quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FESTAS DE APARELHAGEM: Um outro olhar

(Em 1976 surgiu a primeira aparelhagem de som no Pará chamada Príncipe Negro. Antigo "Principe Negro" - Lucival Campos,sentado e Jorge Barao, em pé)

Aparelhagem. Manifestação cultural existente na região norte do Brasil, no estado do Pará. Uma parafernália tecnológica comandado por uma ou duas pessoas, conhecidas como DJs, e nas suas “naves” de som, controlam um equipamento que faz milhares de pessoas dançarem. Só na capital paraense existem cerca de 300 aparelhagens em atividade. Nas mais famosas – como Tupinambá, Rubi e Popsom, por exemplo – vigora um código próprio, que inclui gestos, roupas, cores e coreografias.

A festa promove um momento extraordinário, fora do comum, diferente de qualquer show existente. O público compra os ingressos, não para ver artistas, cantores e dançarinos, as pessoas vão para as festas para verem a Aparelhagem, fazerem símbolos como S do SuperPop, o T do Tupinambá, o P do Príncipe Negro, a Pedra do Rubi entre tantos outros, e também para cantar as músicas temas de cada Aparelhagem, sendo a marca registrada de cada grupo nestas festas, e destacando no meio de tudo isso a interatividade entre o(s) DJs e o público, e as músicas locais como tecnobrega.

Além do tecnobrega, outras músicas também são tocadas, de acordo com a época, ou até aquelas, que estão na moda. Funk, Carimbó, brega, flashbrega, músicas juninas, entre tantos outros, fazem parte do repertório neste mundo das Aparelhagens. Entretanto, a que define melhor este contexto social é sem dúvidas as músicas tecnobrega. A auto-afirmação pode ser sentida na musica Batida da Amazônia da banda Tecnoshow, onde nela percebemos a(s) forma(s) cultural (is) existente(s) no Pará, a cabocla, a erudita, de massa, a tradicional, a popular, nos fazendo refletir os conceitos de culturas.


Conceituar a Festa de Aparelhagem, não é tão complexo. No entanto, para um grupo seleto de pessoas, a sua aceitação como Cultura, é algo conflitante. O fato é que não temos como negar que esta manifestação é um fenômeno cultural e envolve diversas classes sociais de Belém e traz para a sua especificidade cultural a modernidade e a tecnologia, como qualquer cultura existente, sempre terá pensamentos e conclusões conflituosas.

E é necessário observar ainda que este assunto merece atenção, e deve certamente ser colocado em pauta de debates, seja na escola, seja em secretárias ou órgãos governamentais ligados a cultura, seja na política, enfim, com infinitas possibilidades de idéias e propostas de diversos setores sociais da nossa sociedade.
            
Texto: Jeancarlo Pontes, presidente da ASAPAM

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