quinta-feira, 31 de março de 2011

Igreja de Sant'Ana: Sem pagamento, obras de igreja paralisam

Desde segunda-feira, as obras da quinta etapa do restauro da igreja de Nossa Senhora de Sant´Ana, localizada na travessa Manoel Barata, bairro do Comércio, estão paradas. O motivo é o atraso no pagamento de quatro meses de serviços prestados pela empresa Decol Engenharia. O montante de R$ 420 mil teria que ser repassado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A quinta etapa, que compreende o restauro das imagens, quadros e pintura da fachada, iniciou no dia 16 de outubro do ano passado. Segundo a arquiteta responsável pela obra, Anésia Meira, o único pagamento que foi feito foi o de novembro. “Nós já procuramos o Iphan para informar que estamos cruzando os braços por falta de pagamento. Até diminuímos a equipe para apenas 16 funcionários, mas mesmo assim ficou difícil de trabalhar sem dinheiro. Temos muitos encargos”.
Segundo a arquiteta, a medida adotada pela empresa está amparada legalmente. “A lei 8666 que rege as licitações diz que com mais 90 dias de atraso no pagamento, a empresa pode, sim, parar o serviço”.Na tarde de ontem, a empresa avisou oficialmente que iria deixar a igreja e só voltaria quando fosse feito o pagamento.
“A arquiteta do Iphan Tatiana Borges esteve aqui para ver como estamos deixando a obra. Mas antes de tomarmos a decisão de parar conversamos com a superintendente regional do Iphan e ela sempre dizia que estava verificando a situação e que não passaria de março, mas não foi o que aconteceu”.
Uma das preocupações da arquiteta é com o destino das telas e imagens sacras que já foram restauradas. Com a paralisação, as obras sacras ficaram expostas no meio da nave da igreja. “Já restauramos as 14 telas da Via Sacra e faltam apenas quatro molduras. Tem também as imagens, grande parte já está pronta também. Elas não podem ficar aqui de qualquer maneira porque pode comprometer todo o nosso trabalho”.
A reportagem procurou a Superintendente Regional do Iphan, Maria Dorotéia de Lima, mas não teve resposta. A arquiteta Tatiana Borges, que esteve ontem na igreja, disse que não poderia dar informações. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br  31/03/2011

terça-feira, 29 de março de 2011

Amazônia terá museu organizado por índios


Instituição sobre a história e os costumes da etnia ticuna trará exposições organizadas pelos próprios membros da tribo
por Graziella Beting
Coleção particular
Moradores de uma aldeia ticuna em fotografia do século XIX
Um museu sobre índios, feito por eles mesmos. Essa é a ideia da instituição que será criada na cidade de Benjamim Constant, a 1.000 km de Manaus. Dedicado às tradições da etnia ticuna, do Alto Solimões, no Amazonas, o museu vai expor coleções reunidas pelos próprios membros da comunidade e documentos sobre a história e os costumes da tribo, que conta com 30 mil pessoas.
O projeto, porém, não envolve só os índios. A organização institucional ficará a cargo do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cultura, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O Ibram repassou uma verba de R$ 93 mil para a UFRJ, que cuidará do treinamento de membros da etnia para organizar o museu e criar um site na internet.
O projeto do museu ticuna existe desde os anos 1990, mas teve dificuldades – principalmente financeiras - para sair do papel. A instituição será instalada na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru. Há projetos para futuramente criar módulos do museu em outras aldeias de índios ticuna em Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá e Santo Antônio do Içá.
  
Fonte: Revista História Viva -  http://www2.uol.com.br/historiaviva/


domingo, 27 de março de 2011

Ver-o-peso: 384 anos! Diário desvenda histórias do Ver-o- Peso

São duas da manhã e as mercadorias chegam em grande número para os feirantes e revendedores do Ver-o-Peso. Em frente ao Solar da Beira, vários carros descarregam sacos de frutas, legumes e verduras, carregados incessantemente por homens. Um surge com um tabuleiro onde estão à venda canetas, fósforos, tesouras, alicates e lanternas. “Tenho tudo que é de primeira utilidade, a caneta pro comerciante anotar, a lanterna pra focar o peixe”, diz Rômulo Souza, que há 15 anos sustenta as filhas como ambulante.
Na esquina da Boulevard Castilhos França com a avenida Portugal, dezenas de barcos se amontoam. “Isso aqui é um ‘rebuceteio’ de gente. Bandido e pai de família lutando. Tem uma magia”, filosofa seu Sena, em meio a anúncios de carne acebolada e correio sentimental disparados da sua ‘moto-som’. Na Pedra do Peixe, o ritmo é frenético: um caixote carregado de maparás pode nocautear os mais desatentos.
Doses de R$ 0,50 a R$ 10 de cachaça e conhaque são oferecidas para dar aquela aquecida. O vento é frio e o cheiro de pescado fresco se mistura aos temperos. Também atiça o olfato o café compartilhado por vários. Seu Zezé, “no mar” há 30 anos, diz que ali chega e ali finda. “Aprendi a vida aqui nessa beirada”, entrega. E é na beirada que não dá pra enxergar a água da baía: é grande quantidade de lixo e pele de peixe jogada pelos peixeiros.
Cachorros lambem as verduras. Os comerciantes que aproveitam para ‘fazer a feira’ não parecem se importar. Na Praça do Relógio, encarregados dos caminhões que transportam para outros mercados se unem aos feirantes para jogar cartas. Na Feira do Açaí, o tecnobrega soa. Rasas (espécie de cestas) são jogadas para os que trazem açaí nos barcos.
“Se tiver com massa tá bom, se tiver só casca não presta. Esse açaí é de Macapá, na verdade, da parte da Ilha do Marajó que fica mais longe e é melhor que o pouco açaí de inverno daqui”, ensinou o freguês Estevão Nascimento. Adiante, homens dormem em pedaços de papelão espalhados pelo chão. O manto da noite vai dando vez aos primeiros reflexos da manhã.
É hora de comer a “pata da vaca”, sopa revigorante oferecida com entusiasmo pelo comerciante Paulo Santiago. Os sinos da Catedral da Sé anunciam as seis da manhã e os ônibus já circulam intensamente pelas ruas. Agora são as barracas de comida que saciam a fome dos que passam e vivem naquele lugar onde pulsa o coração de Belém. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br 27/03/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pesquisa aponta artesanato ainda fora da escola

Uma pesquisa, intitulada “Corporealidade e Corporegionalidade: do processo criativo à expressão do lúdico regional”, coordenada pela professora Elizabeth Pessôa Gomes da Silva, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Desenvolvimento, da Universidade da Amazônia (Unama), mostra a relação dos artesãos paraenses com a sustentabilidade e o desejo que esses artistas têm de ver sua arte sendo trabalhada dentro das escolas.
O estudo, que também contou com a participação da professora Ana Claudia Vallinoto e das bolsistas Taiana de Miranda, Nayara de Souza, Jennyfer Barbosa e Lucicleide Ribeiro, mapeou artistas de Belém, Mosqueiro, Icoaraci, Baixo-Acará e Abaetetuba, cada um com sua especificidade.
Em Mosqueiro, foi observada a produção da varinha bordada que, segundo a coordenadora do projeto, veio se manifestar nos anos 40 e 50 e, com uma nova possibilidade, vem mantendo seus traços culturais, porém com uma contextualização histórica. Em Icoaraci, a pesquisa focou os artesãos da cerâmica. Segundo a pesquisadora, os artistas também trabalham com outras linguagens artísticas, como madeira e cabaças. “Eles têm outras propostas, independente da cultura indígena. Eles trabalham outros tipos de adequações, modificando, inclusive, a proposta inicial que é a própria cerâmica”, explica Elizabeth.

CIPÓS
No Acará, o foco foi acentuado nos artesanatos de cipós, com várias modalidades e tipos, bem como nas fibras vegetais. Já em Abaetetuba, as pesquisadoras encontraram o trabalho com miriti e uma associação 100% organizada, com novas propostas de manifestação de artesanato, melhoradas, inclusive nas suas especificidades mais tradicionais. A pesquisadora acredita que isso está ligado ao fato de essa cultura já ter destaque no Estado.
A ideia de realizar a pesquisa surgiu de uma inquietação relacionada à valorização da nossa cultura. “Queria verificar como ela se encontra, se é valorizada e como é tratada nos meios de educação formal. Nos estudos, percebemos que elas não constam de um conteúdo curricular programático dentro das instituições educacionais. Verificamos que há projetos pontuais, mas não, de certo modo, contextualizados e que mostrem ou acenem para o fato de que tratamos, sim, da nossa arte, da nossa cultura nas escolas”.

EDUCAÇÃO
Dentro das análises dos dados pesquisados, observou-se a sensibilidade para uma cultura ímpar, além do fato de todos eles, dependendo do seu nível educacional, assinalarem para a importância e a tentativa de trabalhar, dentro de um programa organizado, a cultura e a arte deles nos espaços educacionais.
“Eles têm uma entrega absoluta, uma criatividade invejável, pois todos trabalham com vários tipos de materiais e criam todos os dias coisas novas. Eles lamentam haver tão pouco investimento dos poderes públicos instituídos, não somente para se destacarem dentro do cenário local, mas também para levarem a sua arte como programa curricular dentro das escolas”.
As pesquisadoras encontraram projetos isolados, que, mesmo tendo a intenção de contextualizar os traços da nossa cultura, não os colocam em uma programação instituída dentro de unidades educacionais, à exceção de Liceu Raimundo Cardoso e de um projeto com cipó que existe numa unidade pedagógica, também da prefeitura, nas ilhas, o P. Santo Antonio.

MEIO AMBIENTE
No estudo, foi observada uma preocupação dos artesãos com a sustentabilidade ambiental. “Foi surpreendente porque essa variável não constava na nossa coleta de dados, mas que todos nos acenaram, como, por exemplo, a preocupação com as jazidas de barro, que vêm, há algum tempo, causando preocupação pela retirada irregular. O miriti, que já existe, praticamente, só na costa do arquipélago de Abaetetuba, e não mais no município. O mesmo acontece com a varinha bordada e os cipós do Baixo-Acará, que são nativos e, por conta do desmatamento, estão desaparecendo. Na pesquisa, nós propomos que haja uma continuidade, uma proposição de políticas públicas que possam alardear a situação que se encontra essa arte. Pois, sumindo a matéria-prima, nossa cultura desaparece”.
Fonte: Diário do Pará.
www.diarioonline.com.br

terça-feira, 15 de março de 2011

Guitarrada é declarada patrimônio cultural do Pará

 
Mestre Vieira, de Barcarena, foi o precursor do ritmo
A guitarrada agora é patrimônio cultural do Estado do Pará. Publicada no Diário Oficial desta terça-feira (15), a Lei de n° 7.499, de 10 de março de 2011, entra em vigor reconhecendo a importância do ritmo para a cultura do estado e lhe resguardando pelas leis patrimoniais.
O RITMO
Genuinamente paraense, a guitarrada emergiu de municípios ribeirinhos influenciados por ritmos como o carimbó, o choro e até a jovem guarda, além dos ritmos latinos tocados nas rádios caribenhas - captados na frequência "AM" em alguns rádios adaptados no interior do estado.
E foi um técnico em operação de rádio o precursor do ritmo. Joaquim de Lima Vieira nasceu em Barcarena, a 40 Km da capital Belém, e tinha apenas 14 anos quando foi eleito pela Rádio Clube do Pará o melhor solista do Pará, quando ainda tocava choro no bandolim confeccionado pelo seu irmão. Consertando rádios para se manter, o reconhecimento viria quando montou a banda 'Vieira e seu conjunto', e teria o primeiro contato com a Guitarra.
Sem energia elétrica no município de Barcarena, Vieira usou o conhecimento técnico para transformar um rádio em um amplificador alimentado por pilhas, e adotou definitivamente a guitarra como seu instrumento, mostrando por municípios vizinhos sua versão instrumental da lambada. E com o lançamento do primeiro LP de seu conjunto - e suas 08 mil cópias vendidas - nascia ali a Guitarrada, e com ela, o seu precursor Mestre Vieira.
Nos anos 80 o ritmo ganhou força, e outros 'guitarreiros' surgiram. Solano (que também se auto-intitula criador do ritmo), Aldo Sena (que vendia músicas para artistas e rádios) e Curica (que fez parte do grupo de Carimbó do Mestre Verequete) também contribuíram para a popularização do ritmo, que assim como a maioria dos ritmos regionais, não conseguiu disputar espaço nas rádios comerciais e perdeu força na década de 90.
Mas no final dos anos 90, a Guitarrada voltou a ganhar força. Bandas paraenses como o Cravo Carbono assumiram o ritmo como influência ajudaram a difundir o interesse pela Guitarrada. O próprio Chimbinha, discípulo do Mestre Vieira e fundador da Banda Calypso, assumiu a influência da guitarrada em suas composições.
Assumidamente 'guitarreira', a banda La Pupuña (surgida de um projeto de pesquisa sobre as guitarradas) trouxe a renovação do ritmo, misturando batidas eletrônicas e ritmos latinos como a cúmbia e o zouk. Paralelamente, um projeto da Fundação de Telecomunicações do Pará (Funtelpa) resgatava a tradição do ritmo, com o lançamento do disco "Mestres da Guitarrada".
Idealizado pelo produtor Pio Lobato (integrante da banda Cravo Carbono na época), o projeto trouxe Aldo Sena, Curica e Vieira em uma reunião que rodou o mundo, chegando inclusive à Alemanha, em eventos relativos à Copa do Mundo de 2006. Após o fim do projeto, Curica e Aldo Sena seguiram no projeto "Guitarradas do Pará", e Vieira retornou à carreira solo.
Ainda hoje a Guitarrada influencia bandas do Pará, como o 'Caburé' e 'Félix e Los Carozos' (com integrantes do La Pupuña), e bandas de fora do estado como a 'Banda Do Amor' (RJ) e a 'Academia da Berlinda' (PE), e se ainda restava alguma dúvida sobre a importância da guitarrada, a partir de hoje ela é reconhecida por lei. (DOL)
Leia na íntegra a declaração publicada no Diário Oficial de hoje.
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica declarado como integrante do patrimônio cultural e artístico de natureza imaterial do Estado do Pará, nos termos do art. 286 da Constituição Estadual, o ritmo da GUITARRADA.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO, 10 de março de 2011.
SIMÃO JATENE
Governador do Estado

sexta-feira, 11 de março de 2011

UFPA vai inaugurar laboratório

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFPA inaugura hoje o Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (Lacore) de materiais, que será referência na região Norte para projetos de pesquisa em restauração do patrimônio arquitetônico e os bens culturais inerentes ao patrimônio histórico.
Roseane Norat, professora da faculdade e vice-coordenadora do Lacore, explica que será um laboratório de pesquisa e extensão, de apoio a disciplinas afins na graduação e pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo e de Geologia e Geoquímica. “Será voltado para a produção de conhecimento técnico-científico para a conservação, restauração e reabilitação de bens culturais, móveis e imóveis, em áreas e sítios históricos urbanos e rurais, contribuindo para a memória do patrimônio cultural da Amazônia”.
O laboratório estava em fase de implantação desde 2006 pois necessitava equipar-se, processo que foi concluído agora. Graças a financiamentos através de projetos foram adquiridos R$ 100 mil em equipamentos como estufa, forno, moinho, destilador, entre outros. Além da parte laboratorial, o Lacore conta com um banco de dados de materiais antigos e novos, que vem sendo constituído a partir da doações de membros da FAU e da sociedade desde 2005.
“Atuamos de forma interdisciplinar envolvendo as áreas da Arqueologia, das Engenharias, Física, Geologia, Mineralogia, Química e Biologia, e ainda em correlações específicas com História, Artes Visuais, Geografia, entre outras”, explica. Uma das principais atividades do Lacore é o desenvolvimento de pesquisas na área de azulejaria e argamassa, realizando pesquisas que subsidiam obras de restauração, tendo à frente Thaís Alessandra Sanjad, coordenadora do Laboratório.
Roseane diz que o objetivo do Lacore é ser um centro de referência na produção de conhecimento científico e tecnológico e na pesquisa para a conservação, restauração e reabilitação de bens materiais de acervos arquitetônicos e urbanísticos na Amazônia. “Queremos trabalhar com inovação e novas tecnologias sempre nos aperfeiçoando e utilizando nossos alunos do curso de Arquitetura, preparando-os para o mercado, sempre com um olhar amazônico”. A solenidade de inauguração será às 17h de hoje, no Atelier de Arquitetura e Urbanismo da UFPA.

ENTENDA
O Lacore será referência na região Norte e terá como objetivos:

• Estudar os materiais e técnicas tradicionais;

• Avaliar o processo de degradação químico, físico e biológico das edificações históricas e dos materiais;

• Desenvolver novas tecnologias de restauração apropriadas à realidade amazônica;

• Aplicar o conhecimento das diversas ciências na salvaguarda do patrimônio edificado, urbanístico e arqueológico;

• Estudar estratégias de reabilitação urbana.
 
Fonte: Diário do Pará    www.diarioonline.com.br

quinta-feira, 10 de março de 2011

Após 22 anos, Museu de Ciências Naturais da Amazônia fecha as portas





Inaugurado em 1988 em Manaus (AM), o Museu de Ciências Naturais da Amazônia está prestes a fechar as portais por conta de problemas financeiros e níveis baixos de visitação turística.
Com 93 espécies amazônicas de peixes e 380 insetos em exposição, mais o acervo técnico fechado para o turismo, o museu funcionará apenas até o dia 30 de março. Depois disso, permanece fechado provavelmente até a Copa do Mundo, em 2014, quando gestores do local pretendem ter a casa aberta novamente para visitação.
'Temos que fazer manutenção no acervo e para isso precisamos de caixa. Estamos há quatro anos operando no vermelho e vamos fechar por conta de problemas financeiros', diz Kyosuke Hashimoto, administrador do museu que seu pai fundou há 22 anos.
Segundo ele, o fechamento é estratégico para tentar recuperar o museu até a Copa do Mundo, quando o fluxo turístico deve aumentar no país inteiro. Hashimoto explica que as visitas ao local caíram mais de 50% desde 2001. Hoje, 70% dos visitantes são estrangeiros. 'Mas o nível atual de visitação não gera fluxo de dinheiro para fazer a manutenção necessária', diz ele. 'Nesse ritmo o museu estaria sucateado em 2014'.

Fonte: G1
Portal ORM, Amazônia, 7/3/2011 -  www.orm.com.br

sexta-feira, 4 de março de 2011

RECONHECIMENTO: Aparelhagens e tecnomelody foram reconhecidos pela Assembleia Legislativa como patrimônios culturais e artísticos

O tecnomelody e as aparelhagens de som agora são patrimônios culturais e artísticos do Estado. A declaração foi feita na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), onde um projeto de Lei de autoria do deputado estadual petista Carlos Bordalo foi aprovado por unanimidade. A notícia surpreendeu bandas e DJs de norte a sul do Estado, já que ao longo de pelo menos três décadas, o movimento que leva esse tipo de música sofre preconceitos e enfrenta dificuldades para ganhar espaço em outras regiões.

Para o autor do projeto, que agora aguarda a sanção pelo governador Simão Jatene, o tecnomelody e as aparelhagens de som são um 'fenômeno de cultura de massa'. Carlos Bordalo diz que a lei pretende incentivar a melhoria da qualidade musical para que uma grande mobilização social possa servir de modelo de cultura de paz. 'As aparelhagens têm um papel social muito importante, pois o número de jovens que frequenta as festas dessa natureza é impressionante', destaca o parlamentar.

Bordalo reitera que a valorização daquilo que é do povo paraense é necessária para que a cultura se torne cada vez mais referência, e pontua que as aparelhagens e bandas de tecnobrega têm dado um grande salto para reforçar o movimento. 'Espero que a partir desta lei, o poder público possa incentivar mais a manifestação cultural vista no tecnobrega e nas aparelhagens', avalia, revelando que sempre que pode frequenta as festas do gênero. 'Gosto, danço... Sempre gostei. Gosto de ver o povo', conta.
Fonte: http://www.orm.com.br/oliberal/  03/03/2011

terça-feira, 1 de março de 2011

SÉRIE IMAGENS DO PATRIMÔNIO: Entre chegadas e partidas - O Porto de Belém do Pará.



O primeiro porto de Belém era denominado de porto da Praia e localizava-se à margem esquerda do igarapé do Piri, que desaguava na baía do Guajará, onde hoje fica a doca do Ver-o-Peso. No processo de povoamento da cidade são configurados dois núcleos de ocupação, separados pelo braço deste igarapé: o bairro da “Cidade”, que ficava junto da Praça Matriz e do fortim do Presépio e o bairro da “Campina”, na parte sul, constituído a partir da abertura da Rua dos Mercadores (atual Conselheiro João Alfredo). Esta via aberta passa a atrair grande parte dos comerciantes locais, transferindo o desembocadouro principal da margem esquerda para a margem direita do igarapé. Por centenas de anos este foi o principal acesso por onde partiam e chegavam mercadorias, pessoas, informações e ideologias na região amazônica.

  
Ao final do século XIX, o porto de Belém aparece como o terceiro mais movimentado do Brasil, ficando atrás apenas dos de Santos e Rio de Janeiro. O aumento das exportações da borracha, o “ouro negro” amazônico, e o crescimento da afluência de embarcações tornavam necessária a reorganização do núcleo portuário da cidade. Após a elaboração de diversos projetos de reforma do cais, o governo federal concede em 18 de abril de 1906 ao empresário norte-americano Percival Farquhar, a iniciativa de realizar as obras de modernização do porto de Belém e no dia 7 de setembro do mesmo ano, Farquhar funda a Companhia Port of Pará, que será responsável pela administração do porto da cidade.

As obras têm início no ano de 1907. Durante os próximos sete anos é realizado um gigantesco projeto de intervenção urbana como a cidade jamais havia visto, mobilizando milhares de braços e a mais avançada tecnologia internacional. As obras aterraram parte da região dos antigos trapiches e realizaram a dragagem de um canal de 3.300 m de largura em toda a extensão do cais. A empresa também efetivou a instalação de linhas férreas de iluminação, construiu edifícios para a administração, construiu armazéns para o depósito de mercadorias e abriu uma rua paralela ao cais, a Av. Marechal Hermes.


Embora enfrentando problemas, como a grave epidemia de febre amarela que contaminou inúmeros trabalhadores, e as diversas ações judiciais de empresas que protestavam contra o encurralamento de seus trapiches pelas obras de construção, no dia 2 de outubro de 1909, é inaugurada a primeira seção do novo cais de Belém.

Incrustado no entorno do centro histórico da cidade, embora ainda impressione por sua monumentalidade, o porto de Belém é um patrimônio centenário quase invisível pela população que desconhece sua importância como espaço simbólico de constituição da sociabilidade de identidade local. Em meio a atuais polêmicas sobre a diversificação dos usos do espaço portuário e a desmontagem de galpões para a ampliação do pátio de contêineres, os projetos que visam interferências no complexo portuário vêm continuamente se esquecendo de inserir um elemento essencial para a preservação e valorização desse patrimônio: a sociedade belenense. 



As imagens publicadas são do livro Porto de Belém: primeiro centenário, de autoria de Luciana Furtado e fotografias de Rodolfo Braga.

TEXTO: LUCIANA FURTADO
Luciana Furtado é historiadora pela Universidade Federal do Pará, especialista em Patrimônio Cultural e Educação Patrimonial, professora da rede estadual de ensino e vice-presidente da Associação de Agentes do Patrimônio da Amazônia - ASAPAM.

IMAGENS: RODOLFO BRAGA
Rodolfo Braga possui graduação em Geografia (Bach/ Licenc) pela Universidade Federal do Pará (2007), com exercício de pesquisa na área de História, com ênfase em Patrimônio, Memória e Imagem. Atualmente presta serviços relacionados à fotografia e a pesquisa e reprodução de documentos, pinturas, fotografia, gravuras e outras.