segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Patrimônio perde recursos

Falta de projetos faz o Pará acessar somente 3% do dinheiro disponibilizado pelo PAC das Cidades Históricas
 
Filipe Sanches - Da Redação
 
Dos mais de R$ 480 milhões disponíveis para o Pará pelo PAC das Cidades Históricas - a fatia do Programa de Aceleração do Crescimento direcionada à preservação do patrimônio das cidades brasileiras -, apenas R$ 14 milhões (3%) aportaram por aqui em 2010, no primeiro dos quatro anos do programa.
Entre as nove cidades que apresentaram propostas e receberam um aceno positivo do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Geográfico (Iphan) em 2009, para inventariar seus patrimônios e se candidatar aos recursos, apenas duas - Belém e Óbidos - conseguiram acessar o dinheiro. As outras não conseguiram apresentar projetos e garantir as contrapartidas exigidas para a liberação dos recursos.
O ritmo lento com que os municípios do Pará estão se preparando para disputar com outras cidades históricas do Brasil os recursos do PAC já indica que do montante disponível para se reformar centros históricos e investir em cultura da região, apenas uma pequena parcela, quase ínfima, será de fato conquistada. A superintendente do Iphan no Estado, Maria Dorotea Lima, afirma que a falta de qualificação dos municípios é o maior impedimento para que se consiga captar os recursos, disponibilizados pelo Ministério da Cultura e por programas de outros ministérios, como os da Educação e das Cidades.
"A maioria das cidades do interior não possui secretarias de Cultura organizadas nem departamentos de patrimônio histórico", lamenta a superintendente do Iphan. No último ano, afirma Dorotea Lima, passos importantes foram dados: um bom exemplo é o da prefeitura de Cametá, que conseguiu estruturar uma secretaria de Cultura e já planeja a criação de um departamento de patrimônio capaz de elaborar projetos que atendam as exigências do PAC.
O outro bom exemplo vem de Óbidos, município que tem a modesta previsão de captar R$ 17 milhões para quatro grandes obras de restauração e iniciar programas de qualificação profissional nas áreas de turismo e patrimônio. Óbidos conseguiu garantir, já em 2010, os recursos necessários para a restauração do Forte Pauxis, que sediará o Memorial da Cidade. A obra, orçada em R$ 2,1 milhões, já tem o recurso, disponibilizado pelo Ministério do Turismo, empenhado e pronto para ser aplicado.
Falta de estrutura técnica pode ser uma das explicações para recusa
A falta de estrutura técnica e de capacidade de execução de obras dos outros municípios pode explicar porque tão poucos projetos foram apresentados em condições de receber os recursos do governo federal no primeiro dos quatro anos do PAC das Cidades Históricas. O montante aplicado no primeiro ano, cuja cifra exata alcança os R$ 14.961.215, se concentra em quase sua maioria na cidade de Belém, sobretudo em obras que tiveram o projeto elaborado pelo próprio Iphan.
É o caso do restauro da Igreja de Santana, onde serão aplicados R$ 1,6 milhão; das obras já executadas de restauração do Theatro da Paz, orçadas em R$ 1,7 milhão; da restauração do Mercado de Peixe do Ver-o-Peso, programadas para começar em março, ao custo de R$ 5,2 milhões, e do restauro do prédio da Associação FotoAtiva, no Comércio, orçado em R$ 2 milhões.
Os números, atualizados pela superintendente do Iphan no Estado, Maria Dorotea Lima, na semana passada, representam um saldo positivo no investimento federal em patrimônio no Pará. Sobretudo quando se leva em consideração o valor aplicado em 2009. O orçamento do Iphan no Pará saltou de R$ 2 milhões para R$ 14 milhões entre 2009 e 2010, com possibilidade de aumento ainda maior no ano de 2011.
"Nós estamos em um momento de reavaliação do programa e dos valores, passada aquela ansiedade do lançamento do programa, em virtude dos cortes orçamentários anunciados pelo governo federal e pelo estadual, e de elaboração de projetos para execução no próximo ano", afirma Dorotea Lima.
Da previsão de investimentos para o Estado, 57% se concentram em Belém. São R$ 274 milhões entre recursos ministeriais e contrapartidas, que podem pagar a restauração de prédios do centro histórico da cidade e impulsionar uma mudança de postura em relação ao seu patrimônio arquitetônico.
"O retorno para a cidade é muito grande, e não é só com o turismo. Nós não temos que pensar em obras apenas para atrair o turista. Temos que fazer obras para a gente", afirma Dorotea Lima. "É preciso que compremos a ideia da Belém dos 400 anos, melhor e mais bonita. A cidade merece isso. Nós merecemos isso", conclui.
Mercado de São Brás e Palácio Antônio Lemos podem entrar em lista
Na lista de obras que podem receber recursos do governo federal estão a reforma do Mercado de São Brás, que completará um século de fundação este ano; a restauração do Palácio Antônio Lemos e da antiga Estação Pinheiro de trens, em Icoaraci.
Poderão ser incluídos, a partir deste ano, os projetos de restauração de casarões da Cidade Velha, entre eles o conjunto de casas da Ladeira do Forte do Presépio, que passou por uma reforma emergencial em 2010, depois que parte da fachada desabou durante uma chuva. Dos cinco imóveis que formam o conjunto de casarões de propriedade da Arquidiocese de Belém, quatro estão ocupados há décadas por comerciantes que trabalham na Feira do Açaí.
Reginaldo Ferreira ocupa o imóvel que o seu avô, Nilson Carneiro, alugou da igreja há mais de 40 anos. "Por muitos anos a nossa família pagou pra igreja o aluguel. Mas faz tempo que não pagamos", afirma. O salão alto e malcuidado conserva o forro de madeira original e os azulejos no piso e serve como depósito de sal. A fachada, muito desgastada, apresenta marcas de infiltração.
Os vidros das janelas estão quebrados e as luminárias de vidro, suspensas em ganchos de metal, foram roubadas. Segundo o Iphan, a área da Ladeira do Forte do Presépio tem um projeto de restauração em fase de elaboração pela Universidade Federal do Pará (UFPA), que ainda não tem valores definidos.
O governo federal disponibilizará também recursos para qualificar técnicos à área de preservação, para a identificação, delimitação e normatização de áreas protegidas e implantação de arranjos produtivos em patrimônio cultural, turismo e artesanato. Também estão incluídos nos planos de investimento a pesquisa e a produção de material informativo sobre o patrimônio cultural das cidades e a criação de inventários de edificações e características urbanas e paisagísticas dos municípios.
Investimentos e ações no pará
Nove municípios do Pará receberão recursos do governo federal para reformar monumentos e prédios históricos. Veja a previsão de investimentos e as principais ações em cada um deles.
Afuá - R$ 9.040.421,00 (2% do total) entre 2010 e 2013.
Aveiro (Fordlândia) - R$ 17.072.425 (4% do total) entre 2010 e 2013.
Belém - R$ 274.848.894 (57% do total) entre 2010 e 2013.
(Incluindo Icoaraci, Mosqueiro e Cotijuba)
Belterra - R$ 18.922.000 (4% do total) entre 2010 e 2013.
Bragança - R$ 51.084.200 (11%) entre 2010 e 2013.
Cametá - R$ 34.726.708,20 (7% do total) entre 2010 e 2013.
Óbidos - R$ 17.036.984,52 (3% do total) entre 2010 e 2013.
Santarém - R$ 23.915.000 (5% do total) entre 2010 e 2013.
Vigia - R$ 33.684.500 (7% do total) entre 2010 e 2013.
Fonte: Iphan/2010
 
Fonte: Amazônia Jornal, 28/2/2011, Notícias.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Museu Goeldi recebe peças arqueológicas

Segunda, 28 de fevereiro, acontece solenidade para formalizar doações feitas à instituição. Dentre o material, três urnas marajoaras 


Agência Museu Goeldi – Acontece na próxima segunda-feira, 28 de fevereiro, às 10 horas, uma solenidade presidida pelo Diretor do MPEG, Nilson Gabas Jr, para formalizar a doação de peças arqueológicas que estavam em propriedade de Leandro Tocantins, na Ilha de Marajó. Ao todo, foram duas urnas marajoaras, com altura de cerca de um metro cada, um artefato em madeira semelhante a uma lança, além de 20 fragmentos de cerâmica que já estão incorporadas ao acervo do MPEG.
Aproveitando a ocasião, Leandro Tocantins, sobrinho bisneto de Domingos Soares Ferreira Penna, fundador da instituição, doará boletins sobre o Museu, datados dos séculos XIX e XX.


Dilermando Guedes Cabral, que na década de 1960 acompanhou Tom T. Wildi (arqueólogo suíço naturalizado brasileiro) em várias escavações na Ilha de Marajó, também fará doação de uma urna marajoara.

Fonte: www.museu-goeldi.br

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FESTAS DE APARELHAGEM: Um outro olhar

(Em 1976 surgiu a primeira aparelhagem de som no Pará chamada Príncipe Negro. Antigo "Principe Negro" - Lucival Campos,sentado e Jorge Barao, em pé)

Aparelhagem. Manifestação cultural existente na região norte do Brasil, no estado do Pará. Uma parafernália tecnológica comandado por uma ou duas pessoas, conhecidas como DJs, e nas suas “naves” de som, controlam um equipamento que faz milhares de pessoas dançarem. Só na capital paraense existem cerca de 300 aparelhagens em atividade. Nas mais famosas – como Tupinambá, Rubi e Popsom, por exemplo – vigora um código próprio, que inclui gestos, roupas, cores e coreografias.

A festa promove um momento extraordinário, fora do comum, diferente de qualquer show existente. O público compra os ingressos, não para ver artistas, cantores e dançarinos, as pessoas vão para as festas para verem a Aparelhagem, fazerem símbolos como S do SuperPop, o T do Tupinambá, o P do Príncipe Negro, a Pedra do Rubi entre tantos outros, e também para cantar as músicas temas de cada Aparelhagem, sendo a marca registrada de cada grupo nestas festas, e destacando no meio de tudo isso a interatividade entre o(s) DJs e o público, e as músicas locais como tecnobrega.

Além do tecnobrega, outras músicas também são tocadas, de acordo com a época, ou até aquelas, que estão na moda. Funk, Carimbó, brega, flashbrega, músicas juninas, entre tantos outros, fazem parte do repertório neste mundo das Aparelhagens. Entretanto, a que define melhor este contexto social é sem dúvidas as músicas tecnobrega. A auto-afirmação pode ser sentida na musica Batida da Amazônia da banda Tecnoshow, onde nela percebemos a(s) forma(s) cultural (is) existente(s) no Pará, a cabocla, a erudita, de massa, a tradicional, a popular, nos fazendo refletir os conceitos de culturas.


Conceituar a Festa de Aparelhagem, não é tão complexo. No entanto, para um grupo seleto de pessoas, a sua aceitação como Cultura, é algo conflitante. O fato é que não temos como negar que esta manifestação é um fenômeno cultural e envolve diversas classes sociais de Belém e traz para a sua especificidade cultural a modernidade e a tecnologia, como qualquer cultura existente, sempre terá pensamentos e conclusões conflituosas.

E é necessário observar ainda que este assunto merece atenção, e deve certamente ser colocado em pauta de debates, seja na escola, seja em secretárias ou órgãos governamentais ligados a cultura, seja na política, enfim, com infinitas possibilidades de idéias e propostas de diversos setores sociais da nossa sociedade.
            
Texto: Jeancarlo Pontes, presidente da ASAPAM

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Registro de particularidades dá fôlego ao Carimbó

A história da Irmandade de São Benedito remonta ao século XIX. No município de Santarém Novo, nordeste paraense, devotos do frei franciscano negro eram reprimidos pela Igreja Católica por usar o carimbó para celebrar a fé. Cem anos depois, não só a entidade persiste, como tornou-se fiel protetora da manifestação cultural. Desde 2007, encabeça a campanha “Carimbó Patrimônio Cultural do Brasil”, pelo registro do ritmo paraense como bem cultural imaterial brasileiro.
“Percebemos que o carimbó precisa de reconhecimento para ser valorizado. E esse reconhecimento tinha que vir de fora, como parece ser o destino de toda manifestação produzida aqui. Basta lembrar que o carimbó existe há 200 anos, mas ainda hoje sofre um descaso tremendo”, diz Isaac Soares, integrante da Irmandade de São Benedito e organizador da campanha.
A ideia surgiu durante o Festirimbó, festival dedicado ao carimbó de raiz realizado há dez anos em Santarém Novo. “Pensamos em algo voltado ao carimbó tradicional, com grupos e mestres de todo o Estado”, relembra. “A cada ano a procura era maior, mas os grupos não tinham recursos para sair de seus municípios”, diz.
O carimbó vive uma contradição: ao mesmo tempo em que é usado como atrativo turístico e sinônimo da criatividade e expressão dos paraenses, os músicos tradicionais, especialmente os que vivem no interior, morrem sem registrar suas obras, com suas técnicas de confecção e manuseio de instrumentos perdidos no tempo.
Em 2008, a Irmandade de São Benedito protocolou o pedido de registro do carimbó como patrimônio imaterial junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A requisição foi aprovada no ano seguinte e desde 2010 o órgão vem produzindo um inventário sobre o ritmo, que servirá de referência para o registro. A primeira etapa da pesquisa, que consiste no mapeamento das comunidades e levantamento de dados, documentos e bibliografia relacionados ao ritmo, deve ser concluída em três meses.
Até o momento foram visitadas a microrregião do Salgado, que reúne onze municípios, e a mesorregião metropolitana de Belém, composta de onze localidades, incluindo a capital. Ainda compõe o levantamento parte do “Inventário de Referências Culturais da Ilha do Marajó – INRC Marajó”, realizado pelo Iphan entre 2004 e 2007. O estudo será encerrado com a microrregião de Cametá, que reúne sete municípios.
Estão estipuladas ainda outras duas fases: um estudo etnográfico, no qual os pesquisadores irão acompanhar a rotina dos mestres, e um dossiê com todos os dados coletados. Planeja-se a entrega do material para a segunda metade de 2012.
“Só o registro documental é uma enorme conquista”, avalia Edgar Chagas, geógrafo e pesquisador do Iphan que desenvolve o estudo ao lado de mais dois técnicos. “Ao longo dos anos foi produzido um material rico, porém pequeno, sobre o carimbó. Existiam grandes autores como Vicente Salles (folclorista paraense, pioneiro na pesquisa musical da região no começo do século XX), as crônicas de grande viajantes. Mas nunca uma obra específica sobre o assunto”.
DESCOBERTAS
Exemplo disso são algumas particularidades do ritmo que vieram à tona a partir do estudo. A mais peculiar é justamente a aproximação do carimbó com as festividades de santo. Muitos grupos, como é o caso da Irmandade de São Benedito, mantêm uma ligação estreita com a religiosidade. Isso vincula a prática ao calendário religioso, concentrando as apresentações nos períodos de folguedos, como é a festa de São Sebastião, comemorada em dezembro. “Nesse contexto, São Benedito vem se mostrando o santo do carimbó, pela sua popularidade entre os grupos. Logo em seguida vem São Sebastião”, aponta Edgar.
Outra particularidade é uma reavaliação da influência negra junto ao gênero musical, antes considerado predominantemente indígena. Em algumas localidades, a cultura negra prevalece em sua formação rítmica, produzindo inclusive variações regionais, como o zimba em Vigia e o samba na região bragantina.
No estudo preliminar já se delimita, inclusive, uma região simbólica para o ritmo. “É uma manifestação litorânea. Tanto que adentrado o território, no baixo Tocantins, passamos a não encontrar registro de grupos. Só um grupo folclórico ou escolar, aqui e ali”, diz o pesquisador.
O QUE MUDA
A partir do reconhecimento, o governo brasileiro passará a ter obrigação de garantir a difusão e a manutenção do carimbó. “Esse registro irá contemplar o carimbó com um caráter oficial, de um patrimônio cultural reconhecido pela Federação. A partir daí, o poder público terá o dever de desenvolver políticas para proteger esse bem”, explica Edgar.
“Estamos na expectativa. Com o registro, as organizações e os grupos passarão a contar com recursos próprios para ações como produção de vídeos e CDs, viagens e elaboração de projetos culturais. Será a melhor forma de garantir que não iremos sacrificar a arte pela sobrevivência”, avalia Isaac Soares, já especulando o próximo passo da campanha. “Queremos ser reconhecidos como patrimônio da humanidade”, conclui.
FAÇA PARTE
Para saber mais a respeito da campanha “Carimbó Patrimônio Cultural do Brasil” acesse www.campanhacarimbo. blogspot.com ou mande um e-mail para carimbopatrimonioculturalBR@ gmail.com. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br  22/02/2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ações valorizam o patrimônio histórico

Cerca de 100 estudantes de diversos cursos da Unama participaram de uma visita monitorada a lugares que compõem o patrimônio histórico de Belém. A ação, ocorrida na terça-feira (8), faz parte do projeto “Amor pela Cidade x Violência Urbana”, que vai realizar atividades como palestras, exposições, apresentações do coro cênico da universidade e visitas culturais durante o ano todo.
O projeto, proposto pelo Núcleo Cultural, tem cunho interdisciplinar e o objetivo de sensibilizar para a necessidade dos estudantes e demais participantes lançarem um novo olhar sobre a cidade onde vivem. A ideia é transformar os alunos em possíveis multiplicadores de atitudes que busquem a valorização e preservação da memória e do patrimônio humano e cultural, além de atentar para o cuidado maior com os espaços urbanos e com os bens culturais móveis e imóveis da cidade.
A professora Célia Jacob, coordenadora do curso de Letras, conta que o projeto surgiu a partir do conhecimento de que Belém é a cidade que, proporcionalmente à população, é a mais violenta do Brasil. “Essa violência também pode ser percebida no patrimônio histórico. É preciso entender e perceber que a violência vai além da questão social e econômica. É dever da Universidade discutir isso, refletir sobre como a violência está acontecendo e sendo apresentadas nas obras, no meio ambiente, praças etc. Não se ama o que não se conhece. Nossa intenção é contribuir com propostas para a busca de soluções”.
A iniciativa já está dando bons resultados. Célia conta que organizações públicas e da sociedade civil já demonstraram interesse em participar, entre elas estão a Associação dos Moradores da Cidade Velha, Viva Belém, Seduc e Projeto Monumenta.
INÍCIO
A abertura do projeto “Amor pela Cidade x Violência Urbana” aconteceu na segunda-feira, dia 7, e contou com apresentação do coro cênico da Unama e um recital de músicas com repertório de Paulo André e Rui Barata, Emmanuel G. Matos, José Maria Bezerra, Edyr Proença e Toni Soares. Após a apresentação, o poeta João de Jesus Paes Loureiro realizou a palestra “O conceito de amor por Belém e pelo seu patrimônio cultural e arquitetônico, diante da escalada da violência urbana”.
Uma das ações do projeto é o “Varal de Poesia & Foto Denúncia”, atividade organizada pela Casa da Memória da Unama, com o apoio dos estudantes de Letras, Comunicação e Artes Visuais, que será realizada até o dia 28 de fevereiro, no hall de entrada do campus Alcindo Cacela. O objetivo é coletar e organizar uma exposição em varal de fotografias, que retratem e denunciem a violência urbana que vem crescendo e vitimando a sociedade.
Outra atividade que também se integra ao projeto multidisciplinar e de responsabilidade social é a mostra fotográfica “Traços da Cidade”, aberta na Galeria de Arte “Graça Landeira”, no campus Alcindo Cacela, até o dia 28 deste mês. Praças, esculturas e prédios históricos foram objetos de estudo de ação patrimonial desenvolvida pela primeira turma do Curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem da Unama, em 2004.
A mostra, que conta com 25 fotografias, foi resultado de trabalhos elaborados por alunos para a avaliação de duas disciplinas: Fotografia, ministrada pelo professor Mariano Klautau, e Arte em Espaços Culturais, ensinada pela professora Janice Lima. Entre os objetivos da exposição está, também, a recepção dos alunos da Unama do ano letivo de 2011.
Para a visita aos pontos históricos de Belém, foram disponibilizados dois ônibus, que transportaram calouros dos cursos de Administração, Arquitetura e Urbanismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda, Letras, Pedagogia, Serviço Social, Fonoaudiologia, Ciências Contábeis e Moda. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br  21/02/2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lançamento de livros sobre o Marajó

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por meio da Superintendência no Pará, e a Universidade Federal do Pará- UFPA realizarão, no dia 18 de fevereiro, o lançamento de quatro livros: “Marajó – Culturas e Paisagens”, “Folias de São Sebastião: um estudo da transmissão musical”, “Muito além dos Campos: arqueologia e história na Amazônia Marajoara”, “Abordando o passado – uma introdução à arqueologia”.
O fio condutor que une os quatro livros é a temática relacionada aos patrimônio cultural e arqueológico e o Marajó. São quatro abordagens ao mesmo tempo diferentes e complementares. Nos anos de 2004 a 2007 foi realizado, pelo IPHAN, o Inventário de Referências Culturais da Ilha do Marajó – INRC Marajó, e em 2009 a Identificação e cadastro de sítios arqueológicos do Marajó em parceria com a UFPA. Assim, os três primeiros livros podem ser considerados frutos de inventários realizados pelo Iphan no Marajó, eles serão distribuídos nas escolas de nível fundamental do Marajó, por meio de parceria com a universidade no projeto por campos e florestas do Marajó, que consiste na formação de professores pesquisadores, os quais receberão capacitação para utilização desse material e também de outras publicações produzidas pelos próprios professores  na sala de aula. O quarto livro agrega conhecimento a uma área importante para a preservação do patrimônio cultural: a arqueologia.
 “Marajó – Culturas e Paisagens” reúne artigos elaborados por pesquisadores, alguns dos quais integraram a equipe que realizou o INRC do Marajó, e também por técnicos do Iphan no Pará. Os temas abordados nos artigos procuram eliminar a visão “exótica” que se difunde do Marajó e de suas paisagens. Procura trazer e valorizar as versões locais enfocando crenças, festividades, ofícios e modos de fazer com seus tantos significados e intermediadas pelos pesquisadores e autores. Aponta possíveis caminhos para transformar a dura realidade de isolamento e dificuldades de acesso aos serviços de saúde e educação, bem como problemas de violência e descaso vivenciados e enfrentados pela população marajoara no seu dia-a-dia.
No âmbito da cultura marajoara, as autoras Lílian Barros e Verena Abufaiad nos brindam com o livro “Folias de São Sebastião: um estudo da transmissão musical”, onde é possível realizar uma imersão nas diversas fases e faces da Festa do Glorioso São Sebastião e perceber que o processo de transmissão musical ocorre de forma concomitante com a transmissão da cultura e da religiosidade popular.
E por falar em transmissão da cultura, o livro “Muito além dos Campos: arqueologia e história na Amazônia Marajoara”, organizado por Denise Pahl Schaan e Cristiane Pires Martins, é composto por artigos cujo tema transversal é o patrimônio cultural e biológico da população do Marajó e são o resultado da soma do conhecimento teórico e da experiência empírica dos pesquisadores que atuaram em projetos por meio dos quais vivenciaram o contato direto com a população, a cultura, e a diversidade das paisagens, da fauna e da flora do arquipélago do Marajó.
Na esfera da arqueologia, o antropólogo e arqueólogo Mauro Viana Barreto nos proporciona  no livro de sua autoria “Abordando o passado – uma introdução à arqueologia”, uma viagem pelos conceitos e preceitos fundamentais da arqueologia abordando temas como: a definição de arqueologia, elementos que integram uma cultura arqueológica e as etapas da pesquisa arqueológica. O livro agregará conteúdo para aqueles que trabalham com arqueologia no Marajó e também em diversas outras regiões do Pará e do Brasil.
Lançamento de livros sobre o Marajó
Data/Hora: 18 de fevereiro de 2011, às 19h
Local: Anexo Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará
Endereço: Av. Governador José Malcher, Nº 474, Nazaré - esquina com a Rua Benjamin Constant.
Maiores informações: (91) 3224-1825 e 3224-0699

Fonte: www.ufpa.br/ifch

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Deteriorado às vésperas dos 100 anos

Prefeitura diz que reforma no mercado será feita para a criação de um teatro
A três meses de completar 100 anos, o Mercado de São Brás vive praticamente de aparências. Há três anos, a fachada passa por reparos, mas a boa conservação externa esconde infiltrações, goteiras e problemas graves nas instalações elétricas e nas colunas. Em meio às negociações para transformar a nave central do Mercado em teatro municipal, os mais de 500 vendedores que trabalham no local apontam os problemas.
As colunas de pedra estão constantemente encharcadas. A água das chuvas escorre pelo telhado de amianto e se espalha pelas paredes até o chão, onde fica empoçada. No prédio do setor de refeições, atrás da nave central, o telhado não resistiu às chuvas e os vendedores improvisaram telhados internos e calhas para se proteger.
Geraldo Lisboa, representante do setor de refeições, afirma que a pintura feita entre 2008 e 2009 criou outros problemas. "Acabou quebrando telhas e criando essas goteiras", relata Geraldo.
Danificadas pela umidade e pela falta de manutenção, as instalações elétricas são um risco. Não há extintores, nem qualquer outro sistema de prevenção ou combate a incêndios.
A Secretaria Municipal de Economia, responsável pela conservação de feiras e mercados de Belém, informou que remanejará ainda em 2011 os feirantes que trabalham dentro do Mercado de São Brás. "Os vendedores vão para a área que hoje abriga o hortifrutigranjeiro e o mercado de peixe e carne", afirma Luiz Carlos Silva, diretor do Departamento de Feiras e Mercados da Secon. Ainda segundo ele, o remanejamento atende a uma demanda do próprio prefeito. Questionado sobre os problemas estruturais no prédio, Luiz Carlos Silva afirmou que todos os problemas detectados pela reportagem serão sanados na reforma que adaptará o espaço do Mercado para funcionar como teatro.
Fonte: www.orm.com.br

Exposição "O Marajó de Giovanni Gallo"

A exposição “O Marajó de Giovanni Gallo” reúne imagens poético-documentais que revelam o olhar e a história do italiano Giovanni Gallo, ex-padre jesuíta e criador do O Museu do Marajó, que viveu nos municípios de Santa Cruz do Arari e Cachoeira do Arari entre às décadas de 70 e 80. Grande visionário, museólogo e fotógrafo, entregou sua vida para servir um povo culturalmente rico, original que vive a margem da história, distante dos grandes centros urbanos, afastados de tudo, de difícil acesso, em localidades desconhecidas onde a ditadura da água e da terra prevalecem. 
Gallo tornou-se um dos maiores defensores e divulgadores da paradoxal cultura marajoara.
Serviço:
Abertura: 17.02.2011, 19 horas
Visitação: 18.02 a 31.03.2011, de terça a domingo, de 10 as 19 horas
Centro Cultural SESC Boulevard
Boulevard Castilhos França, 522 / 523
66010 - 110 - Bairro Campina
Belém - Pará - Brasil
(91)3224-5654 / 3224-5305

Marajó: misto de exposição e retrospectiva

Giovanni Gallo (1927-2003), o padre jesuíta italiano que se descobriu fotógrafo no Brasil, tem sua obra e vida em “Marajó de Giovanni Gallo”, misto de exposição e retrospectiva.
O projeto reúne 48 imagens que fizeram parte da pesquisa sociocultural do religioso na Ilha do Marajó (PA), entre as décadas de 1970 e 1980. Complementam a mostra documentos, textos jornalísticos, livros e objetos que recontam sua trajetória na região.
Em 1970, Giovanni Gallo foi ordenado para atuar no Brasil. Entusiasmado com as paisagens do país, o religioso desenvolveu o hobby de registrar em fotos as belezas naturais e os costumes da população. Na Ilha do Marajó, desdobrou sua pesquisa para a arqueologia, abordando as tribos indígenas que habitaram o local durante o período colonial.
Em Cachoeira de Arari, cidade de 17 mil habitantes, criou em 1983 o Museu do Marajó, uma entidade comunitária, para reunir o seu acervo.
A exposição integra a edição da revista PZZ sobre Giovanni Gallo e o tráfico da cerâmica marajoara. A ação tem patrocínio do Serviço Social do Comércio (Sesc-Pará) e apoio institucional do Museu do Marajó, do Museu Emílio Goeldi e da Secretaria de Estado de Cultura.
VISITE
Exposição “Marajó de Giovanni Gallo”. Abertura nesta quinta-feira (17), às 19h, no Centro Cultural Sesc Boulevard (Av. Boulevard Castilho França, nº 522/523). Entrada franca. (Diário do Pará)

Fonte: www.diarioonline.com.br

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Secult fecha Theatro da Paz para reforma

Quarta-Feira, 16/02/2011, 21:44:08
A noite de aniversário do Theatro da Paz e do maestro Waldemar Henrique também foi marcada pelo anúncio do fechamento provisório do teatro para reforma. A notícia foi dada pelo secretário de esta do de Cultura, Paulo Chaves Fernandes, no final do recital especial na noite desta terça-feira (15). Ele explicou para o público presente, que o teatro será fechado a partir desta quarta-feira (16) porque está infestado por cupins e que por esse motivo, a estrutura física do teatro estaria comprometida. A decisão do fechamento provisório do teatro se deu através de um entendimento entre a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
"O teatro está correndo um sério risco e nós já estamos tomando as medidas necessárias para recuperá-lo o mais rápido possível. Tomamos essa decisão em conjunto com o Iphan, pensando sempre na segurança de todos", afirmou o secretário. Ele explicou que os problemas dos cupins, foram detectados em setembro de 2009, ainda na gestão passada. Na época, um relatório apontando os problemas estruturais causados pelos cupins foi apresentado para os gestores do governo, porém, nad a foi feito.
Assim que assumiu a Secult, Paulo Chaves tomou conhecimento do relatório e entrou em contato com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo para que disponibilizasse técnicos especializados em madeira para fazer o serviço de descupinização do teatro. "As primeiras previdências já foram tomadas e o serviço deve começar o mais breve possível. Porém, enquanto isso, o teatro ficará fechado por medida de segurança durante um tempo indeterminado", ressaltou Chaves.
A plateia ficou assustada e surpresa com o anúncio do secretário. "É muito triste saber que nosso teatro estava completamente abandonado, entregue aos cupins. Espero que agora as coisas melhorem e nós possamos voltar a assistir espetáculos maravilhosos nesse lugar", disse a empresária Marina Soares.
Paulo Chaves afirmou que o relatório que aponta todas os problemas estruturais do teatro causados pelos cupins está disponível para quem quiser ter mais conhecimento so bre o caso. "Vamos trabalhar para que logo o teatro volte ao seu esplendor", garantiu. (Agência Pará)
 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Descaso consome o Mercado de Ferro

Sete anos depois de uma grande reforma, o Mercado de Ferro do Ver-o-Peso, maior ícone de Belém, está caindo aos pedaços. Duas chapas de metal e uma esquadria apodrecidas pelo ferrugem despencaram de uma das torres e abriram um buraco no mais conhecido cartão postal da cidade. O telhado do Mercado, sem reparos desde a reforma concluída em 2003, não protege o prédio histórico da água da chuva. Vazamentos e goteiras comprometeram as instalações elétricas. Das 20 luminárias, apenas três funcionam.



Para enfrentar a escuridão nas madrugadas do Ver-o-Peso, os peixeiros improvisaram bocais e lâmpadas ligados precariamente à rede de energia da feira, com graves riscos à integridade física às milhares de pessoas que circulam naquele patrimônio cultural. A coleta do lixo precária deixa detritos espalhados sob as barracas do mais célebre mercado da região amazônica.
A falta de cuidado está por todo o lado. A placa da inauguração foi partida ao meio. Não é possível mais ler a data em que foi concluída a obra, iniciada em 1899. Os 120 peixeiros que trabalham no mercado não têm energia nos boxes e a sujeira aproxima o Ver-o-Peso das feiras medievais. 'Nós estamos esperando que a prefeitura se mexa. São sete anos sem nenhum reparo, de um total abandono', afirma o presidente do Sindicato dos Peixeiros, Fernando Souza, que trabalha no mercado.
A insatisfação é tanta que até os feirantes de fora do Mercado de Ferro se manifestaram. Uma faixa registra: ''Ver-o-Peso, cartão postal do nosso estado. Abandonado! Imagine como deve estar o resto da cidade'. Por fora, o ferrugem se espalha por quase todas as chapas da estrutura de metal. No alto das torres, ervas daninhas alimentam as aves que usam o telhado como poleiro.


Tombado - Em 1977, o conjunto arquitetônico e paisagístico do Ver-o-Peso foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em junho de 2010, o Mercado de Ferro foi incluído na lista de bens que terão a reforma custeada por recursos do governo federal pelo PAC Cidades Históricas, um programa de requalificação urbanística de áreas históricas e recuperação de espaços públicos.
A previsão de investimentos do PAC Cidades Históricas para Belém é de R$ 370 milhões entre 2010 e 2013, mais da metade do total que se destina ao estado. Além do Mercado de Ferro (também conhecido como Mercado de Peixe), serão restaurados o Solar da Beira (que abrigará um Centro de Referência sobre o Ver-o-peso para a recepção de visitantes), o Palácio Antonio Lemos e o Cemitério da Soledade, além de outros espaços em Icoaraci e Cotijuba.
O programa também prevê a capacitação de professores na área de educação ambiental e patrimonial e a normatização das áreas protegidas por tombamento. Quem vem de fora e encontra o mercado na situação em que está, se surpreende com a falta de cuidado com o patrimônio histórico e arquitetônico. A pesquisadora paulista Cristina Rodrigues, em visita a Belém para a conclusão de um doutorado, registrava, ontem, em fotografias, o abandono do Mercado de Ferro. Cristina conclui um trabalho de pesquisa na James Cook University, na Austrália, que apontará atrativos turísticos das duas grandes cidades da região amazônica, Belém e Manaus, e as possibilidades de melhorias.
A impressão que ela leva na bagagem, adequada ao cenário de destruição e abandono que ela pôde ver ontem no Ver-o-Peso, é a de que Belém ainda tem muito o que aprender com a vizinha mais nova e mais conservada que herdará, sem nenhuma injustiça, o título de metrópole da Amazônia.

Fonte: O Liberal - http://www.orm.com.br/
Fotos: Paula Sampaio (O Liberal)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Patrimônio - Guitarrada mais perto de se tornar patrimônio






A guitarrada está perto de ser legitimamente paraense. A Assembleia Legislativa do Pará aprovou nesta quinta-feira (10/02), em todos os turnos de votação, projeto de lei que reconhece o gênero musical Patrimônio Cultural do Estado. A autoria do projeto é do líder da bancada do PT, deputado Carlos Bordalo.
Para ele, a aprovação fortalece e representa ainda mais as tradições e costumes paraenses. “Esta lei visa preservar, conservar e proteger esta forma de expressão da cultura popular paraense”, destacou Bordalo. Após ser aprovada em plenário a lei será encaminhada para sanção governamental.
Além de alguns dos ícones do movimento musical, encontram-se dentre os agraciados com a condecoração nomes consagrados da Música Popular Brasileira, da música regional, da música latino-americana e da música erudita.
Ritmo - A guitarrada é um gênero musical paraense instrumental nascido da fusão do choro com carimbó, cúmbia e jovem guarda. Também é chamado de lambada instrumental. Neste estilo, a guitarra elétrica é solista. Os principais representantes da atualidade são os grupos: Mestres da Guitarrada, Calypso, Cravo Carbono e La pupuña.
História - O seu criador é o Mestre Vieira, como é mais conhecido. Batizado pelo nome de Joaquim de Lima Vieira, nascido em Barcarena, no dia 29 de outubro de 1934. O estilo tem como marco o disco Lambadas das Quebradas lançado pelo guitarrista em 1978.
Tem 14 discos solo gravados. A música "Lambada Jamaicana" (lançada em 85) é seu maior sucesso. Desde 2003 integra também o grupo Mestres da Guitarrada, tendo 2 cds lançados: Mestres da Guitarrada (2004, selo Funtelpa) e Música Magneta(2008, Selo Candeeiro Records).  (DOL com informações da Alepa)
Fonte: Diário Online, 11/02/2011, Pará.  www.diarioonline.com.br

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Programação especial marca o aniversário de dois ícones culturais da cidade

   Dois monumentos culturais da cidade interligados pelo palco, sonoridade, sensibilidade e pela magia da expressão, nasceram no mesmo dia. Um compõe o outro: a casa e o artista.
   No dia 15 de fevereiro, Belém celebra os 133 anos do Theatro da Paz e o 106° aniversário do Maestro Waldemar Henrique.
   A data será comemorada com um Recital de homenagem a esses dois ícones culturais, que acontece na noite de terça-feira, a partir das 20h, no próprio Theatro da Paz.
   Na programação, estarão músicas do maestro interpretadas por Carmen Monarcha e Patricia Oliveira, acompanhadas da  soprano Ana Maria Adade. O repertório contará com canções tradicionais e raras, entre elas: “Suave Spleen”, “Maracatu”, “Nega Fulô”, “Senhora dona Sancha” e “Exaltação”.

Histórico

   Fundado em 15 de fevereiro de 1878, o Theatro da Paz é símbolo da Belle Époque e marco histórico e arquitetônico da cidade, já tendo abrigado diversos espetáculos de artistas do Brasil e do mundo, como o compositor de Carlos Gomes e o Ballet Kirov.
   Depois de passar por diversas reformas, completa 133 anos de funcionamento, considerado um dos teatros mais tradicionais do país.
   Já o Maestro Waldemar Henrique tem legado artístico que transita entre a música popular e a música erudita, porém carregado de aspectos amazônicos, o que pode ser observado nos clássicos “Taja-Panema” e o “Tamba-tajá”.
   O maestro, imortalizado pela cultura popular, mesmo fazendo canções mais rebuscadas, conseguiu mesclar os dois extremos e ser um dos músicos mais importantes da região.
Texto: Assessoria de Imprensa
Edição: Leylla Melo, da redação

Serviço:

Recital em comemoração aos 133 anos do Theatro da Paz e o 106° aniversário do Maestro Waldemar Henrique

Data:
15 de fevereiro (terça)

Horário: 20h
Local: Theatro da Paz
Entrada Franca

Fonte:www.guiart.com.br

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Prédios históricos de Belém podem desabar, diz Iphan

Com uma arquitetura admirável, deixada como herança dos portugueses que fundaram Belém, os casarões do bairro da Cidade Velha, que mesmo há muito tempo abandonados, resistem de pé e ainda encantam quem passa pelo local.  Rubens Lobato, popularmente conhecido como 'Rubão' e dono de um dos bares mais movimentados do bairro, sabe muito bem o valor histórico dos prédios que o rodeia. 'Eu amo ficar observando esses casarões. E por serem tão antigos se torna uma paisagem muito bonita'.
A arquiteta Alice Rodrigues Rosa, da câmara especializada de arquitetura do CREA/Pa (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Pará), explica o motivo de eles ainda estarem firmes, mesmo depois de tanto tempo abandonados: 'Esses imóveis foram construídos com paredes mais robustas, com cerca de 30 centímetros. Além disso, eles eram feitos de alvenaria entrelaçada e cimento de argila, o que proporciona uma estabilidade maior. O problema é que essas edificações não podiam ser muito altas. Apenas com o advento do concreto armado é que foi possível a construção de prédios mais elevados'.
‘Rubão’, que apesar de não ser arquiteto e nem entender muito de cálculos estruturais ou estudos de solo, acredita que os casarões antigos da Cidade Velha foram mesmo construídos para durarem séculos. 'Sempre soube que essas casas têm uma estrutura muito boa. Vêm as chuvas e tudo alaga, mas elas continuam de pé. Creio que são até melhores do que essas modernas',  comenta, relembrando o desabamento do prédio Real Class, de 34 andares, em São Bráz, que deixou três mortos no último dia 29 de janeiro.
Com portes bem menores, mas construídos sob medida para resistirem aos danos do tempo, os cerca de 190 imóveis que ainda interessam à preservação na Cidade Velha, também correm o risco de cair, embora por motivos nem cogitados como uma das causas da queda do edifício em São Bráz. 'Certamente que esses imóveis antigos correm o risco de desabar. Todo período de chuva isso acontece com aquelas edificações, que se encontram em completo estado de abandono', afirma a superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Maria Dorotea Lima.
Essa situação também preocupa Dauana Farias, de 20 anos, que se considera uma grande admiradora dessa arquitetura. 'Passei a frequentar mais o bairro há três anos, porque meu namorado mora lá. Adoro andar por ali, observar as casas antigas, mas algumas estão muito abandonadas, completamente tomadas pelo mato. Tenho até receio de alguma casa dessas cair um dia de tão abandonadas', disse
Dados da Sesma (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), divulgados na semana passada, identificaram 259 imóveis fechados no centro histórico de Belém, sendo que 98 são terrenos baldios e edificações em estado de abandono. 'As políticas federais hoje implicam em ações coordenadas e concomitantes que envolvem a restauração das edificações, a recuperação do espaço urbano, a implementação dos serviços urbanos e o fomento às atividades educativas associadas ao meio ambiente e ao patrimônio cultural, o fomento às atividades econômicas e à qualificação profissional', afirma a superintendente.
E não é de hoje que essas edificações são preocupação dos órgãos públicos. Esses casarões, palácios, igrejas e praças são patrimônio de Belém, do Pará e também do Brasil. Os tombamentos federais foram iniciados na década de 1940 e seguiram até a década de 1990. O tombamento do centro histórico de Belém, no entanto, é de 1994.
De acordo com Dorotea, a maioria dessas edificações é de propriedade particular. Os monumentais como palácios, igrejas, conventos estão sob a posse ou guarda do poder público estadual, municipal e federal e também da Igreja Católica. Para ela, somente uma ação conjunta seria capaz de recuperar esses imóveis e mantê-los preservados. 'Além da mobilização dos proprietários, seria necessária uma parceria entre as três esferas de governo para a elaboração de um projeto de acordo com as diretrizes dos programas federais para a recuperação de áreas urbanas centrais, degradas e do patrimônio cultural. Hoje há muitos caminhos possíveis para viabilizar esses projetos, mas os estados e municípios precisam considerar esta questão prioritária e também como possibilidade de desenvolvimento econômico, fator de geração de emprego e renda e formação de cidadãos', explica.
Quem mora perto, ou admira essa arquitetura, como Rubens e Dauana, desejam que projetos de restauração e preservação desses patrimônios saiam do papel, e logo. 'Preservar custa caro, mas é necessário. Até quando vamos continuar perdendo esses  exemplares que já fazem parte da cultura do paraense?', questiona Alice.



Fonte: Redação Portal ORM, 05/02/2011. http://www.orm.com.br/

Preservação em ritmo lento

A expectativa era alta no dia 29 de junho de 2010, quando foi assinado o acordo de adesão do Pará ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, que prometia uma verba de R$ 600 milhões para ser aplicada em Belém e nos municípios de Afuá, Aveiro, Belterra, Bragança, Cametá, Óbidos, Santarém e Vigia. Somando investimentos federal, estadual e municipal, o plano previa 616 ações a serem realizadas entre 2010 e 2013.
Dentre as obras programadas estavam, por exemplo, a restauração do Palácio Antônio Lemos, do Solar da Beira e do Cemitério da Soledade, em Belém; a revitalização da Estação Pinheiro, em Icoaraci; o tombamento do Distrito de Fordlândia, em Avieiro; a qualificação de um pólo ceramista em Bragança e a implementação do Parque Ambiental Vera Paz, em Santarém. Seis meses depois, falta muito para que a euforia do lançamento do PAC se torne realidade.
A única obra concluída até agora com a verba do PAC das Cidades Históricas foi a reforma do Theatro da Paz. Isso porque o restauro, finalizado em setembro do ano passado, graças ao repasse de R$ 1.588.332,72, só foi realizado devido a um pedido de “intervenção emergencial” feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para conter o desabamento parcial do forro na entrada do prédio.
Das demais obras previstas pelo programa, já tiveram suas verbas aprovadas os restauros da Igreja de Santana, orçado em R$  1.629.483,88; do Mercado de Peixe, em R$  5.218.091,81; da sede da Fotoativa, em R$  2.058.500,00; e do casario da ladeira do Forte do Castelo, em R$ 2.121.400,00, todos localizados em Belém.
Entretanto, apenas a Igreja de Santana está em obras, de acordo com o Iphan. Os demais projetos não têm previsão de início. Nem ao menos o Forte Pauxis, em Óbidos, anunciado como o primeiro local a ser beneficiado pelo PAC das Cidades Históricas, no dia da assinatura do convenio, fez grandes progressos. Apesar de ter fechado convênio com o governo federal para a obra, a prefeitura ainda está à espera da licitação para iniciar as reformas, avaliadas em R$ 2.168.926,66.
“Não aconteceu muita coisa”, admite a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa de Lima. “Só se encaminha recurso quando existe um projeto estruturado. Como as prefeituras ainda não encaminharam nada, em sua grande maioria, a verba não está sendo liberada”, explica.
O objetivo do PAC das Cidades Históricas é promover ações conjuntas de preservação do patrimônio histórico unindo governo federal e prefeituras, em parceria com os Estados.
E é justamente essa falta de entrosamento entre as esferas o entrave para o andamento dos projetos. No caso do Solar da Beira, que deveria se tornar um Centro de Referência do Ver-o-Peso, a restauração está embargada até a Prefeitura de Belém remanejar os lojistas do entorno.
Segundo o Iphan, o prefeito Duciomar Costa prometeu que até o final de fevereiro irá regulamentar a situação. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) declarou que a responsabilidade pelos projetos cabe ao Iphan e à Secult, “pois estas obras são deles, e não do município”.
MUNICÍPIOS
No interior do Estado, a situação também é complicada, já que a maioria dos municípios não possui secretarias de Cultura para administrar as demandas do programa.
“Isso vai além da capacidade desses municípios. Quando existe uma secretaria de Cultura, a mesma está integrada à área de esportes, por exemplo. Não existem pastas voltadas especificamente para o patrimônio histórico. Isso dificulta tremendamente o processo. A lógica do PAC das Cidades Históricas é que as prefeituras desenvolvam os projetos. A responsabilidade é delas. Ou se estruturam para cumprir essa demanda, ou os investimentos não vão sair do papel”, afirma Dorothéa.
Em relação à gestão estadual, a mudança de governo exige que a nova administração esteja a par do programa. Até segunda ordem, o PAC das Cidades Históricas está suspenso para balanço. Em nota oficial, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) diz não comentar o assunto, até que seja realizada uma reunião com o governo federal.
Quando isso acontecer, melhor começar passando a limpo o “pequeno” engano orçamentário cometido durante o lançamento do PAC no Pará. Apesar do governo anterior ter anunciado R$ 600 milhões de investimentos, o valor atual gira em torno de R$ 480 milhões. (Diário do Pará)

Fonte: Jornal Diário do Pará, caderno Você, 06/02/2011. www.diarioonline.com.br

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Patrimônio - Museu da Guerrilha do Araguaia será instalado




Entre as ações do Projeto Rondon no município de São Domingos do Araguaia, no sudeste paraense, está a instalação do Museu Histórico da Guerrilha do Araguaia. A atividade fez parte da capacitação ofertada na área de Cultura, a qual abordou a temática da Museologia. 
De acordo com a coordenadora do Projeto Rondon na UFPA e da equipe que trabalhou em São Domingos do Araguaia, professora Ieda Guedes, a oferta surgiu mediante a demanda dos próprios moradores do município onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia, movimento desencadeado na região, entre as décadas de 60 e 70, com propósito de fomentar uma revolução socialista no Brasil. 
Funcionamento - O Museu foi criado como instituição pertencente à Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia (ATGA) e deve começar a funcionar dentro de três a quatro meses, tempo necessário para a conclusão da reforma do local onde será instalado. O acervo constará de depoimentos em áudio e/ou vídeo de torturados ou de parentes, além de documentos históricos e instrumentos, como armas de guerrilheiros e militares. 
O papel da equipe da UFPA do Projeto Rondon foi prestar orientações e dinamizar os participantes para a instalação e o funcionamento do Museu. A capacitação foi ministrada pela voluntária Sílvia Guerreiro Giese, estudante do curso de Museologia da UFPA. Cerca de 13 pessoas participaram do curso, entre as  quais, dois torturados e alguns familiares de torturados da Guerrilha. 
“Apresentamos os tipos de museus existentes, informamos como um museu pode atuar de forma alternativa, ou seja, independentemente de vínculo com a Prefeitura, e falamos da importância de alguns procedimentos, como a criação de um livro de tombo, da documentação de fundação e do estatuto do museu, dentre outros assuntos”, explicou a estudante Sílvia Giese. 
Preservação da memória - A professora Ieda Guedes afirmou que a ação provém de um dos objetivos do Rondon, no sentido de valorizar o patrimônio histórico e cultural do município onde está atuando. “A Guerrilha ainda está muito viva na memória daquelas pessoas, memória esta que carece de ser socializada. Ainda há muita coisa para ser contada sobre o fato, e um Museu como esse ajudaria a própria população e os pesquisadores do assunto a entenderem a Guerrilha em todos os aspectos”, diz a professora. 
A equipe da UFPA coletou entrevistas em áudio e vídeo para compor um documentário, que será também socializado juntamente com o acervo do Museu. Ao todo, sete depoimentos de torturados foram coletados. O trabalho de coleta deve prosseguir mesmo após o término da Operação Carajás do Projeto Rondon. 
História – A Guerrilha do Araguaia começou a ser combatida pelo exército a partir de 1972, quando vários de seus integrantes já haviam se estabelecido no município há, pelo menos, seis anos. Com a pressão militar para eliminar a Guerrilha, moradores de São Domingos do Araguaia foram vigiados, coagidos e, muitas vezes, torturados. Foi daí que surgiu a Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia (ATGA), que, há muito tempo, já tinha anseios de criar um museu onde a história da Guerrilha pudesse ser contada sob outro ponto de vista que não apenas o dos guerrilheiros ou dos próprios militares. 
De acordo com Ieda Guedes, a coordenação do Projeto Rondon, sendo multi e interdisciplinar, deverá buscar parcerias com especialistas na área para dar continuidade ao processo de instalação do Museu Histórico da Guerrilha do Araguaia. (Dol com informações da UFPA) 

Fonte: Diário do Pará Online, Pará, 04/02/2011 www.diarionline.com.br