm certeza que não tem policiamento".
O mais agravante, enfatizou ela, é que a iluminação de ambas as ruas estão precárias e como as pessoas temem circular a partir das 18h, os lojistas são obrigados a fechar cedo porque não têm mais clientela.
O assessor econômico da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belém (CDL-Belém), José Egipto Filho, disse que o problema no centro comercial da capital paraense é estrutural, além disso, ainda há um "descaso da gestão municipal como um todo". Para ele, é preciso que a Prefeitura Municipal de Belém equacione junto ao governo do Estado e federal para que haja a revitalização da área o mais rápido possível.
Na opinião dele, observa-se um desrespeito com a área histórica e que desde a década de 60 a CDL-Belém trabalha para coibir a existência de determinados problemas. Ele lembrou que sempre quando é chamada, a entidade participa para discutir a revitalização do comércio da cidade, entretanto ele contou que nos últimos anos não houve mais nenhuma manifestação para se discutir esse assunto.
Ele entende que a partir do momento que surgem os vendedores ambulantes no centro histórico, não há como negar a problemática social no centro comercial. Porém, enfatizou José Egipto, isso não impede de ordenar a área comercial.


José Egipto lembra que na década de 80 as ruas João Alfredo e Santo Antônio eram supervalorizadas e havia uma demanda expressiva do empresariado, sobretudo, do Nordeste, para conseguir um espaço em uma dessas duas ruas para instalar o seu negócio. Diante disso, ele espera voltar esse período para que os belenenses voltem a fazer compras com tranquilidade nessas áreas.

Fonte: www.orm.com.br/amazonia 10/07/2011


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Museu de Cametá recebe tela restaurada

A tela “Cólera Morbus”, do artista paraense Constantino Pedro Chaves da Motta, será entregue hoje (8) pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) à Prefeitura de Cametá, sendo reintegrada ao acervo do Museu Histórico de Cametá Raimundo Penafort de Sena. Produzida na segunda metade do século XIX, em óleo sobre tela, a tela foi restaurada no laboratório de conservação e restauro do Sistema Integrado de Museus (SIM).
A cerimônia de entrega, que será aberta ao público, marca a reabertura do Museu Raimundo Penafort de Sena e contará com uma mesa-redonda sobre o tema “Processo de Restauração e Preservação do Patrimônio Cultural”, com os técnicos do SIM. O museu foi readaptado para receber a obra.
“Cólera Morbus” é considerada uma preciosidade do patrimônio cultural da cidade. Mede 3,84 metros de largura por dois metros de altura e se encontrava em total estado de degradação, apresentando perda de elementos estéticos, infestação por cupins, rasgos no tecido, além da oxidação que não permitia a apreciação da cena idealizada pelo artista sobre a epidemia de cólera que assolou o município de Cametá nos idos do século XIX.
A restauração foi acompanhada por uma pesquisa histórica realizada pela equipe do SIM. Juntamente com a tela restaurada serão doados ao Museu Histórico de Cametá dois painéis expositivos sobre a obra e o artista.
Para subsidiar futuras pesquisas e consultas, também será repassado ao museu um dossiê sobre o processo de restauro, textos e artigos publicados sobre a obra. Um dos trabalhos é do historiador Augusto Meira Filho e foi apresentado em 1975, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com o título “Contribuição à História da Pintura na Província do Gram-Pará no Segundo Reinado: Esboço Biográfico de um Pintor Esquecido”.
Neste mês de julho uma equipe do SIM estará em Cametá para acompanhar o trabalho de montagem da tela no seu local de exposição.

Vida e obra do artista

Constantino Pedro Chaves da Motta nasceu em Belém em 10 de junho de 1820. Filho de Ferreira da Motta e Maria Úrsula, se aperfeiçoou na arte do desenho e pintura em Roma no ano de 1847, na qualidade de pensionista (bolsista) da Província do Grão-Pará, retornando a Belém em 1855.
Em 1856, o então Presidente de Província, Henrique de Beaurepaire Rohan, encarregou Constantino Pedro Chaves da Motta de compor um painel sobre a dedicação do falecido Vice-Presidente Ângelo Custódio Corrêa, vitimado pela cólera no ano anterior, evocando a memória do “tão prestante cidadão”. Esta encomenda era igualmente uma forma de avaliar seus estudos de pintura na cidade italiana, custeados pela administração provincial. Deliberou ainda o Presidente que o artista fosse a Cametá colher informações e detalhes paisagísticos da cidade para seu projeto. Ao artista coube então o feito de expressar por meio das tintas a homenagem dos governantes, frisada em seus Relatórios Provinciais, pela ação de Ângelo Custódio Corrêa em tempos de cólera.
Entre suas atividades de artista, Constantino da Motta desempenhou também o ofício de professor, sendo nomeado pelo governo imperial professor de desenho e pintura no Colégio Nossa Senhora do Amparo e, posteriormente, no Liceu Paraense e na Escola Normal, criada em 1875.
Em 1889, aos 69 anos, faleceu em sua terra natal, deixando em suas telas a interpretação de um artista acerca dos feitos e personalidades que marcaram o seu tempo, como os famosos retratos que ganharam forma em suas pinceladas. Dentre as suas obras, destaca-se ainda “Retrato de D. Pedro II” (1875). (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br 08/07/2010

terça-feira, 5 de julho de 2011

Arqueologia da amazônia nos EUA

Aspectos das descobertas arqueológicas realizadas em Rondônia na área de influência das Usinas do Rio Madeira, achados no Acre e em algumas regiões amazônicas do Brasil e da área internacional estão sendo promovidas no livro Arqueologia da Amazônia Tridimensional do ativista e jornalista ambiental Hercules Góes. O autor pesquisa o tema há alguns anos na Amazônia através dos seminários internacionais de sustentabilidade.

Estas questões de interesse da comunidade internacional, além da questão do desmatamento da sela amazônica, da busca pela diminuição dos gases de efeito estufa e do alvo pela justiça climática estão no livro que será lançado em algumas comunidades latino americanas, como na grande Los Angeles e também em Nova York.O mês de julho foi o escolhido por ser o período onde os americanos estão focados nos festejos da independência, onde há abertura maior para difusão e recepção de temas nacionalistas inclusive de outros povos e culturas.A Editora Ecoturismo e a Revista Ecoturismo promovem e apóiam estes lançamentos durante todo este mês, e servindo para reforçar a imagem de busca de equilíbrio sustentável das pessoas e entidades na região amazônica no momento em que o Brasil se prepara para receber a Rio Mais 20, a Conferência de Mudanças Climáticas após a Eco 92 e comprometido com a transição para uma economia verde com baixo carbono.O livro Arqueologia da Amazônia Tridimensional trata também de estudos e pesquisas das comunidades indígenas amazônicas neste equilíbrio sustentável, abrindo ênfase para a tribo comandada por Almir Surui e seus projetos que foram encampados pelo Google mudando a cara daquele portal com viés damazônico e indigenista.Os temas são parte do último seminário realizado em Rondônia em 2010 denominado Seminário Internacional de Sustentabilidade e preparatório da 9ª edição do mesmo evento em novembro de 2011 na capital rondoniense, com a presença de arqueólogos renomados, ambientalistas e membros da classe política discutindo o papel das Usinas do Rio Madeira, Belo Monte e compromissos com metas sustentáveis que serão levadas a Cop 17, bem na rota da Rio Mais 20 que acontecerá  no próximo ano no Rio de Janeiro no Brasil.Os lançamentos acontecerão em diversas comunidades ao longo do mês de serão divulgados durante este período.O autor que é amazônico lembra que nos EUA há grande preocupação pelas novas tendências da região, principalmente com a proliferação das Usinas Hidrelétricas amazônicas, e pela busca de metas de redução do desmatamento.
Jéssica Amador - Assessoria de Imprensa da Editora Ecoturismo www.revistaecoturismo.com.br


Fonte: Jornal O Nortão http://www.onortao.com.br 5/07/2011

Orla santarena é dos peixes

Obras de arte em miriti representando os formatos típicos da região adornam passeio à beira do rio Tapajós



Em comemoração aos seus 350 anos -celebrados no último dia 22-, no município de Santarém, localizado na região oeste do Pará, foi exposto na orla da cidade um cardume de esculturas gigantes representando os diferentes formatos dos peixes comuns à região tapajônica. Depois de seis dias expostas na orla santarena, a instalação denominada "Piracaia" passou a fazer parte de um espaço permanente. Ela poderá ser visitada, por tempo indeterminado, no Espaço Pérola do Tapajós, do Parque Municipal de Santarém, com entrada gratuita. A instalação foi realizada pelo Governo do Estado do Pará, por intermédio da Fundação Curro Velho e contou com a parceria da Prefeitura de Santarém.
A exposição foi o resultado da oficina de Esculturas em Fibras de Buriti (miriti), ministrada pelos instrutores Bruce Cardoso e Luis Carlos Santiago, da Fundação Curro, sob coordenação de Socorro Colares e Walter Figueiredo. Durante 120 horas de criatividade, 40 pessoas, entre elas, artistas, artesãos, arte-educadores da cidade, se reuniram para representar o imaginário caboclo nas estruturas, formas, cores e sabores dos peixes da Amazônia, elementos de uma verdadeira e farta Piracaia (termo que remete a ações da sociedade em torno da pescaria).
De acordo com Dina Oliveira, superintendente da Fundação Curro Velho, a escolha do tema e do material usado para fabricação das esculturas foi pensado para valorizar a cultura do município de Santarém. "Através da junção de criatividade dos artistas, foram projetadas dez esculturas, que transmitem a mensagem da valorização da fartura da fauna e flora do local. Para esta instalação pública escolhemos os peixes e miriti para ressaltar respectivamente este ponto", afirma Dina Oliveira.
A orla de Santarém esteve pequena para comportar a população visitante que queria estar próximo das esculturas gigantes para tirar fotos e lembrar o momento de identificação com a cultura local. Havia uma identidade afetiva do público com a visualidade cênica. Grande parte da população da cidade esteve presente, visitando a poética visual.
Ainda segundo Dina Oliveira, a exposição "Piracaia" superou as expectativas dos envolvidos no projeto. "O que foi projetado inicialmente foi executado com sucesso e foi além de todas as expectativas que nós tínhamos. A participação do público foi intensa. Eles interagiram bastante, numa verdadeira intervenção pública, nosso objetivo principal", comenta a superintendente da Fundação Curro Velho.

Cidade é famosa por praia e festa do Sairé
Herança da colonização portuguesa ao longo do rio Amazonas, a cidade de Santarém data do século XVII. É ponto de escala entre Belém e Manaus. Quem chega ao município presencia o encontro das águas do barrento Amazonas com o esverdeado rio Tapajós. Por quilômetros, as águas dos dois rios podem ser distinguidas, correndo lado a lado.
Santarém possui antigos solares novecentistas, que remetem para tempos antigos, simbolizado pelo Muiraquitã -um pequeno amuleto de jade, em forma de sapo-, ligado à lenda das amazonas, que deu nome ao grande rio.
Nos arredores, fica localizada Alter do Chão, praia de areias alvas, água clara, morna e de um azul transparente. Ela é a mais bela entre as dezenas de praias ao longo do Tapajós, além de ser parada obrigatória dos transatlânticos que percorrem o Amazonas. Alter do Chão também é palco da festa do Sairé, uma das maiores manifestações culturais do oeste do Pará. Outro destaque de Santarém é a floresta nacional do Tapajós. Suas trilhas sob árvores gigantescas permitem vivenciar o interior da selva primitiva.
Serviço
Exposição permanente de esculturas "Piracaia", no Espaço Pérola do Tapajós, no Parque Municipal de Santarém. Entrada gratuita.

Fonte: www.orm.com.br/amazonia 05/06/2011

Patrimônio no chão

Demolição de ponte de 105 anos causou revolta em Santa Izabel
EDIVALDO MENDES



Os moradores do centro de Santa Izabel do Pará, distante de 35 quilômetros de Belém, estão revoltados com o prefeito do município, Marió Kató (PMDB). Na quarta-feira passada, dia 29, dizem eles, o gestor teria mandado destruir o que ainda restava de uma ponte datada de mais de um século e que foi obra do senador Antônio Lemos, à época intendente de Belém.
Batizada pelos izabelenses com o nome de Tibiriçá, em homenagem ao filho de Lemos, que contraíra hanseníase e por causa disso foi morar no sítio Moema, construído pelo pai para abrigá-lo, a ponte era uma das poucas referências materiais da história do município e a última de um conjunto de obras que incluía um casarão, já demolido, e de uma praça, que foi toda modificada e hoje se transformou em local de prática de skate.
Os moradores também disseram que a construção de dois bueiros no local da ponte estaria destruindo um manancial de água. A secretária de Cultura de Santa Izabel, Ione Souza, teria se manifestado contra a destruição da ponte. "Mas nós queremos que ela faça isso por escrito, pra gente poder acreditar no que ela anda dizendo na cidade", exigem os manifestantes que, na manhã do ultimo sábado, fizeram uma manifestação no local onde estavam o que restou dos pilares da ponte Tibiriçá, justamente no dia em que a obra completava 105 anos de existência.
Procurado pela reportagem quando participava do Círio em louvor à Santa Izabel de Portugal, padroeira do município, Marió Kató disse que a ordem dada por ele não era para demolir o que ainda restava da ponte, já sem a passarela e os corrimãos originais, que já haviam sido depredados, mas apenas com os quatro pilares de sustentação das cabeças da antiga obra. "A pessoa responsável interpretou mal o que eu disse. Era para construir dois bueiros sem mexer na velha ponte", afirmou o prefeito, se referindo ao funcionário conhecido por Carlito, que foi quem deu início à destruição do patrimônio histórico. Sentindo que a revolta era grande e se disseminava entre a populalação, Marió disse que existe a possibilidade reconstruir a ponte. Os moradores disseram, ainda, que um senhor chamado Shigueo Kanay também ajudou a desmontar a obra feita a mando de Antonio Lemos. Shigueo não foi encontrado para falar a respeito do assunto. "Ele (Shigueo) agiu na calada da noite e acabou de retirar o que ainda restava dos pilares. Isso para abrir espaço pro terreno que ele possui ao lado da ponte, que está sendo loteado", afirmou Diego Sousa.

Historiadora de Santa Isabel, a professora Minervina Souza disse que, com a destruição da ponte do Tibiriçá, restam agora apenas três obras materiais da história do município: o sítio Moema, o grupo escolar Silvio Nascimento e o colégio Antonio Lemos. "Já procuramos o Ministério Público para que peça explicação ao prefeito sobre esse crtime contra nossa história. E vamos recontruir a ponte, do jeito original que ela 
era", garante.

Fonte: www.orm.com/amazonia 05/07/2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Último registro de verequete

O mestre do carimbó gravou cinco composições para o 


cd que acaba de sair e será lançado no dia 14


Há dois anos morreu Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete. O corpo franzino, já visivelmente abatido, sucumbiu aos 93 anos de idade. Verequete era um homem simples, que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas em sua longa vida, se transformava em um verdadeiro rei quando estava em seu local predileto: a roda de carimbó.
Verequete gostava tanto de mostrar o seu trabalho, que mesmo com a saúde já bastante debilitada não hesitou quando, em 2008, foi convidado para gravar um novo álbum ao lado do seu grupo Uirapuru. Em maio daquele ano, o músico foi até os estúdios da Ná Figueredo com o objetivo de começar os ensaios para o CD, mas a doença que o vitimou, não permitiu que ele retornasse ao estúdio para concluir o trabalho.
"A ideia do grupo Uirapuru era gravar um álbum com o Verequete cantando. Mas, depois do primeiro ensaio, onde ele gravou o guia de cinco músicas que iriam compor o CD, Verequete ficou doente e não conseguiu mais retornar ao estúdio. Então, o projeto do álbum ficou de lado", explica o empresário e dono do selo Ná Music, Ná Figueredo.

De lado, mas não esquecido. Depois de um grande processo de edição para que as guias gravadas por Verequete pudessem ser apreciados pelo público, o álbum deixado de lado em 2008 foi concluído.

"Uirapuru Chama Verequete", que tem o selo Ná Music, chegou há uma semana da fábrica e, além das cinco músicas cantadas pelo mestre, conta com mais dez faixas do grupo Uirapuru, que são de autoria de Cancan e Manezinho do Sax. O álbum já está à venda nas lojas Ná Figueredo e, brevemente, na livraria Saraiva.

"Eu nasci em Bragança", "O Carimbó do Açaí", "O Ralador", "Homenagem à Virgem" e "Nós somos o Uirapuru" são as músicas compostas e cantadas por Verequete. "As músicas ‘Nós somos o Uirapuru’ e ‘Homenagem à Virgem’ são inéditas e nunca foram cantadas pelo mestre em nenhum show", informa Augusto Rodrigues, o filho de Verequete.

O show de lançamento será no próximo dia 14, no Sesc Boulevard. O evento contará com a apresentação do grupo 
Uirapuru e exibição do documentário "Chama Verequete".

Fonte:Jornal Amazônia www.orm.com.br/amazonia 04/07/2011

sábado, 2 de julho de 2011

SÉRIE IMAGENS DO PATRIMÔNIO: Carimbó - Expressão como Cultura.

Elementos culturais do Carimbó.
Fonte: Jeancarlo Carvalho

No Pará, região norte do Brasil, a manifestação cultural conhecida como Carimbó sintetiza uma prática que reúne valores, símbolos e elementos da cultura paraense, e acima de tudo brasileira. Além de demonstrar, em suas peculiaridades, fatos relevantes para a construção da história regional e nacional, em sua essência formada por três povos: o africano, o português e o silvícola, expressa também a riqueza da diversidade inerente a estas culturas.

Mestre e Pesquisadores do Carimbó em Santarém Novo, 2005.
Fonte: Jeancarlo Carvalho

O Carimbó pode ser evidenciado em vários municípios e vilarejos paraenses. Por exemplo, Marapanim, defendido pela sua comunidade como o berço do Carimbó: o seu povo possui como característica a humildade, a simpatia, mostrando-se orgulhosos das riquezas naturais, culturais, históricas e turísticas. O Município de Santarém Novo possui uma particularidade excepcional: lá se dança o Carimbó de paletó e gravata, as mulheres, são “comportadas”, os seus rebolados não são tão sensuais, como ocorrem em outras regiões onde o Carimbó é praticado, se diferenciando dos conceitos de sensualidade sempre salientados pela mídia e estudiosos do Carimbó. Por sua vez, Belém, adaptando esta expressão cultural à modernidade e inserindo equipamentos musicais eletrônicos, faz com que os conceitos dados a esta cultura sejam novamente revistos. Nisto tem-se o conflito entre o tradicional e moderno, que nos últimos anos é recorrente em rodas de conversas de diversos setores sociais, principalmente quando envolve a Cultura Popular.


Mestre Verequete recebendo a comenda  da Ordem do Mérito Cultural.
Fonte: http://revistaraiz.uol.com.br

É importante compreender que o Carimbó não é somente uma música ou uma dança apresentado por casais “dançadores” com roupas e saias coloridas que dançam em uma roda, como sempre é descrito nos livros, manuais e textos acadêmicos. Esta manifestação é bem mais que isso, envolve pessoas, seus saberes e fazeres, o domínio da técnica (arte) da fabricação de instrumentos rústicos (curimbós, flautas de madeiras, banjos, reco reco dentre outros), o cotidiano, o seu modo de vestir, de cantar, de falar, o relacionamento social, econômico e político. Enfim, uma infinidade de possibilidades que seriam impossíveis de se definir por um conceito singular para esta prática cultural e, ainda afirmar que é somente uma particularidade regional, sem importância para a história da sociedade brasileira.


Mestre Lucindo.
Fonte: http://marapanimurgente.com.br

Apesar de o Carimbó ser considerado uma arte popular, símbolo da cultura amazônica brasileira, e por certo, de valor excepcional, com o processo de globalização é inegável que os portadores das manifestações culturais tradicionais, que são os detentores do saber e fazer, principalmente de comunidades interioranas no Brasil, são os que mais sentem os efeitos da assimilação de valores culturais externos e a desvalorização pela sociedade. Por este motivo, esta manifestação está prestes a ser reconhecida pelo governo federal como expressão da cultura imaterial do Brasil, reconhecimento este, que significará o registro oficial como Patrimônio Cultural Brasileiro.  E este processo irá contemplar o carimbó com um caráter oficial, e certamente trará mais visibilidades e reconhecimento devido para os detentores da cultura do Carimbó. O registro de fato é meritório, a continuidade desta expressão popular é fundamental e a sua produção e promoção cultural deve ser cuidadosamente analisada por toda a sociedade para a continuidade deste bem imaterial.

Mestre Venâncio.
Foto: http://baioaras.nafoto.net

Comunidade de Santarém Novo na Roda do Carimbó.
Fonte: Jeancarlo Carvalho

Texto, imagens e pesquisa de imagens: Jeancarlo Carvalho.

Presidente da ASAPAM, Jeancarlo Carvalho é licenciado em História pela Universidade Estadual do Maranhão, especialista em Patrimônio Cultural e Educação Patrimonial, coordenador do 1º Encontro de Carimbó na Escola (Colégio do Carmo, 2008). Contato: jeancarlop@msn.com