segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O resgate da memória em 'Belém: Patrimônio Histórico e Cultural'


   Reunindo painéis fotográficos que retratam o conjunto arquitetônico da cidade por meio de seis monumentos tombados da capital paraense, a exposição Belém: Patrimônio Histórico e Cultural, permanece com visitação aberta, no Escritório da Alcoa.
   A mostra reflete o olhar de sete fotógrafos locais e pretende estimular a preservação da memória histórica e cultural de Belém, através de imagens do Complexo Feliz Lusitânia, Mercado Ver-o-Peso, Theatro da Paz, Praça Batista Campos, Palacete Bolonha e Escritório Alcoa.
   “A preservação da cultura é muito importante. Como Belém é rica em história arquitetônica, a exposição representa esse valor e o cuidado com o nosso patrimônio, que deve ser constante”, explica José Fernandes, curador da mostra que trabalha há mais de 12 anos com artes gráficas em Belém.
    Os registros foram feitos por: Ariane Almeida, Cristiano Vilhena, Gustavo Quintela, Ivy Figueira, Luciana Nahum, Renata Aguiar e Virgínia Brandão.
   As visitas devem ser agendadas através do email: andresa.moraes@alcoa.com.br.

História
   O Complexo Feliz Lusitânia, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan), em 1977, foi o marco de fundação da cidade. Para delimitação e proteção territorial, foi erguido um conjunto arquitetônico que, até hoje, abriga o Forte do Presépio, a Casa das Onze Janelas, a Catedral da Sé e as igrejas de São João e Santo Alexandre.
   Já o Mercado do Ver-o-Peso, tombado no mesmo ano pelo IPHAN, reúne cultura indígena, europeia e africana, além de agregar o Mercado de Ferro, construído em 1901 com características da arquitetura europeia.
   O Theatro da Paz, inaugurado em 1878 e tombado pelo IPHAN em 1963, símbolo da Belle Epoque, é baseado no luxo europeu da segunda metade do século XIX. Já a Praça Batista Campos, datada de 1904 e composta por variados estilos arquitetônicos, teve tombamento municipal em 1983 e retrata o cenário eclético do início do século XX.
   Por sua vez, o Palacete Bolonha, tombado pelo IPHAN em 1982, extraiu da economia da borracha condições para sua suntuosa construção residencial, símbolo da modernidade da época.
   E, finalmente, a construção do Escritório Alcoa, datada de 1908, trouxe também ares de modernidade a Belém. O sobrado abriga linhas arquitetônicas neoclássicas e modernas. Atualmente, funcionam no espaço a Gerência de Relações Governamentais e a Diretoria de Mineração da Alcoa.
Texto: Assessoria de Imprensa
Edição: Leylla Melo, da redação



Serviço:

Exposição “Belém: Patrimônio Histórico e Cultural”
Horário: segunda a sexta, das 8h às 12h e 14h às 18h
Local: Escritório Alcoa – Tv. Dr. Moraes,70
Visitas com agendamento através do email: andresa.moraes@alcoa.com.br

Fonte: www.guiart.com.br

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MOSTRA FOTOGRÁFICA : "COM EIRA, BEIRA E...RAMO DE MANGUEIRA "

Convite recebido pela Associação Cidade Velha- Cidade Viva. Participe!

A MOSTRA FOTOGRÁFICA   "COM EIRA, BEIRA E...RAMO DE MANGUEIRA"  SERÁ INAUGURADA AS 20 HORAS DO  PRÓXIMO DIA 4 DE FEVEREIRO     

O Laboratório de Democracia Urbana da Associação Cidade Velha-Cidade Viva saiu pelas ruas do nosso Centro Histórico para registrar a situação do patrimônio arquitetônico de Belém. Não nos limitamos a fotografar os imóveis de particular interesse, mas também aqueles menores que nem sempre chamam a atenção. Saímos das ruas mais movimentadas e fomos, também, aquelas onde só passam os moradores.    O que vimos confirmou nossas  preocupações. O estado de degrado de muitos imóveis que fazem parte de etapas fundamentais da nossa história nos levou a  pensar, então, na construção de um mapa das emergências, mas isso não era suficiente.  Um livro seria mais incisivo. Com Eira, Beira e Ramo de Mangueira seria o  nome mais indicado.   Otto Lara Rezende dizia que   De tanto ver, a gente banaliza  o olhar  –  vê... não vendo.  As fotos de Celso Abreu tiradas do livro em execução chocam pela sua triste realidade. Elas são um pedido de socorro da cidadania ativa em prol da conservação, tutela e valorização do que sobrou da nossa história.   Em tal ocasião vamos olhar com atenção o que não vemos quando passamos distraídos pelo nosso Centro Histórico... e, quem sabe, procurar fazer muito mais em prol da nossa memória histórica.              

MOSTRA FOTOGRÁFICA  COM EIRA, BEIRA E...RAMO DE MANGUEIRA     Lá no D. Dica (Feliz Luzitania- ex Cairú).   
De 4 a 27 de fevereiro de 2011.   
 VOCE ESTÁ CONVIDADO!     

  http://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/   

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Exposição Pedra & Alma - IPHAN

Exposição Pedra & Alma – entrada gratuita


Para comemorar os 30 anos de atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no Pará, será aberta no dia 13, em Belém, a exposição Pedra & Alma. A mostra traz uma reconstituição da trajetória da instituição no Pará, em paralelo com os acontecimentos nacionais e internacionais relacionados à preservação do patrimônio cultural.
A iniciativa da Superintendência do Iphan no Pará homenageia intelectuais que, no plano local e nacional, contribuíram com essa construção, mas também cidadãos brasileiros que nas suas práticas cotidianas contribuem para a preservação de práticas culturais tradicionais que são transmitidas de geração em geração e integram o patrimônio cultural constituindo referenciais de memória e identidade para diversos grupos sociais.
A exposição se divide em três ambientes - Caminhos da Memória, do Tempo e do Patrimônio. A trajetória do Iphan no Pará é apresentada a partir da prática institucional de forma associada aos conceitos e instrumentos metodológicos e jurídicos utilizados  ao longo do tempo na identificação, promoção e preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Período: 13 de dezembro de 2010 a 12 de março de 2011.
Local: Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará – Canto do Patrimônio
Endereço: Av. Governador José Malcher 563, Nazaré - esquina com a Travessa Rui Barbosa.
Horário de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 10 às 17 horas. Aos sábados, das 9h30 às 13h30.
Para agendar visita de grupos: (91) 3224-1825 / 0699 Ramal: 20 (falar com Carla)
 

Informação recebida por Carla Cruz (Ed. Patrimonial - IPHAN)

Museu Goeldi recebe doação de peças marajoara

24-Jan-2011
Duas urnas de 1 metro cada e um artefato em madeira chegaram a Belém graças à perícia de técnicos da instituição


O Museu Goeldi recebeu doação de peças arqueológicas salvas na propriedade de Leandro Tocantins, parente distante do fundador dessa instituição de pesquisa - Domingos Soares Ferreira Penna - na Ilha do Marajó. São duas urnas marajoaras com altura de cerca de 1 metro cada, um artefato em madeira semelhante a uma lança, além de 20 fragmentos de cerâmica que ainda serão analisados pela equipe do Goeldi.
Sobrinho bisneto de Ferreira Penna, Leandro Tocantins recebeu a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para doar as pecas ao acervo do Museu Goeldi, que se responsabilizou pelo transporte do material. As peças já se estão na reserva técnica da instituição para limpeza, tratamento e catalogação.
Trata-se de um acréscimo de grande valor para a coleção arqueológica do Goeldi, na opinião do arqueólogo Fernando Marques. Isso é particularmente verdadeiro tendo o estado de conservação das peças e seu valor para a cultura e a ciência nacionais. “Além disso, tem o laço emocional pelo vinculo com o fundador da instituição”, destaca o arqueólogo.
A também arqueóloga do MPEG, Vera Guapindaia, concorda com o colega e acrescenta que a importância da doação também está no incentivo à preservação desses materiais e nos raros ou inexistentes estudos realizados na área onde as peças foram encontradas. A arqueóloga fala ainda que os materiais “são urnas funerárias de um status elevado dos marajoaras, no entanto as urnas estavam vaziam quando encontradas”. 

A viagem - As urnas e o artefato de madeira estão em ótimo estado de conservação, sendo inclusive visíveis nas urnas os desenhos gravados pelos marajoaras. O trabalho de acondicionamento e transporte das peças foi de responsabilidade da equipe da Reserva Técnica de Arqueologia do Museu Goeldi, que tratou de elaborar a embalagem para itens tão frágeis e de dimensões consideráveis.
Segundo o restaurador da instituição, Raimundo Teodoro, a maior peça pesa cerca de 70 kg e foi transportada do Marajó a Belém por uma equipe qualificada de técnicos do Museu Goeldi. “Foram percorridos cerca de 72 km em 12 horas devido às difíceis condições da estrada, mas nós já somos acostumados a fazer esse tipo de transporte de peças e ocorreu tudo dentro do previsto”, diz o restaurador. 
O cuidado é extremo e de grande responsabilidade. A missão foi coordenada por Raimundo, mas também participaram do traslado das peças o técnico de conservação Fábio Jacob, o motorista Stelio Chaves, os colaboradores Ivan e Anselmo Chaves, além de um guia designado pelo doador das peças. “Assim, nós vimos que o trabalho em equipe funciona e que cada um foi muito importante nesse transporte, já que a viagem foi bastante longa e difícil”, lembra Fábio Jacob.

Texto: Jimena Beltrão e Vanessa Brasil

Fonte: www.museu-goeldi.br

Dia do Marajó - Convite


Dia do Marajó - Todo mês o Marajó virá a Belém
O Marajó precisa da sua atenção! Este evento reúne pessoas e organizações interessadas em trabalhar pela região, participe!
 
Palestra
A CRIAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DE CHARAPUCU EM AFUÁ
 
Dia 25 de Janeiro de 2011, Terça-feira;
Horário 18:30
Local SESC Boulevard
Boulevard Castilho França, 522 / 523
Campina , em Frente a estação das Docas
Tel: 91 32245305 / 3224 5654
 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Procuradoria quer anular tombamento no Amazonas




A Procuradoria-Geral do Estado do Amazonas entrou com ação para anular o tombamento do Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões, onde nasce o Rio Amazonas, ocorrido em outubro de 2010. O processo foi ajuizado anteontem na Justiça Federal. De acordo com o procurador-geral do Estado, Frânio Lima, a ação é necessária porque houve falhas na condução do processo de tombamento concedido pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan. "Não foram seguidas as fases ou cumpridas exigências que seriam necessárias". Há o temor de que o tombamento inviabilize a construção de equipamentos portuários na região. A empresa responsável pelo Porto das Lajes, a 2,4 quilômetros do fenômeno natural, foi uma das que se queixaram - OESP, 19/1, Vida, p.A14.

Fonte: Manchetes Socioambientais, 19/01/2011.

Prédios históricos exigem reordenamento

Durante a cerimônia de inauguração do Palacete Pinho, o prefeito Duciomar Costa (PTB) anunciou que o prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai abrigar o Centro Cultural do Município de Belém, voltado a oficinas e atividades artísticas.
Mas o que preocupa agora é por quanto tempo o espaço ficará ocioso, sem corpo técnico para administrar o funcionamento do órgão. De acordo com José Monteiro, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), as primeiras atividades devem ocorrer com funcionários da própria fundação, mas ainda falta discutir o futuro do palacete.
O principal entrave para o funcionamento do Centro Cultural é a falta de funcionários, que a prefeitura espera contratar via concurso público. “Ainda estamos maturando ideias para a ocupação. É um assunto em fase de discussão. Concursos são demorados. Vamos preparar aos poucos para que ocorram apresentações de música, dança e exibições de cinema”, afirma o diretor.
José Monteiro garante que já existem técnicos para trabalhar durante o hiato até o funcionamento efetivo do novo órgão. “Desenvolvemos ações com recursos próprios. Temos que dançar conforme a música”, diz.

Uma das soluções provisórias seria a captação de verbas junto a empresas patrocinadoras de atividades culturais. Diante da situação, ele afirma que o primeiro passo já foi dado, que é o da preservação do patrimônio histórico.
Restaurações exigem plano de intervenção no bairro
É preciso, no entanto, enfatizar que só a restauração não é suficiente para preservar o palacete. É necessário ocupá-lo, para que ele permaneça vivo. É o que garante Flávio Nassar, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade Federal do Pará. Flávio é um dos coordenadores do projeto Fórum Landi, criado para incentivar a revitalização do centro histórico de Belém.
“O uso de um prédio antigo o mantém conservado. É assim que se verifica uma infiltração, possíveis problemas no piso, uma lâmpada que precisa ser trocada”, justifica, destacando ainda que a vitalidade de um prédio histórico depende da movimentação de pessoas que vão gerir o espaço e dos visitantes que vão usufruir dos serviços ofertados, seja em um centro cultural, galeria ou repartição pública.
“O Palacete Pinho é um prédio que vai atrair pessoas. Uma coisa é estar restaurado; outra coisa é ter vitalidade. É preciso resgatar o significado espiritual da vida do bairro, que esteja integrado nos ambientes culturais e nas relações sociais da cidade”, defende.
Flávio Nassar observa que o prédio, antes voltado para habitação, agora terá novos usos, e isso implica uma série de mudanças não só no âmbito da arquitetura e da estrutura predial, que já teve algumas adaptações, mas também no contexto urbano da Cidade Velha.
“Se não houver um plano de intervenção no bairro, não funciona. Existem muitas linhas de ônibus na Dr. Assis, que fazem trepidar os prédios e ameaçam as instalações. Quando o bairro foi construído, no século XVII, é certo que não havia caminhões, carretas, ônibus”, diz.
Além do transporte público, o bairro também sofre com outros problemas relacionados ao trânsito: não há faixas de pedestres e nem semáforo no perímetro do palacete.
Outra questão que agrava o quadro é a falta de estacionamento. É comum notar carros estacionados pelas calçadas, dificultando o fluxo de pedestres. “Não existe legislação que regule a criação de estacionamento no bairro, já que a lei atual impede que isso seja feito. Acontece que é impossível não existir estacionamento na área central da cidade. Como professores e funcionários vão se deslocar?”, indaga.
Flávio Nassar indica que será necessário pensar um projeto de bairro, e não apenas uma estrutura predial isolada. “É preciso antes de tudo resolver os problemas da Cidade Velha. A primeira grande medida seria restringir a circulação dos ônibus, ou pelo menos permitir que somente microônibus ou ônibus elétricos trafeguem pelo bairro”, sugere.
O arquiteto indica ainda, como parte do reordenamento urbano da Cidade Velha, a criação de imóveis âncoras, que tal como as lojas âncoras de um shopping center, serviriam para repensar os novos usos e ocupação dos espaços do centro histórico.
Prefeitura perdeu prazos e Belém perdeu recursos
De acordo com o projeto “Moradia é central”, uma parceria entre o Instituto Pólis e a OXFAM GB, desenvolvido em cinco capitais brasileiras – São Paulo, Belém, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro –existem cerca de quatro mil domicílios vagos na área central de Belém e 1,7 mil imóveis de interesse histórico.
Para pensar essas novas ocupações, seria necessário traçar um plano de requalificação do centro histórico, projeto que já estaria sendo executado, não fosse a má administração dos recursos por parte da Prefeitura.
Segundo Flávio Nassar, entre 2008 e 2009, o projeto - que teria recursos do Ministério das Cidades – foi iniciado na Fumbel, mas por conta dos atrasos no andamento dos estudos, passou a ser direcionado pela UFPA, via Fórum Landi.
“Chegamos até a montar equipe para fazer os primeiros levantamentos, com assinatura do documento de cooperação, mas fomos informados que a prefeitura havia perdido os recursos”, lamenta, informando que a verba inicial só para o planejamento era de R$ 280 mil.
“Seria um plano não só de indicação de uso, mas também de financiamento da requalificação pelo Governo Federal. Os recursos serviriam para resolver problemas das áreas centrais da cidade. Agora, sem plano, Belém não tem como pleitear esses recursos”, lamenta. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarionline.com.br - Caderno Você 20/01/2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sítio arqueológico ameaçado no Pará

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Se nada for feito, sítio arqueológico subaquático corre risco de desaparecer

Agência Museu Goeldi - Em 1998, os arqueólogos Alenice Baeta e Fabiano de Paula, de Minas Gerais, descreveram um sítio arqueológico na cidade de Terra Santa, Pará. Localizado na praia que fica em frente à cidade, o que parece um simples conjunto de blocos rochosos, na verdade, guarda uma série de gravuras rupestres, “cerca de 15 representações de rostos”, estima Edithe Pereira, arqueóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), que acaba de retornar de uma visita técnica à região.

Sítios como o “Terra Santa’ são comuns na região amazônica: submersos no período das cheias, revelam-se durante o tempo de estio, quando podem ser documentados e pesquisados. No entanto, apesar do longo período que passam sob as águas, ainda assim eles correm riscos frente à ação humana.
Edithe afirma que isso está acontecendo em Terra Santa: “Como o sítio é bem próximo ao trapiche da cidade, muitos barcos usam as pedras para fazer atracação, isso está deteriorando o material. Além disso, com a falta de sinalização, no inverno, os cascos podem bater nas pedras, o que também provoca a deterioração do sítio”.
Os danos já estão comprovados. A pesquisadora explica que, em foto tirada em 1998, havia uma gravura que hoje não existe mais. Devido ao risco, Edithe já enviou  ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), no qual solicita a proteção do local, buscando impedir que os barcos atraquem no sítio. “A prefeitura deve providenciar um local adequado aonde os barcos possam ser atracados”, defende.
Arqueologia subaquática – Mas, como as figuras foram feitas, se o material está sob as águas? Edithe Pereira explica que há uma série de hipóteses que podem explicar essa situação. Por exemplo: os desenhos foram feitos em um momento histórico em que o nível da água era muito baixo e as rochas ficavam sempre expostas; ou ainda, foram feitos durante os períodos de estio quando as rochas ficavam fora da água.
Para a Edithe, “Eu considero [no caso do sítio de Terra Santa] mais plausível a hipótese da diferença entre a cheia e a seca, ou seja, que eles aproveitaram o período de seca para fazer as gravuras”, esclarece a pesquisadora.
Goedi e a arqueologia subaquática - Em 2000, o Goeldi iniciou trabalhos de estudo e salvamento dos sítios arqueológicos existentes na região de Porto Trombetas, também no Pará. Nessa época, o sítio Mussurá, que depende do fluxo das águas do rio Trombetas para vir à luz, passou a despertar interesse dos pesquisadores da instituição. 
Em artigo publicado sobre essa pesquisa, Edithe relata que durante mais de sete anos esperou-se que o nível das águas do rio Trombetas baixasse a ponto de expor as gravuras pré-históricas, para que pudessem ser documentadas e estudadas. Como isso não aconteceu, em 2004, de modo pioneiro, a documentação do sítio foi realizada sob a água, em parceria com arqueólogos mergulhadores do Centro de Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática da Universidade Estadual de Campinas, tornando-se o primeiro trabalho de documentação submersa de um sítio com arte rupestre realizado no mundo.
Texto: Diego Santos.

Fonte : www.museu-goeldi.br

domingo, 16 de janeiro de 2011

Conhecer para preservar

Para preservar é essencial conhecer o patrimônio da nossa cidade e sua história,certo?
Pois bem... Aí vão duas ótimas dicas para quem quiser saber um pouco mais sobre o Centro Histórico de Belém e sobre as Mangueiras que emprestam seu nome ao título dado à nossa cidade:


ROTEIRO GEOTURÍSTICO NO BAIRRO DA CIDADE VELHA (29/01/2011):

O Casarão de Memórias recebeu na tarde de hoje a notícia, enviada gentilmente pela Profª Goretti Tavares (coordenadora GGeotur e professora da Faculdade de Geografia e Cartografia da UFPA), sobre o próximo Roteiro Geoturístico no bairro da Cidade Velha, projeto de uma equipe composta por profissionais e estudantes de diversas áreas que buscam tornar mais acessível à população local um pouco mais da importância do nosso Centro Histórico.
Para quem não soube ou não pode participar da primeira experiência que aconteceu no dia 12 de janeiro de 2011, dia do aniversário da nossa cidade, o próximo roteiro será realizado no dia 29 deste mês, pontualmente às 8h da manhã, saindo da frente do Forte do Castelo, apresentando diversas ruas do bairro aos participantes, entremeando informações diversas acerca da história, geografia, economia, política e cultura daquela área.
De acordo com a professora, "a missão é propor roteiros geoturísiticos, em que se possa transmitir conhecimentos da Geografia, do Turismo, da Arquitetura e da História, a serem implementados no bairro da Cidade Velha, no centro histórico de Belém (...) tudo isso visando a efetiva participação da sociedade local, por meio do resgate da memória sócio-espacial dos moradores, no sentido de valorizar esses conhecimentos e despertar nesses indivíduos a necessidade de preservar os patrimônios histórico e cultural do bairro".
Para maiores informações, o link da notícia publicada no dia 13 de janeiro no site da Universidade Federal do Pará , está disponível para divulgar esta iniciativa. É, sem dúvidas, uma excelente oportunidade para todos aqueles que se interessam e se preocupam com a preservação do berço da nossa cidade.

Fonte: Portal da UFPA


- EXPOSIÇÃO "MANGIFERA INDICA" NO MUSEU DA UFPA (até 19/01/2011)

Pensar nas ruas do centro de Belém sem suas frondosas árvores é quase impossível para muitos belenenses que trazem consigo o título de moradores da "Cidade das Mangueiras". O que poucos sabem é que a prefeitura de Belém, através do artigo 52 da Lei Ordinária n° 7709, de 18 de maio de 1994,  reconhece que "as mangueiras e samaumeiras  existentes nos logradouros públicos do município de Belém, integram o Patrimônio Histórico e Ambiental da cidade".
A exposição, que fica no Museu da UFPA até o dia 19 de janeiro, homenageia a paisagem vegetal de Belém através das obras de Armando Balloni, Antar Rohit e Patrick Pardini, que expressam de diferentes formas essa personagem do cotidiano belenense. As mangueiras, vilãs dos carros estacionados nas ruas do centro e dos telhados das casas com calhas entupidas de folhas, são constantemente retratadas na mídia através de notícias relacionadas aos acidentes causados com sua queda. Poucas pessoas, entretanto, pensam na árvore como patrimônio ambiental da cidade, objeto histórico que merece políticas públicas efetivas de conservação para que a Cidade das Mangueiras não perca seu símbolo.
Para conhecer, apreciar e refletir um pouco mais sobre o assunto, a exposição é uma boa dica de visita por um tempo bem curto, infelizmente.
O Museu da UFPA fica na Avenida Governador José Malcher n° 1192, bem de esquina com a Av. Generalíssimo Deodoro e o horário de visitação é de 9h as 17h, com entrada franca e quem quiser saber um pouco mais sobre a exposição, é só acessar o link da notícia publicada em 13/11/11 no Jornal Diário do Pará.


Fonte: Diário Online
Espaços históricos de Belém são abertos à visitação pública




O público paraense vai poder conferir os 395 anos de Belém contados por meio de seus prédios históricos. A programação acontece no Museu de Arte de Belém (Mabe), Palacete Bolonha e o recém restaurado Palacete Pinho. Os locais estão abertos à visitação monitorada de domingo a domingo.


No Museu de Arte de Belém está aberta a exposição 'Entre Imagens e Memórias do Poder' que apresenta 42 retratos da galeria de Intendentes e Prefeitos de Belém, que fazem parte do acervo do museu, além da história sobre o Palácio Antônio Lemos. O Mabe funciona de terça-feira a sexta-feira, de 10h às 18h; aos sábados, domingos e feriados de 9h às 13h. As visitas podem ser agendadas pelo telefone: (91) 3114-1028 ou pelo e-mail: educativa.mabe@gmail.com.


Construído no início do século XX pelo engenheiro Francisco Bolonha, o palacete que leva seu nome é outra opção de passeio pelos prédios históricos da capital paraense. Repleto de singularidades, o Palacete Bolonha possui belos espaços onde as iniciais do engenheiro estão escritas a ouro demonstrando a época áurea da cidade. Conta a história que a construção foi feita em homenagem à esposa de Francisco, a pianista francesa Alice Tem-Brink. O casarão está aberto ao público de terça-feira à sexta-feira, de 9h às 17h. Nos finais de semana e feriados de 9h às 13h. O Palacete Bolonha fica na Avenida Governador José Malcher, s/n, ao lado do Memorial dos Povos.


O mais novo tour histórico da cidade é o recém entregue e restaurado Palacete Pinho, no bairro da Cidade Velha. O espaço faz o resgate cultural e histórico da arquitetura eclética da classe burguesa do final de 1800, que valorizava o conforto, o progresso, as inovações e o melhor aproveitamento dos compartimentos.O Palacete Pinho estará aberto à visitação até o dia 21 de janeiro, de 10h às 14h. Após esse período, o prédio estará fechado para ajustes administrativos quanto à sua utilização. O Palacete fica na Rua Dr. Assis, perto da Avenida Almirante Tamandaré. Informações: (91) 3230- 1387.


Fonte: Redação Portal ORM/Comus


sábado, 15 de janeiro de 2011

Sobre a Rede Nossa Belém

Fotos: Celso Abreu (retiradas do Blog CIVIVA - http://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/)


                            Ivan Costa e José Ramos
No dia do aniversário de nossa cidade (12/01), uma iniciativa louvável de diversas organizações sociais e pessoas comuns, inconformadas com o cenário sócio-político de Belém, deu início a Rede Nossa Belém. A RNB surgiu a partir da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis – RSBCJS, lançada em Belo Horizonte – MG em julho de 2008, por um conjunto de organizações e movimentos da sociedade brasileira, cuja missão é “comprometer a sociedade e sucessivos governos com comportamentos éticos e com o desenvolvimento justo e sustentável de suas cidades, tendo como valor essencial à democracia participativa”.
A reunião ocorreu na sede do Fórum Landi, e contou com diversos representantes da sociedade civil. Um número significativo de pessoas compareceu ao evento, tendo em vista o feriado municipal e as várias opções de comemorações de aniversário da cidade.  Durante o evento, o Dr. Ivan Costa, presidente do Observatório Social de Belém, apresentou o histórico da RNB e da RSBJCS, além de projetos de ações da Rede para 2011.

                            Ivan Costa apresentado a RNB
A Associação Cidade Velha-Cidade Viva também se fez presente através de sua presidente, D. Dulce Rocque, a qual, de forma muito simpática, apresentou a CiViVa e suas ações aos presentes, entre as quais destaca-se o projeto parcial do livro “Com eira, beira e . . .  ramo de mangueira”. O livro trata de um alerta, não deixando de soar também como uma denúncia, para atual degradante situação do centro histórico de Belém e os desafios a serem vencidos para a sua preservação. Foi uma verdadeira aula sobre o centro histórico da cidade ministrada por D. Dulce, que com muita boa vontade, persistência e parceiros, está engajada na luta a favor do patrimônio do bairro da Cidade Velha.

                            Dona Dulce, presidente da CIVIVA
A RNB iniciará com quatro grupos de trabalho: Gestão Pública, Meio Ambiente, Segurança Pública e Patrimônio Histórico; o que não descarta a formação de novos grupos que venham a se enquadrar às propostas da Rede.
De fato, a cidade de Belém recebeu um grande presente no dia em que comemorou seus 395 anos. A RNB tem tudo para dar certo e colaborar para termos uma cidade muito melhor!
Os interessados em fazer parte desta rede podem obter maiores informações pelo endereço www.osdebelem.org ou pelo e-mail  nossabelem@gmail.com .

Por Anna Raquel Castro - ASAPAM

Landi já foi malvisto e desprezado no Pará


Quando Antônio Giuseppe Landi morreu, em Belém, no ano de 1791, com quase 78 anos de idade, encerrou-se a carreira de um artista que durante 53 anos, no Brasil, em Portugal e na Itália, produziu cerca de 400 obras entre gravuras, desenhos, projetos arquitetônicos e edificações construídas. Quase a metade da vida dele fora passado na Amazônia, e, apenas em Belém, ele construiu ou participou da construção: 1) do Palácio dos Governadores; 2) de igrejas - de São João, Santana, Mercês, Carmo, Rosário dos Homens Pretos, Santo Alexandre; 3) de capelas - da família Pombo, do engenho do Murutucu, da Cadeia (a de Santa Rita), da Ordem Terceira do Carmo, e, da Ordem Terceira dos Franciscanos. E, ainda do Hospital Militar, e, de alguns sobrados da cidade.

No entanto, como observou o historiador Aldrin Moura, numa comunicação apresentada durante o Seminário “Landi e o século XVIII”, o nome de Landi seria mantido no esquecimento dentro do Pará durante muitas décadas porque ele ficou associado ao governo absolutista português que o contratou, em 1750, para atuar como membro da comissão demarcadora de limites encarregada de atuar na Amazônia.

O pesquisador afirmou que desde “os confins do século XVIII”, até 1903, Landi se tornou um completo desconhecido entre os artistas, intelectuais e políticos paraenses. “Os poucos que o lembravam, o tinham em baixa estima, com modelo-mor de uma arte conservadora, tacanha, absolutista e completamente importada”, disse Aldrin. Depois, ele acrescentou: “Antonio Landi, bem entendido, representava o velho, o ultrapassado, o antigo regime. A imagem era do aristocrata, do senhor de engenho, do proprietário de escravos e do apadrinhado da coroa portuguesa. O fim do século XIX lia a colônia com desdém e, mais do que isto, procurava riscar do mapa esses tempos da dominação portuguesa”.

O pesquisador tinha razão. De fato, o desprezo por Landi surgiu ainda no período do Pará Colonial, no final da vida do arquiteto, transcorrido no início da última década do século XVIII, quando se extinguiu o contexto político no qual ele se firmou como um profissional de prestígio junto às autoridades portuguesas, após anos de exercício do sacrificado e arriscado ofício de demarcador de limites das possessões de Portugal no antigo Grão-Pará.

Um dos raros documentos produzidos naquele período, com referência ao nome de Landi, o relaciona à igreja de Santana. Mas, até neste documento houve uma tentativa de diminuir a importância do arquiteto. Tratou-se de um texto produzido pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, cientista sintonizado com a nova ordem instalada no reino português, chamada significativamente de “Viradeira”, e, posterior àquela na qual Landi chegou a ser valorizado. Seu título: “Miscelânea histórica para servir de explicação ao prospecto da cidade do Pará”. Nele, Ferreira apresenta uma “descrição da cidade de Belém do Pará e dos edifícios nela existentes”.

O texto surgiu em 19 de em setembro de 1784. Portanto, apenas dois anos após a inauguração da Igreja de Santana, cuja construção teve uma relevância especial para Landi. Ele a executou em homenagem à sua santa protetora, sem nada receber por seu trabalho. Ao contrário, chegou a aplicar na igreja dinheiro de seu próprio bolso.

No texto, Ferreira, inicialmente, omite o nome do arquiteto entre aqueles que cita como patrocinadores das obras da igreja. Diz o naturalista: “E fizeram a igreja os irmãos do Sacramento com as esmolas que pediram pelos moradores do Estado... A 2 de fevereiro (de 1782), celebrou a abertura dela, com grande solenidade, e à sua custa, o juiz da irmandade o capitão Ambrósio Henriques... Ao sobredito Ambrósio Henriques deve a irmandade dez para doze mil cruzados que ele gastou com as obras da igreja”.

Depois, o naturalista, pretendeu apontar um defeito na obra de Landi. Afirmou que a igreja: “é feita de pedra e cal, pelo risco à romana, que deu Antônio José Landi, porém já principiou a rarear tanto a parede do frontispício, como a de um dos lados da capela mor, por defeito da obra”.

Segundo a pesquisadora Isabel Mayer Mendonça, em “António José Landi (1713-1791) - Um artista entre dois continentes”, o suposto defeito, detectado por Alexandre Rodrigues Ferreira, poderia ser explicado pela demoradíssima construção do templo. A falta de recursos provocou seguidas interrupções naquelas obras, uma das quais por cinco anos - de 1767 a 1772, até estendê-las por 20 anos. Independentemente disto, no entanto, aquele comentário depreciativo de Alexandre Ferreira teve a mesma natureza dos comentários dirigidos por ele ao Palácio dos Governadores, de Belém, também levantado por Landi.

Até 1951, o nome de arquiteto foi lembrado apenas duas vezes. E, ainda assim, em Portugal, num verbete de dicionário e numa menção ligeira em obra especializada. Somente naquele ano, se iniciou um ciclo de estudos profundos sobre suas obras, a partir da publicação de um ensaio nos Anales del Instituto de Arte Americano e Investigadores Estéticos, de Buenos Aires, escrito pelo decano do Colégio de Arte, daquela cidade, Robert Chester Smith, também professor da Universidade da Pensilvânia. (Oswaldo Coimbra, Diário do Pará)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

BNDES apoia com R$ 5,2 milhões restauro da sede da Diocese de Ponta de Pedras, em Belém

 Portal Fator Brasil
12/01/2011 - 09:00



Edificação abrigará hotel-escola e centro de convenções.

O BNDES aprovou apoio financeiro no valor de R$ 5,2 milhões para projeto de restauração da sede da Diocese de Ponta de Pedras, em Belém, no Pará. O objetivo é preservar o edifício e adaptá-lo para a instalação de um hotel-escola, que promoverá capacitação profissional no segmento turístico. O prédio também abrigará um centro de convenções e atividades socioculturais e assistenciais da Diocese.
Para o BNDES, trata-se de uma ação pioneira, de apoio – com recursos não reembolsáveis do Fundo Cultural – a um empreendimento hoteleiro sem fins lucrativos, voltado a formação e capacitação profissional.
O projeto ajudará a fortalecer a vocação turística da região, fornecendo infraestrutura hoteleira e capacitação de mão-de-obra. O hotel-escola, denominado Hotel Quinta de Pedras, terá cerca de 4.500 m2 de área construída e 60 quartos.
O público-alvo do curso de qualificação são os jovens da Ilha do Marajó, território abrangido pela Diocese. O objetivo é auxiliar no desenvolvimento econômico e social da região, apontada pelo IBGE como a área de maior foco de pobreza do Pará. O curso será ministrado em parceria com o Sebrae, que auxiliará em sua elaboração pedagógica.
O edifício a ser restaurado está localizado no Centro Histórico de Belém, uma das maiores referências do patrimônio histórico e arquitetônico colonial do Estado do Pará, e nas proximidades do Mangal das Garças, complexo ambiental destinado ao ecoturismo. O imóvel, protegido no âmbito estadual e municipal, foi construído entre o fim do século XVIII e o início do século XIX.
Durante a execução do restauro do prédio, serão criados aproximadamente 50 empregos. Na gestão de seus espaços físicos, serão gerados 50 empregos diretos e cerca de 100 postos indiretos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

E o Palacete foi entregue...

                                                      Fotos: Rogério Uchôa

E em meio à pompa digna dos tempos áureos da borracha, eis que é entregue pela Prefeitura de Belém o Palacete Pinho, símbolo do luxo e do poder aquisitivo da época da Belle Epoque na Belém do final do século XIX e início do século XX.
Prefeito, políticos, repórteres, muitas câmeras, som ambiente e pessoas... Um amontoado de pessoas tentando ver que “agora, completamente revitalizado e restaurado, o Palacete preserva as suas características originais desde a sua construção em 1897 e torna-se um espaço voltado para a cultura, artes e música, acessível para toda a população de Belém”, segundo o texto do postal promocional impresso em homenagem a essa grande data e distribuído gratuitamente aos que visitaram o prédio na noite de 11 de janeiro de 2011.
O fato é que ainda não há determinada a finalidade para o espaço que foi lindamente ornado para receber a presença da sociedade belenense na véspera do aniversário da cidade. Apesar de pessoas trajadas a rigor e atores usando vestimentas de época, móveis escolhidos para ilustrar os tempos idos, a entrega ainda não abre as portas do Palacete para uso da população, dada a visível impressão de que os andares superiores ainda necessitam de ajustes elétricos e estruturais; além do mais, a indefinição do uso (alguns sugerem um órgão público relacionado à turismo, outros comentam sobre a criação de um espaço cultural múltiplo para sediar exposições e mostras ou ainda uma escola de música e artes) permite supor que alguns trâmites burocráticos ainda nos afastarão por algum tempo do belíssimo espaço.

De acordo com entrevista dada ao jornal “O Diário do Pará” publicada na data da entrega do prédio, Raimundo Pinheiro, presidente da Fundação Cultural de Belém (FUMBEL), diz que “o nosso grande esforço foi concluir a obra, e o que vai funcionar aqui é o de menos. É fundamental olhar para o presente, deixar o passado, e ver que está sendo resgatado um patrimônio histórico de Belém”.
Bem... Concordamos com a necessidade de conclusão da obra, óbvio, mas temos que perceber a necessidade de um projeto amplo que vise o melhor uso da população. Isso é essencial para que o patrimônio seja valorizado e caracterize a cultura daqueles (no caso o povo de Belém) para quem o Palacete foi entregue.
Lembramos que o patrimônio cultural, material ou imaterial, está relacionado com o sentimento de pertencimento, a valorização de estruturas ou manifestações. Não adianta nada restaurar um lindo prédio antigo e deixá-lo vazio, tanto quanto pouco aproveitamento vai gerar a entrega da obra abrindo para a visitação por conta da proximidade de uma data importante como o aniversário de Belém.
Quem visitou o Palacete Pinho na cerimônia solene de entrega, percebeu um grupo de pessoas a frente do prédio olhando para aquela pomposa festa cheia de engravatados e imprensa. Percebia-se a curiosidade dos que passam por aquela rua todos os dias indo ou saindo do trabalho, no comércio ou no porto, a caminho de casa ou seguindo para outro destino qualquer, porém poucos que não sabiam da entrada franca (e quem sabe do coquetel) se aventuravam a entrar naquele espaço que é patrimônio cultural edificado de Belém, tombado em 1986 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Patrimônio de quem mesmo, Iphan?
Louvamos, sem dúvidas, a revitalização do Palacete Pinho no bairro da Cidade Velha em Belém, e quando dizemos revitalização nos referimos conscientemente ao sentido original do termo que remete a trazer de volta à vida aquele prédio histórico que por muitos anos (sobre)viveu coberto por tapumes, sendo vítima de saques e vandalismo, além degradação pelo tempo e pelo uso inapropriado de moradores de rua. Desejamos que a iniciativa se estenda à outros prédios de relevante importância para a cidade de Belém que também necessitam de cuidado e atenção. Muito mais que a vida, desejamos que renove-se a alma do Palacete Pinho dentro de cada um dos habitantes de Belém.

Por Renata Barros - ASAPAM

Patrimônio - Palacete Pinho é entregue após 7 anos de obras

                            Foto:Rogério Uchôa


Rua Doutor Assis, 586, Cidade Velha. No logradouro está o Palacete Pinho, construção imponente e símbolo de riqueza em Belém. Construído em 1897, pertenceu à família do comendador Antônio José de Pinho – um rico empresário local – até final da década de 1970, quando o imóvel foi vendido. Nesse período inicia a conturbada história de tentativas de recuperação do patrimônio. Na década seguinte, o imóvel foi comprado por uma rede de supermercados, sob alegação de que seria transformado em fundação cultural, mas na verdade foi utilizado como depósito de produtos, o que contribuiu para sua degradação. A situação chegou ao limite em 1986, quando o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 1992, o Palacete Pinho foi desapropriado pela Prefeitura de Belém, que passou a ser gestora do imóvel. Sem iniciativas de conservação, avançava o estado de degradação do prédio, que chegou a sofrer saques de azulejos e balaústres, entre outros bens, sendo ainda ocupado por moradores de rua. Em 1995, sob coordenação da arquiteta Jussara Derenji, surgiu o primeiro projeto municipal de restauração do palacete, mas não foi possível captar verbas. Apenas em 2003 a captação de recursos foi aprovada via Lei Rouanet. As obras se estenderam desde então, sendo realizadas com muitas intervenções e em meio a problemas administrativos. Finalmente restaurado e reestruturado, o Palacete Pinho será inaugurado hoje, às 19h, em comemoração ao aniversário de 395 anos de Belém, celebrado amanhã.
Para além da restauração, prossegue a confusão na administração do patrimônio: na última sexta-feira, 7, o prefeito Duciomar Costa admitiu, durante entrevista coletiva, que ainda não se sabe o que será feito do Palacete Pinho.
Segundo Raimundo Pinheiro, presidente da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), entre as possibilidades estão um centro cultural (com eventos, exposições e cursos), uma escola de artes e/ou música ou ainda alguma secretaria municipal. De maneira retórica, ele demonstra não estar entrosado no assunto e garante que em até 30 dias será anunciada a finalidade do imóvel. “Tivemos uma série de problemas técnicos e jurídicos. O nosso grande esforço foi concluir a obra, e o que vai funcionar aqui é o de menos. É fundamental olhar para o presente, deixar o passado, e ver que está sendo resgatado um patrimônio histórico de Belém”, diz.
Questionado se seis anos (período da gestão Duciomar) não seriam suficientes para se pensar num projeto completo, com finalidade de uso e estruturação de um corpo técnico para o pleno funcionamento do Palacete, Raimundo Pinheiro reitera que agora é importante pensar em inaugurá-lo, mesmo sem desígnio. “A prefeitura está pensando agora o melhor uso do Palacete. Após a inauguração, será feita a entrega de comendas e depois abriremos para visitação pública”, diz
Diário Online, 12/01/2011, Cultura.