Imagem: Três momentos da Procissão dos Vaqueiros em Cachoeira do Arari. INRC-Marajó. Fonte: Acervo Iphan-PA |
A
devoção a São Sebastião na região do Marajó é fundamental para a construção e
afirmação da identidade cultural marajoara. Representa a diversidade e a
singularidade da região, na forma como se estrutura e se desenvolve, com
elementos próprios. Ao mesmo tempo, possui relevância nacional, na medida em
que traz elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da
sociedade brasileira. Esta é a conclusão do Departamento de Patrimônio
Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPI/IPHAN)
ao avaliar a proposta de Registro das Festividades do Glorioso São Sebastião do
Marajó como Patrimônio Cultural do Brasil.
O
parecer do DPI destaca ainda a longa continuidade histórica das festividades,
realizadas por mais de um século no Marajó.
A
proposta de Registro será apreciada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural do IPHAN no próximo dia 27 de novembro, a partir das 10h, em sua sede
localizada em Brasília.
Festividades
de São Sebastião
O
culto a São Sebastião teria surgido no século IV e atingiu o auge entre os
séculos XIV e XV. Em Portugal, há pelo menos 92 igrejas em sua homenagem, e no
Brasil é padroeiro de 144 paróquias. Provavelmente, essa devoção foi levada à
região do Marajó no período da colonização portuguesa.
A
partir do pedido realizado pelo Museu do Marajó, com o apoio da Irmandade do
Glorioso São Sebastião de Cachoeira do Arari e anuência de outros municípios da
região, o registro das celebrações em honra a São Sebastião, tido como protetor
e advogado dos marajoaras, simboliza a importância deste santo para o Marajó,
despontando como uma das manifestações mais importantes da região.
A
mesorregião do Marajó é composta por 16 municípios, distribuídos em três
microrregiões. Durante o inventário realizado pelo IPHAN, foi possível
identificar a festividade em pelo menos 14 municípios. A instrução do processo
de registro teve início em 2007, com a realização da pesquisa em Cachoeira do
Arari, sendo complementada no ano de 2009 com a identificação da festividade em
todo o Marajó.
No
município de Cachoeira do Arari, localizado na microrregião do Arari, a
festividade é realizada há mais de 150 anos e atrai centenas de visitantes.
Atualmente, a “Festividade em honra ao Glorioso São Sebastião” acontece todos
os anos entre os dias 10 e 20 de janeiro, composta por procissões, ladainhas,
danças nos barracões, levantação do
mastro e arraiás,
além de eventos esportivos como a luta marajoara. Nos meses que precedem a
festa ocorrem as esmolações, com
coleta de donativos para sua realização. Folias e ladainhas expressam o forte
sentimento de fé da população local, mesclando elementos do catolicismo oficial
com o popular, assim como com a pajelança cabocla.
A
manifestação popular na região do Marajó já é reconhecida como Patrimônio
Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Pará, pela lei 7.377 de 6 janeiro
de 2010.
O
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O
Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por
especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e
arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos
Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a
Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação,
o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos
Museus – Ibram, a
Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da
sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do IPHAN.
Ao
todo são 28 bens culturais registrado em todo o país, de acordo com o Decreto
3.551 de 4 de agosto de 2000, que institui o Registro de Bens Culturais de
Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial do IPHAN.
Caso aprovado pelo Conselho Consultivo, as “Festividades do Glorioso São
Sebastião do Marajó” poderá ser o próximo bem inscrito no Livro
de Registro das Celebrações, compondo a lista de celebrações
registradas juntamente com o Círio de Nossa Senhora de Nazaré/PA, a Festa do
Divino Espírito Santo de Pirenópolis/GO, a Festa de Sant’Ana de Caicó/RN, Complexo
Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão (MA), Festa do Divino de Paraty (RJ) e
Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim (BA).
Via: Assessoria de Comunicação do IPHAN
O triste é que a madeira que era utilizada para fazer o mastro de São Sebastião (um dos ícones da festividade) que era retirada da mata das cuieiras no município de Cachoeira do Arari não poderá mais ser retirada... Depois de 150 anos, a tradição foi quebrada! O motivo é que a mata ficava na propriedade que está sendo utilizada pelos arrozais que estão sendo plantados nos municípios, e o proprietário, o deputado federal Paulo César Quartiero mandou derrubar TODA a mata que existia na região há gerações!!! E o mais triste é que NINGUÉM está fazendo NADA... Nem sequer o Ministério Público... muito estranho não!?
ResponderExcluirE agora que a cultura degradadora dos arrozais está afetando um patrimônio cultural, o que a ASAPAM tem a dizer sobre isso?????
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